Michael Douglas, há tempos, vinha mostrando pouca ambiciosidade em sua carreira de ator, investindo em projetos cuja qualidade não faziam jus à grandeza que seu nome alcançou na década de 80 e 90. De comédias bobas como Dois é Bom, Três é Demais e Minhas Adoráveis Ex-namoradas até policiais genéricos como Sentinela, Douglas via seu nome começar a afundar no esquecimento, até que decidiu protagonizar este O Solteirão (vale ressaltar, a tradução do titulo original, Solitary Man, é absurdamente estúpida), que apesar de não ser nenhuma obra marcante, promete trazer novamente a imagem de Douglas aos holofotes de Hollywood.
A abordagem não é nada original: Ben Kalmen é um mulherengo de meia-idade, que após receber a noticia de que possui uma doença que pode levar à sua morte, decide aproveitar intensamente a vida, que acaba por levá-lo à solidão, afastando-o tanto de sua familia quanto de seus amigos, impedindo-o até mesmo de manter um relacionamento estável. O filme acompanha a busca de rendição do personagem, que após 6 anos de uma conviência vazia consigo mesmo, percebe que não era aquilo que queria para si.
Com uma interessante e elegante caracterização do protagonista, Douglas é obrigado a conduzir o filme todo, e o faz isso muito bem, exibindo uma boa dose de simpatia, mas também exibindo uma boa desenvoltura dramática quando necessário. Ainda que o personagem, em certos momentos, exite em demonstrar, é possivel enxergar por baixo de toda a sua camuflagem, a figura de um homem arrependido dos rumos que deu à sua vida, e que deseja recuperar o máximo possivel dela, ainda que por vezes, escorregue em duas decisões.
O estudo sobre o protagonista, aliás, é interessantissimo. O diretor Brian Koppelman (também responsável pelo roteiro), confere ao filme um olhar amargo, contido como seu protagonista. A abordagem realista e crua faz de O Solteirão um drama cativante, por vezes irregular no ritmo (o humor ácido não funciona tão bem), mas que ao final, emociona e leva o espectador à reflexão.
O grande problema é que o filme, em determinados pontos, soa moralista e raso demais. Não me refiro ao estudo do personagem, mas sim acerca de sua relação com os outros personagens do filme, que apesar de contar com nomes talentosos, surge pouco aproveitado. A relação do protagonista com o personagem de Danny DeVito não convence, assim como a aproximação de Kalmen com o personagem de Jesse Eisenberg, que soa um tanto artificial, sem encontrar nenhuma justificativa para a proximidade entre os dois. Somente Susan Sarandon consegue um destaque maior, e protagoniza, junto com Douglas, o momento mais emocionante do longa, que se passa no banco onde Bem conheceu sua primeira espoaa.
Mesmo com seus problemas, O Solteirão (aff, que titulo...) agrada pela abordagem sincera do tema, que apesar de soar simplista hoje em dia, recebe aqui um tratamento delicado e de bom gosto.
E espero, honestamente, que Michael Douglas consiga reerguer-se do esquecimento, e trazer de volta a importância que seu nome, um dia, já teve.
Nota: 6.0
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