De uns tempos pra cá, filmes sobre crises existencialistas tem sido uma constante no meio do cinema nacional. Um dos mais recentes exemplos disso é o belissimo Os Famosos e os Duendes da Morte, de Esmir Filho, que unia o silêncio e a imagem de forma a passar ao espectador a confusão existencial na mente de um adolescente.
Histórias de Amor duram apenas 90 Minutos segue esta mesma cartilha, sendo menos sutil que o longa de Esmir Filho, mas transpirando a mesma beleza e significância poética, que, não dificilmente, envolve o espectador, por gerar situações e apresentar personagens com os quais o público pode se identificar.
O filme segue por esse estudo, onde o protagonista encara inúmeras indeciosões pelo seu caminho, por menores que elas sejam. Seja por não conseguir encontrar um desfecho adequado para sua história, seja por se sentir frustrado pela dedicação (e falta de tempo) da companheira, seja pelas duras críticas de seu pai (“Você é um cara talentosíssimo, de trinta anos, que se comporta como um adolescente. Quando você vai amadurecer?”), o protagonista encara desafios que qualquer um de nós já se deparou: será que, realmente, sou tão inútil quanto pareço? O que devo fazer em relação a minha vida?
E assim, o filme segue com o mesmo tom depressivo de seu protagonista, injetando um certo clima noir, que é ressaltado por alguns outros fatores do filme, como por exemplo, a utilização de cenas de sexo. Aqui, elas aparecem em bom número, mas nunca soando apelativas, pelo contrário, elas ajudam a transmitir não apenas o desespero de Zeca por achar que está sendo traído, mas também sua paixão indesejada por Carol. Muitas dessas cenas possuem grande beleza, não apenas em sua composição, mas também pelos diálogos, que merecem ser ressaltados por sua inteligência.
Contando ainda com as belas atuações de Caio Blat, Luz Cipriota (atriz argentina que aprendeu a lingua portuguesa para atuar no filme) e Maria Ribeiro (gostosa!), Histórias de Amor duram apenas 90 Minutos apresenta grande importância para a geração atual, que no meio de tantas dúvidas, busca encontrar sua verdadeira personalidade. Com um roteiro cuidadoso e uma direção eficiente do estreante Paulo Halm, este foi, sem dúvidas, um dos melhores filmes brasileiros de 2010.
Nota: 7.0
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