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sábado, 16 de abril de 2011

Luzes da Cidade (1931)


* Homenagem do Blog Cine Lupinha a um artista completo da Sétima Arte! 122º Aniversário de Charles Chaplin!

As coisas pequenas são o que mais valem em nossa vida, isso porque, através desses pequenos fragmentos que passam despercebidos em nosso dia a dia que são compostas as nossas existências. O simples fato de enxergar já é bem vindo como uma benção, e na correria de nosso cotidiano não aprendemos a dar o devido valor e significado aquilo que realmente importa. Chaplin era um artista que sabia observar o ângulo humano de cada situação que não damos a atenção necessária durante nossa vida; ele era um cineasta que sabia tratar com maestria o brilho particular de cada uma destas pequenas coisas, revelando a importância delas para o mundo.

Em Luzes da Cidade, Chaplin utiliza a pureza do amor para contar uma estória inocente sobre o real valor das coisas simples. O cineasta ilustra, na correria do cenário urbano, uma trama singela, mas ao mesmo tempo completa em todos os sentidos. O diretor foca sua atenção não nas idas e vindas das pessoas nas grandes cidades, mas sim na beleza encontrada na simplicidade das situações, onde usando as trajetórias de um simpático vagabundo e uma florista cega, ele brinda a todo o seu público com a humildade e a grandeza dignas de uma verdadeira e inestimável obra de arte cinematográfica.

O filme conta a estória de uma jovem florista que não consegue enxergar, e passa os dias pela cidade vendendo flores para ajudar sua velha avó. O Vagabundo (personagem mais famoso e carismático de Chaplin) se apaixona pela moça, e ela, por ocorrência de um engano, acaba por achar que ele é um milionário, quando na verdade, o homem rico o que o Vagabundo havia salvo de uma tentativa de suicídio, e acabou tornando-se seu amigo. Então para manter essa fina imagem diante da jovem, o Vagabundo aproxima-se ainda mais de seu amigo rico e da moça, ajudando ambos da mesma maneira, ele com amizade e companheirismo, e ela com atenção e muito carinho. Tudo com numa dosagem exata de drama, romance e muita, mas muita diversão.

Observa-se que Chaplin utiliza a vida como elemento principal para propagar sua mensagem; de um lado, um homem rico e infeliz com sua vida solitária, que decide por um desfecho nela, se matando; de outro, uma batalhadora florista cega, que tudo que deseja em sua vida é a simples ação de poder enxergar; o cineasta conduz em sua obra um contraste entre o sentido da vida para as pessoas, mostrando que enquanto algumas não agradecem por tê-la, querendo desperdiçá-la, outras, em contrapartida, buscam apenas pequenas coisas para tocá-la adiante; e nesta belíssima mensagem encontra-se o brilho de Luzes da Cidade, pois mesmo que contenha uma narrativa simples e uma estória idem, trata-se de um dos filmes mais exemplares e completos a abranger esses simples significados que tornam o prazer de nossa existência algo tão relativo.

Chaplin utiliza em Luzes da Cidade algo não costumeiro em suas produções, o uso da trilhas sonoras, pois mesmo que esta obra não possua diálogos sonoros, ela obtém um fundo musical esplêndido, que, certamente, enaltece o brilho já existente em seu interior. Luzes da Cidade foi o penúltimo filme mudo de Chaplin, que entristecido com a passagem do cinema sem falas para os filmes falados, construiu pequenos grandes manifestos para com essa evolução, então, mais do que apenas mais um filme em sua brilhante filmografia, Luzes da Cidade, junto com Tempos Modernos, representou o Chaplin insatisfeito com essa mudança, que criou filmes que simbolizavam o poder da essência de uma obra sem precisar pronunciar sequer uma fala para isso.

Luzes da Cidade é considerada por muitos, a “magnum opus” de Charles Chaplin. E de fato, o que vemos aqui é o cinema do diretor em seu molde mais perfeito, sincero e sentimental, pois ele extraiu todos os sentimentos que afloravam dentro de sua personalidade criativa em prol da singularidade de sua obra; um filme dotado de uma mensagem íntima, mas ao mesmo tempo universal, que se encaixa com otimismo e autenticidade no coração de cada um de nós. O perfeito e emocionante desfecho da trama é o significado de cada palavra aqui dita, pois a reflexão que Chaplin repassou ao final de Luzes da Cidade se mistura, de forma única, as lindas lembranças que este filme certamente nos trará.

Nota: 10.0

Palmas para um gênio!

4 comentários:

  1. Realmente, uma obra de arte linda! Ainda que prefira "Tempos modernos", todos os filmes do Chaplin tem uma magia inexplicável!

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  2. A cena final pra mim eh demais. Sempre me emociona. Meu favorito eh "O Gsroto".

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  3. meu preferido é Tempos Modernos, mas esse é tão obra=prima quanto. Lindo. foi meu primeiro chaplin e tive minha primeira crise de risos na cena da luta de boxe hehe.

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  4. Poxa,
    Só 9,5?
    Obras primas assim estão acima das notas convencionais.

    Acabei postando também esse filme no meu blog.

    Mas ótimo texto.
    Parabéns.

    Abraços.

    http://resenhafilme.blogspot.com

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