Quando se fala em “horror”, seu nome é a primeira coisa que se vem à mente... Suas maiores obras foram adaptadas as telonas por mãos quase sempre competentes, estas resultando em marcos da história do cinema em geral. Obviamente, já sabem de quem eu estou falando. Deste autor se podia esperar os mais macabros e famigerados contos de terror, afinal foi a partir deste gênero que seu status se construiu, mas e quando este surpreende ao criar uma história dramática intensa dotada de elementos não muitos corriqueiros em suas obras e mais, sendo (assim como outras) adaptado aos rolos de filme por um diretor até então conhecido pelo mesmo gênero deste escritor...? O que aguardar desta parceria?
A resposta desta pergunta se deu no ano de 1994, quando o cineasta Frank Darabont transferiu o conto de Stephen King das páginas para as telas do cinema, o resultado desta mixagem de talentos e elementos decorreu no estrondoso sucesso de Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption), que através de uma história teoricamente simples, agregou todos os públicos num drama que permanece vivo até hoje na memória destes e da história do cinema. Esta é a saga que Um Sonho de Liberdade trilhou até alcançar o Olimpo das grandes produções cinematográficas e por fim manter-se como um dos filmes mais queridos e reconhecidos destas últimas décadas.
Se hoje o filme figura no hall dos grandes nomes da sétima arte, esse sucesso atribuiu-se uma história sobre amizade e redenção, que conquistou a todos, desde os públicos mais distintos aos críticos mais exigentes. Narra à trajetória de Andy Dufresne (Tim Robbins), um homem que é acusado do assassinato de sua esposa e do amante dela, sendo por isso condenado a prisão perpétua e enviado a cumprir sua pena no presídio Shawshank. No local ele se torna vulnerável por seu jeito introspectivo, tornando-se alvo dos prisioneiros do local. Eis que durante sua estadia no lugar ele acaba por conhecer Red, eles então iniciam uma grande amizade, e Andy passa a utilizar de sua inteligência e perspicácia para sobreviver naquele lugar hostil.
O elenco escalado aqui possui Tim Robbins (Sobre Meninos e Lobos) e Morgan Freeman (Seven - Os Sete Crimes Capitais) como protagonistas da trama, respectivamente vivendo os amigos Andy e Red. Este é um dos grandes acertos do longa, proporcionar um elenco qualificado (ao menos as duas estrelas centrais) para viver esta história. Bem como o elenco, Darabont é o responsável pela condução, onde equilibra bem o teor emocional (em grande parte do tempo, pelo menos) durante a narrativa, e proporciona um drama enxuto de sentimentos emplastificados.
O desenvolvimento de Um Sonho de Liberdade ocorre de maneira ordenada, sem muitos desvios, entretanto o grande problema aqui é do filme em carregar suas quase 2h30min de duração. Poderia um filme sustentar a trajetória de um homem (claro que, com algumas subtramas) durante 142 minutos sem deslizar em qualquer ponto por isso? Sim, teria. Mas Um Sonho de Liberdade não cumpre perfeitamente esta tarefa, pois em certos momentos o filme se arrasta a trama principal (alguns clichês fazem-se presentes durante a projeção), e os eventos demoram muito para ocorrerem de verdade.
Muitos outros tópicos são tratados em Um Sonho de Liberdade, dando lugar a história de outros personagens que convivem numa mesma situação de aprisionamento, cada qual com sua vivência para nos relatar e outros com subtramas que não necessariamente importam, ainda sim, todos caminharam por uma estrada onde findam em um mesmo lugar e, a única coisa que possuem em comum diante de seus trajetos, é a tão almejada redenção. Temos então a mensagem central do filme, que corresponde e entrelaça o destino de todos na prisão e serve não apenas como representação de uma cadeia, mas sim de tudo aquilo que nos prende e enjaula nosso direito de liberdade.
Isso foi o suficiente para justificar a fama e o reconhecimento mundial desta produção. Um Sonho de Liberdade foi ainda o prenúncio de uma mesma parceria entre o romance de Stephen King e as câmeras de Frank Darabont, A Espera de um Milagre (A Green Mile) chegou cinco anos depois com uma premissa parecida com a deste, arrecadando muitos elogios da crítica especializada, do público, e assim como o filme de 1994 conseguiu uma indicação ao prêmio mais importante da academia. Seja como for, mesmo esbarrando em algumas falhas durante seu percurso e não sendo totalmente original quanto a sua trama e narrativa, Um Sonho de Liberdade consegue ser inegavelmente um marco, que não perdeu seu brilho e, mantém-se preservado até hoje, como um verdadeiro e grandioso clássico do cinema.
Nota: 7.0
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