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terça-feira, 15 de março de 2011

Frenesi (1972)


Até hoje, a designação “clássico” para certos filmes é totalmente controversa para muitos, pois em certos casos a obra em questão que recebe essa intitulação não possui virtudes que correspondam seu grande reconhecimento. Porém, deve-se ter a ciência de que o título clássico não serve como parâmetro de qualidade, na maioria das vezes dar-se esta nomeação a filmes que marcaram época, ou possuem algo que os tenha destacado na época de seu lançamento, e hoje, são classificados desta maneira por respeito e estima do público. Este é o caso do filme em questão, Frenesi é um suspense conduzido pelas hábeis mãos de Alfred Hitchcock, e por isso, hoje é honrado, principalmente pelo grande reconhecimento que possui o cineasta que o realizou.

A obra a ser comentada pertence a uma pequena categoria encontrada na filmografia de seu diretor, pois Frenesi, assim como algumas outras películas, é um dos filmes menos reconhecidos da carreira de Hitchcock. Provavelmente, a isso se deve ao patamar de qualidade que alguns outros trabalhos do cineasta alcançaram, o que, querendo ou não, diminuiu a popularidade (por assim dizer) de outras em seu currículo. Mas, há um detalhe importante que distingue obras renomadas e não renomadas do diretor: a passagem do tempo. Se hoje, Psicose é o que é, a isso se deve não apenas por suas nítidas qualidades, mas também por sua boa preservação as décadas, e infelizmente, é algo que Frenesi não suportou com tanta vitalidade.

Diferente da maioria dos suspenses do diretor, Frenesi mira seu foco em um psicopata sexual que aterroriza as mulheres de Londres e rapidamente recebe o título de assassino da gravata, em decorrência do modo (estrangulamento) que ele mata suas vítimas. Todas as evidências apontam para um único homem, e este por sua vez, enquanto foge da polícia tenta mostrar, com ajuda de uma amiga, as autoridades a verdadeira identidade do serial killer, para que dessa maneira possa provar sua inocência. Hitchcock desvencilha-se dos famosos assassinos intelectuais (em exemplo o de Disque M Para Matar) que utilizam métodos articulados para realizar seus crimes, para dar lugar a um homicida mais instintivo, que usa o sexo como motivo principal de seus assassinatos.


Certamente, por ser uma obra datada, Frenesi não funcionará com todos os públicos hoje em dia, algumas de suas mais famosas cenas escondem uma fragilidade sem igual ao tempo, e hoje, ao invés de provocarem tensão digna de um bom suspense do diretor, entregam-se ao humor involuntário. Temos como exemplo a famosa cena do estupro, no qual o assassino após abusar de uma mulher a estrangula com uma gravata; nesta cena tudo soou tão artificial e falso que, a única sensação causada por tal momento hoje é, infelizmente, o riso.

Frenesi é o exemplar que, no final de sua carreira, Hitchcock, mesmo mantendo algumas qualidades encontradas em toda a sua filmografia, não estava resistindo ao passar dos anos, e sua imagem estava sendo desgastada com a qualidade que suas produções se encontravam. Prova de que, ele já não suportava o passar dos anos, e mesmo assim, sua paixão pela arte era tão intensa que, o diretor se dispôs a guiar um roteiro escasso de originalidade, o que é uma ironia já que Psicose foi um marco de inovação em sua época, e perceptivelmente precário de qualidades maiores que justificassem sua adaptação para o cinema.

A passagem do tempo é realmente dura no meio cinematográfico, e em Frenesi fica claro que o tempo atingia não apenas a obra, mas também seu realizador, que já não conseguia mais preservar-se a este sem que para isso perdesse as qualidades encontradas em projetos de outrora. Mas Frenesi possui sim seus atributos (trilha sonora e alguns momentos onde lampejam a criatividade, como seu abrupto desfecho), assim como era esperado de um trabalho, mesmo que bem menor, de um grandioso cineasta.

Nota: 5.0


Um comentário:

  1. Praticamente toda a carreira de Hitchcock é fantástica, mesmo este sendo um filme menor, sem tanta badalação da crítica, é um ótimo suspense.

    Como em grande parte de sua obra, Hitchcock brinca aqui com a figura do inocente que se torna suspeito e precisar provar que todos estão errados.

    Abraço

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