Depois da fama alcançada a cada projeto que lançava, eventualmente, um dos filmes mais esperados do ano de 2010 seria certamente A Origem de Christopher Nolan. Descarregado sobre muitas expectativas, o filme tornou-se rapidamente um dos maiores sucessos de seu ano, e colecionou em pouco tempo, inúmeros elogios por boa parte do público e crítica.
A Origem carrega consigo um tema difícil de ser compreendido e, conseqüentemente, bem aceito pelo público: Os sonhos. Entretanto, Nolan conectou a complexidade de seu roteiro a métodos que pudessem agregar seu público. Pronto! A Origem transformou-se no Blockbuster do ano, arrecadando para si a soma de uma bilheteria milionária, fazendo valer cada centavo investido nesta produção. A cada capítulo montado em sua filmografia, Nolan foca cada vez mais os olhares para seu trabalho, e com este filme não foi diferente, estando este disputando entre 8 prêmios da academia este ano.
O roteiro do filme se costura numa narrativa ágil, que conta a história de Don Cobb (Leonardo DiCaprio), um especialista no trabalho de invadir as mentes de outras pessoas, e através disto, roubar e desvendar os segredos de seus subconscientes. Então ele se torna tornando um fugitivo em meio ao mundo da espionagem. Eis que Cobb recebe uma difícil missão, fazer uma inserção, para que desta forma algumas manchas de seu passado sejam limpas. Parece ser um plano perfeito, é então que o inimigo passa a atrapalhar seus planos e prever seus movimentos.
A intrincada trama criada por Nolan conferem ao filme mais poder que um Blockbuster comum, isso por que suas proporções fílmicas são maiores que a de um mero filme comercial. A Origem possui mais profundidade, mais conteúdo.
Entretanto este tremendo sucesso comercial que conquistou tornou o filme bastante hypado, o que impediu este de mostrar por si só suas qualidades, e para alguns até, tornando-o aquém de altas expectativas. A Origem marcha em sua extensa (e demasiada) duração de 148 minutos, construindo uma análise de Nolan sobre o mundo dos sonhos.
O maior mérito de A Origem não se encontra em suas cenas de ação, nem na subtrama da espionagem conduzida pelo protagonista. Não. O maior feito do filme encontra-se no seu roteiro em si, conferindo ao filme várias análises interpretativas e inúmeras sugestões. Esta é a riqueza de A Origem, torna-se algo diferente do que a maioria hoje está propondo, e mais, ultrapassar sua colocação primária de Blockbuster, e nos apresentar algo bem mais palpável que um mero título de diversão. Entretanto o que torna A Origem ao status de obra-prima ao qual anda sendo intitulado, são seus problemas mais visíveis em sua arquitetura. Além do que, Nolan deveria investir mais na premissa dos sonhos que alçou originalmente filme, para que desde seu momento inicial A Origem mostrasse a que veio.
Outro motivo de grande alarde em torno do filme é, assim como Avatar (2009), tratar-se de um projeto antigo guardado há muito tempo (o que aumentou a porcentagem do hype), e só agora desenvolvido e apresentado, talvez porque, assim como James Cameron, Nolan procurou mostrar seu projeto ao mundo apenas quando os efeitos especiais estivessem melhores e mais aprimorados. De fato, pelo menos com a obra de Nolan, isso resultou para o bem, pois A Origem além de agregar seu público com um admirável roteiro proporciona a este, belas e alucinantes cenas de ação.
Acima de qualquer problema apresentado até então, assistir A Origem torna-se uma experiência híbrida a qualquer espectador, pois Nolan conseguiu com destreza interligar o útil ao agradável, juntando o conteúdo de seu roteiro aos efeitos especiais que preenchem os olhos de seu público. Original, labiríntico, simétrico e bem movimentado. A Origem é uma amostra de que Christopher Nolan caminha apenas para cima em sua carreira, e como este consegue como poucos cineastas atuais, conciliar a inteligência ao entretenimento, e isso por si só, já é digno de aplausos.
Nota: 8.0
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