Abaixo o Amor (2003)

Elegante. Assim pode ser definido Abaixo o Amor, comédia romântica estrelada por Renée Zellweger e Ewan McGregor, e que homenageia as comédias sessentistas por meio de muito estilo, charme e, principalmente, diversão.

Abaixo o Amor é, antes de uma homenagem, um exercício técnico. O diretor Peyton Reed (de Teenagers – As Apimentadas) usa e abusa do colorido maneiristico do filme. São cenários luxuosos, figurinos chiquérrimos, iluminação alegre, enfim, tudo converge para tornar o filme um deleite para os olhos. Tudo é tão milimetricamente bem feito que nos sentimos retornando à década de 60, revivendo aquele tempo em que reinava o jazz e o soul.

Barbara Novak é uma bibliotecária e escritora feminista que, em plenos machistas anos 60, escreve um best-seller chamado "Abaixo o Amor", no qual aconselha mulheres desiludidas com a vida amorosa a manterem apenas relacionamentos casuais, focando mais a conquista do sucesso profissional e sua própria independência. O sucesso do livro faz com que Catcher Block, um repórter mulherengo e sedutor decida se envolver com ela apenas para escrever um artigo e mostrar ao mundo que ela é uma fraude.

Exageros à parte, deve-se dar destaque ao elenco, todos com uma química muito bem sintonizada entre si. Vindos de dois músicas de sucesso, Renée Zellweger (Chicago) e Ewan McGregor (Moulin Rouge – Amor em Vermelho) encarnam com eficiência o casal Barbara Novak e Catcher Block. McGregor, especialmente, aparenta estar se divertindo na pele de Block, e aparenta já ser um dançarino profissional, cantando e dançando de forma muito mais animada que em Moulin Rouge. Mais tarde, a dupla viria a repetir a química no agradável Miss Potter. Em contraponto, David Hyde Pierce e Sarah Poulson funcionam como uma agradável dupla cômica, e protagonizam os momentos mais engraçados da projeção.

Enquanto que a narrativa segue um estilo clássico (é só reparar em alguns detalhes, como as transições de uma cena para outra), o diretor Peyton Reed realiza um trabalho correto, meio redondo, mas aceitável dentro do que o filme apresenta. Seu ponto máximo ocorre durante a cena em que o casal conversa por telefone, onde por meio dos movimentos de uma divisão de tela, simula um ato sexual. É o momento mais inspirado e divertido do filme.

Ainda que por vezes soe um tanto frio (os personagens não possuem nenhum grande desenvolvimento), Abaixo o Amor é uma diversão repleta de charme e estilo, e mesmo que o diretor se preocupe mais com seu exercício técnico, é impossível não deslumbrar com toda a perfeição técnica e a química entre Zellweger e McGregor, que fazem o filme funcionar muito bem.