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terça-feira, 12 de abril de 2011

Vem Dançar (2006)


O cinema sempre foi uma arte exigente. Se você tem uma boa história nas mãos, é preciso talento para contá-la. Alguns conseguem provar que possuem talento logo em sua primeira investida. Outros se vêem diante da necessidade de continuar errando e aprendendo. Estes fatos, separados por uma linha bastante tênue, se encontram neste Vem Dançar, escrito pela roteirista televisiva Diane Houston e a diretora Liz Friedlander. Cujo curriculo é composto por trabalhos em videoclipes.

É notável, então, a responsabilidade que esta dupla de mulheres tinha em conhecer e se adaptar aos moldes do cinema (afinal, videoclipes e trabalhos televisivos possuem, geralmente, uma fórmula pronta, não que isto difira muito do cinema), já que a história de Vem Dançar possuia grande potencial, e para ser um bom filme, deveria ser bem realizado, uma tarefa dificil para pessoas tão distantes do modo de se fazer cinema.

E apesar de não ter sido tudo o que poderia ser, Vem Dançar consegue ser uma grata surpresa do gênero musical. Claro, está muito longe de ser um Moulin Rouge ou Chicago, mas é um filme cheio de energia, que mostra o visivel esforço dos envolvidos em entregar algo de qualidade.

Pierre Dulaine é um professor de status, procurado tanto em sua escola de dança de salão como também conhecido por ajeitar pessoas que não possuem ritmo nenhum. Uma noite, retornando de uma festa onde seus alunos haviam se apresentado, ele se depara com um jovem, depredando o carro da diretora da escola ao qual o garoto estuda. Determinado a mudar esse comportamento através da dança, Dulaine vai até a escola para dar aulas de dança de salão. É aí que ele conhece “os rejeitados” alunos problemáticos que irão passar o resto do semestre na detenção da escola. Pierre agora tem a missão de ensinar dança de salão para jovens que vivem uma realidade totalmente diferente, nos bairros pobres de Chicago.


Primeiramente, devem ser apontados os erros e acertos da roteirista Diane Houston. Um dos seus principais pecados está no uso excessivo de clichês do roteiro. E isso é muito visivel nos personagens, a maioria deles (se não, todos) é completamente estereotipado, simples caricaturas, que não passam de moldes do roteiro para criar alguma sensibilidade no espectador. E isto também acabou gerando outro grave defeito, que é o excesso de personagens, o que acabou impedindo que a maioria deles fosse aprofundado de forma correta. Mas a roteirista conseguiu fazer o essencial: encontrar a potencialidade da história. Mesmo que o desenvolvimento de alguns personagens seja superficial, é impossivel não nos identificarmos com alguma das dificuldades das figuras que estão na tela, seja por viver na pobreza, ou por estar a mercê da constante violência, ou o mais óbvio, ser vitima do preconceito. Todos nós, como seres humanos que somos, já passamos por algumas destas situações, e Houston consegue mostrar isso com eficiência, lapidando muito bem os dramas dos personagens (de alguns, pelo menos).

Já a diretora Liz Friedlander sei sai um pouco melhor. É fácil perceber a mão amadora da diretora em muitos momentos, já que o filme, em determinados momentos, abusa irritantemente do melodrama (o discurso de Dulaine para os pais dos alunos é absolutamente vergonhoso). Mas sendo um musical (apesar de não ter ninguém cantando o tempo todo), a diretora cumpre muito bem o dever, e isso pode ser atestado nas excelentes cenas de dança. Todas elas, sem nenhuma exceção, são excepcionalmente bem coreografadas e capturadas pela câmera da diretora, que injeta vitalidade em muitos momentos (todo o ato final, particularmente, é emocionante).

E apesar da costumeira canastrice de Antonio Banderas (que parece ter sido chamado apenas para trazer um nome de peso ao elenco), o filme ainda conta com o carisma dos outros personagens coadjuvantes, que interpretam os alunos de Dulaine. Claro, nenhum deles possui algum tipo de talento verdadeiro, mas conseguem despertar simpatia suficiente para ganhar o espectador, sem contar que todos eles dão um show nas cenas de dança (nisso sim, eles demonstram talento).

Contando ainda com uma trilha sonora bastante atraente (ao menos, para o estilo do filme ), Vem Dançar, apesar de estar longe de ser um grande filme, se revela um programa surpreendetemente agradável, que direfente de muitos frios por ai, prova que tem coração e que houve esforço por trás de toda a sua realização. Apesar dos problemas, é recomendável.

Nota: 6.0

Um comentário:

  1. Realmente, eh um filme que podia ter rendido mais. Algo que gosto nele eh a edição, que tem umas passagens bem criativas. Se naum me engano, a diretora desse filme eh uma ex-editora, o que explica o cuidado q ela teve nessa parte. Ah, e parabéns pela critica, Rafa, ta bem clara e objetiva.

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