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terça-feira, 5 de abril de 2011

Bastardos Inglórios (2009)



Atualmente, algo admirável de se presenciar no cinema é o compromisso e o amor de alguns cineastas por esta arte; hoje, mesmo que o círculo cinematográfico tenha sucumbido, parcialmente, aos recursos comerciais, há algumas personalidades deste meio que ainda fazem valer a essência desta arte em suas obras, e mesmo que essa rotação comercial seja algo inevitável para os componentes do cinema hoje em dia, é possível notar que estes profissionais fazem o que fazem não apenas pelo retorno financeiro, mas pelo amor ao seu trabalho e a arte que está representando, e apenas isso já se torna algo de extrema valia.

Quentin Tarantino faz parte desta categoria de profissionais que realmente amam o cinema, e expõe este sentimento em tudo o que fazem, pois, antes de ser um renomado cineasta, o diretor já foi um ávido cinéfilo, que como muitos, encontrava numa locadora uma passagem para uma dimensão inédita, e com cada filme visto, ela era inovada. Com a chega de cada filme que realizava, Tarantino imprimia a este seu aspecto autoral de realizar suas películas, e a partir do momento que foi notando seu amadurecimento nesta área, o ego do diretor foi alcançando patamares igualmente crescentes, deixando-o extravasar em algumas ocasiões, e o que antes era apresso pelo que fazia, acabou tornando-se, aos olhos do público, arrogância.

Bastardos Inglórios é o ápice que Tarantino encontrou em sua carreira, esta afirmação pode ser interpretada de acordo com o ponto de vista de cada um, isso porque para uns, foi o pico de seu talento apresentado ao mundo (este feito que lhe rendeu sua 2ª indicação ao prêmio da Academia), e já para outros, foi onde seu egocentrismo tocou enormes proporções, o que, infelizmente, acabou por reduzir as virtudes do filme, pois com as declarações pretensiosas do diretor, as expectativas foram mais elevadas do que deveriam ter sido - Já que esta não é uma obra perfeita.


O filme abrange uma ótica original sobre os eventos ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial, onde durante os primeiros anos da ocupação alemã na França, uma jovem torna-se a única sobrevivente do massacre ocorrido com sua família pelas mãos dos nazistas, numa investida comandada pelo Coronel Hans Landa. A garota consegue mudar-se para a capital francesa, e lá tornar-se proprietária de um cinema, mudando dessa forma seu nome e identificação. Em outra parte da Europa, o Tenente Aldo Raini prepara um grupo de soldados judeus para dar início a um massacre infindável contra os nazistas. Eles são então intitulados de “Os Bastardos”, e então após a união com uma atriz, este grupo passa a arquitetar um ataque contra os líderes do Terceiro Reich. Enquanto, no mesmo momento, a jovem fugitiva prepara sua esperada vingança contra os mesmos líderes nazistas.

De fato, Tarantino utiliza a seu favor sua liberdade de criação, que dá vez a uma obra incrivelmente dinâmica (tendo em vista o tema com o qual está lidando), com uma agilidade energética que impede-a de tornar-se fadigante, e ainda por cima, é, claramente, algo que agrada os públicos (do mais ao menos exigente) e igualmente a crítica especializada. Porém, diferente do que seu realizador supôs com seus comentários de auto-importância, Bastardos Inglórios possui sim defeitos, que deixam-no subjacente ao status a qual foi submetido. Primeiramente, o primor técnico impresso na obra, desvencilha-a do fator “x” a qual ela deveria se focar: sua trama. Sim. Embora possua uma idéia bastante original - e isso é fato -a ser trabalhada, Tarantino não aprofunda o conteúdo sua obra, que torna-se nitidamente unidimensional, bem como o trabalho de personagens, onde poucos (Shosanna é uma exceção) possuem algo mais do que seus rostos em tela; isso mesmo, o filme é lotado de personagens, mas quase nenhum desempenha qualquer maior destaque na produção, onde acabando sendo meros fantoches de uma história mais planificada do que se poderia crer a principio.

Tarantino, definitivamente, é um cineasta que se prende a seu próprio umbigo na hora de construir um trabalho de sua autoria. Bastardos Inglórios tem seus méritos emergidos sobre seus defeitos, mas isso não significa que estes não existam, eles estão lá, para contradizer as afirmações egocêntricas (“É minha obra prima!”) de seu diretor e para reduzir o status que ele poderia alcançar. Mas apesar de tudo, temos um trabalho grande de um cineasta que conhece suas próprias capacidades; o filme realmente possui uma narrativa frenética e extasiante de se acompanhar, o que o torna um entretenimento de altíssima qualidade para os amantes do bom cinema. Por fim, a principal coisa que faltou em Bastardos Inglórios, foi o mesmo que faltou em seu criador, pois é necessário humildade para reconhecer os equívocos, e procurar enfim ultrapassá-los, não tentando maquiá-los com afirmações totalmente desequilibradas.

Nota: 8.0



7 comentários:

  1. Realmente. Tarantino fez um trabalho excelente, apesar de alguns momentos parecerem um "exercício de ego" quando ele explora excessivamente os diálogos pop. Mas eh um otimo filme.

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  2. Ah, mas o momento mais inesquecível desse filme com certeza é quando Tarantino decide reescrever a história. Genial.

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  3. Acho Bastardos Inglórios um ótimo filme. Vide minha nota na crítica. Mas, não fosse pelo egocentrismo e incessável do diretor durante todo o filme, poderia ter sido bem mais. Mas é, de fato, um entretenimento de altíssima qualidade.

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  4. Para mim, esse filme é nota 10. Direção firme de Tarantino com um elenco muito bem montado. A cena inicial do filme (diálogo do Judeu com o nazista) é com certeza uma das melhores que já vi no cinema.

    João Linno ::

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  5. Realmente, Junior. Em alguns momentos, quase dá pra ouvir Tarantino dizendo: "Vejam como eu escrevo bem. deixa eu esticar essa cena atéeeééé´dizer basta!" Kkkk

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  6. Ahhhh eu adoro esse esses egocentrismos nos filme, quando eu os acho bons, é claro kkkk..

    Vide Cisne Negro em que Aronofsky coloca a frase "Foi Perfeito" no roteiro na cena final. E ainda estica faz os aplausos continuarem até depois de os crédito finais subirem hehehehe.

    Sempre que penso em Bastardos Inglórios fico pensando na genialidade de Tarantino. Filme Originalíssimo que nos faz sair fervendo da sessão assim como em Tropa de Elite 2

    Abraços Júnior!

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  7. No caso de Cisne Negro eu encarei aquele "Foi perfeito" como um egocentrismo, mas ainda mais bem colocado e bem proposto que em Bastardos Inglórios. O filme do Tarantino é realmente divertidíssimo e criativo, mas o "É minha obra prima!" está bastante deslocado, por não se tratar de um espetáculo com no filme do Aronofsky, mas sim de uma guerra.

    Grande abraço, Andinhu! (:

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