A Lista de Schindler (1993)

O holocausto, definitivamente, foi um dos capítulos mais negros e sangrentos de toda a história, e mesmo que hoje tenha ficado no passado, são inevitáveis as seqüelas que este ainda permanece no mundo. Hoje, décadas depois dos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, produções cinematográficas pretendem representar, através de imagens, o quão horrendo foi este período, para que desta forma, possa alertar e prevenir o mundo contra uma terceira. Com A Lista de Schindler, a década de 90, fez valer seu manifesto definitivo contra os horrores provocados naquela época, tornando-se, eventualmente, um dos filmes mais importantes de toda a história, por apresentar a uma nova geração, um episódio que culminou em uma mancha de sangue ainda visível atualmente, mas também por ao final de tudo apresentar um resquício luminoso de esperança para todo o mundo.

Afirmando ao mundo sua capacidade já visível para as tramas mais densas, o cineasta Steven Spielberg concretiza por definitivo seu lugar no meio cinematográfico com uma das produções mais consistentes e necessárias já criadas. A Lista de Schindler além de ser um visível exemplar da natureza humana, consegue transmitir ao mundo uma reflexão que, mesmo sendo esta ilustrada através de um acontecimento antigo, impacta a todos os seres humanos viventes hoje. Spielberg utiliza de uma estética representativa e uma extensa duração para narra a história de um homem, um único homem que através de uma benéfica atitude, mudou os cursos de toda a história.

Através de uma paisagem monocromática, Spielberg narra à verídica história do alemão Oskar Schindler, que através de seus baixos escrúpulos resolveu investir na mão-de-obra judia, que seria mais lucrativa aos seus negócios, já que por conta do período do holocausto, era um trabalho extremamente barato. Sua fábrica se movia com a ajuda daqueles judeus oprimidos pelo que estavam vivendo, e o que parecia uma atitude mesquinha por parte de Schindler, tornou-se um ato de amor e bondade a todo o mundo, quando o mesmo abdica de todo o dinheiro ganho com a produção de seu negócio para, com isso, ajudar a salvar a vida de mais de mil judeus, abrindo um embate contra o extermínio alemão.

Foi necessária uma carga emocional intensa para fazer de A Lista de Schindler um retrato de pavor a ser mostrado para mais e mais gerações, como a importância, tanto de um alerta global à possíveis atentados futuros , quanto de uma reflexão sobre como a bondade de um gesto pode refletir em todas as posteriores etapas de tempo, como vemos que hoje (como é mostrado no desfecho do longa), os judeus beneficiados com a ação de Schindler, mantém-se vivos, e principalmente gratos a oportunidade a eles cedida. Somente as lentes da câmera de Spielberg seriam capazes de captar a essência que o filme reflete, e mesmo que o excesso de sentimentalismo eclipse um pouco o realismo da trama, o cineasta o guia de forma humana e puramente representativa.

A estética de A Lista de Schindler confere a nós, ao vermos o filme, uma dimensão obscura dos eventos que transparecem em tela, tanto que, a fotografia monocromática e as imagens frias refletem a atmosfera sombria e gélida que este período carregou; de fato, a experiência visual que o filme conferiu a seu público é, até hoje, algo ainda deveras impactante. A sensibilidade do diretor engrenou a obra a repassar seus sentimentos ao público, agregando a sua trama passagens dramáticas que adicionam apenas ao seu ângulo emocional, e não necessariamente, a sua relevância histórica em si.

É nítido que Spielberg utiliza de recursos sentimentais para contornar sua história de forma ainda mais triste, enviando o espectador a uma página sobre a monstruosidade daquele período, e aderindo a isso artifícios em sua narrativa, onde fica clara sua intenção de emocionar, melodramaticamente, seu público. Da mesma maneira que o cineasta preza o lado mais emocional de sua história, ele ressalta também sua técnica em si; nitidamente, A Lista de Schindler possui uma plástica invejável, que destaca a climatização fiel que a trama visa - e consegue - obter. Isso foi o necessário para o filme ser vencedor de 7 Oscar pela academia, em 1994.

Mesmo com todos os excessos que o diretor produziu a sua obra, nada apaga a importância global que A Lista de Schindler representa, de todas as formas benéficas possíveis, e por si só, a essência do filme ultrapassa a lente das câmeras, e as telas em que for transmitido, em uma reflexão da importância do bem em prol do próximo, em como isso, de alguma maneira, irá afetar positivamente no destino de todos nós, seres humanos, e por fim a honesta mensagem do filme se instala num lugar onde com certeza permanecerá intacta e imortal, em nossa alma.

Nota: 8.0