O Segredo de Brokeback Moutain é um conto de amor que mantém vívida a verdadeira e única essência deste sentimento, seu incondicionalismo - seja a cor dos indivíduos, a religião, a cultura e até mesmo, sua opção sexual. Aqui, a pureza do sentimento é retratada de forma ímpar pelo romance singelo entre os cowboys Jack Twist e Ennis Del Mar, que passam a nutrir e a compreender cada vez mais este sentimento que os une, de maneira sensível, delicada e tocante. E, mesmo com todo o círculo de preconceito e ignorância formado pela sociedade em que habitam, os dois passam a fazer da montanha Brokeback, um refúgio secreto do mundo, onde podem expressar todo o sentimento que possuem um pelo outro.
Construído através de um roteiro que preza a profundidade e o sentimento de cada um de seus personagens, O Segredo de Brokeback Moutain bloqueia os artifícios de mensagens morais, e só centraliza-se em uma única meta durante toda a sua projeção: Apresentar ao mundo sua honesta e forte história de amor, não se importando com os sentimentos arcaicos que ainda cercam a sociedade. Absolutamente. Só mostrando a todo o público um verdadeiro e comovente drama romântico que transparece em toda sua estrutura uma louvável e verossímil reflexão sobre o amor. E entre muitas virtudes, a obra em questão mostra ao espectador que, mesmo que aquele relacionamento seja pouco aceito, o sentimento e a humanidade não diminuem um milímetro por conta deste empecilho.
Através de uma narrativa leve, quase poética, o filme aborda a história de Jack Twist (Jake Gyllenhaal) e Ennis Del Mar (Heath Ledger) que no verão de 1963 vão trabalhar cuidando do pastoril de ovelhas na montanha Brokeback, neste lugar eles passam a viver um intenso momento de amor. Jack, por ser mais entendido do que realmente gosta, acredita naquela paixão, Ennis, por sua vez, não compreende os sentimentos que estão tomando lugar em seu coração, e todo começa a ficar ainda mais confuso em sua mente, quando ele esta comprometido a se casar. Eis que eles se despedem, acreditando ser aquele um afastamento definitivo em suas vidas. É quando, passado alguns anos, ambas estão bem casados com suas respectivas esposas, é então que Jack envia um cartão postal para Ennis como prova de que aquele sentimento continua vivo dentre deles, e para mantê-lo dessa maneira eles passam a encontrar-se secretamente no mesmo local que um dia testemunhou seu amor.
Um dos grandes pontos do filme é, justamente, a construção dos personagens, em que através de um belo roteiro e atuações impecáveis, os componentes da trama podem conferir a esta uma profundidade e complexidade reconhecível. Primeiramente, os protagonistas; enquanto Jack Twist é convicto de sua sexualidade desde os primeiros atos do filme, mostrando-se mais compreensivo aqueles sentimentos novos que o preenchem, e tornando-se mais expressivo aquilo que sente, por saber que se trata de algo real, sincero. Ennis adota uma postura rígida durante toda a trama, vindo, pouquíssimas vezes, a expressar verdadeiramente o que sente e, ao decorrer da narrativa, o personagem passa por um rigoroso processo de autocompreensão, onde sempre pondera seu lado emocional e expõe, na maioria dos casos, a razão.
Os personagens secundários, respectivamente as esposas, possuem um ângulo particular sobre a situação que vivem dentro de suas casas, sendo Lureen (Anne Hathaway), a mulher de Jack, mais independente do marido, vindo a comandar os negócios da família, e manter a estrutura do lar; enquanto Alma (Michelle Williams), mulher de Ennis, é totalmente tomada pela figura da mulher passiva e eclipsada pela presença do homem na sociedade, ela vive reclusa em sua dor com o seu casamento infeliz com Ennis, e a sua visível tristeza com a vida que leva. Todos, num espetáculo de interpretações que rende a equação de méritos de O Segredo de Brokeback Mountain adições a mais.
As inúmeras virtudes constroem desta uma belíssima obra sobre o amor, analisado sobre um relacionamento homossexual, mas não menos verdadeiro e humano que qualquer outro no mundo. O Segredo de Brokeback Mountain modela sua força não apenas por todas as qualidades até aqui citadas, mas também por preservar sua mensagem ao longo dos anos, onde sobreviverá pela força e coragem com que retratou este sentimento, pois independente de qualquer intolerância imposta pela sociedade, o amor é, e sempre será um só, único e universal.
Nota: 8.0
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