Vencer num mundo de homens é o maior desafio para qualquer mulher, principalmente para aquelas que viviam na década de 1950. Em O Sorriso de Mona Lisa conseguimos enxergar o encanto da beleza feminina, onde se mistura força e graça. Apesar de todas as críticas negativas que recebeu, esse filme pode ser bom quando olhado do ponto de vista correto.
A primeira maneira de evitar se aborrecer com a história é evitando compará-la com "Sociedade dos Poetas Mortos" (Dead Poets Society, 1989), mesmo que isso pareça difícil. Assim, é mais fácil se concentrar na história da professora Katharine Watson (Julia Roberts), que é contratada para lecionar História da Arte num colégio de moças conservador. O jeito avançado de Katharine acaba por causar grandes reações no colégio, agradando a umas e repudiando outras. Mais do que lecionar, essa professora tentará mostrar para suas alunas que elas não foram feitas apenas para servirem como donas de casa, mas que são tão inteligentes quanto qualquer um, podendo seguir um rumo diferente na vida.
Os preconceitos vividos pela protagonista são muito interessantes de se analisar. Afinal, ela cai numa grande armadilha ao encontrar um regime machista dentro de uma escola feminina. Todas as garotas de lá, com exceção da esperta Giselle (Maggie Gyllenhaal), são de total aceitação às normas estabelecidas pela sociedade. Sendo assim, Katharine se vê dividida entre seus ideais e a submissão, já que também passa por uma fase difícil ao ser pedida em casamento pelo seu namorado.
Cada personagem do filme é bem construído, representando diversas opiniões que ainda hoje prevalecem no mundo. A personagem vivida por Kirsten Dunst, Betty, é a clara representação do caráter preconceituoso que muitos levam mesmo com os avanços no mundo. Julia Stiles representa uma moça submissa, mas que se vê influenciada pela atitude de sua professora, questionando-se se poderia levar uma vida diferente daquela que todos já haviam pré-estabelecido. O conjunto dessas personagens gera um grande conflito de gerações e ideais, sem jamais deixar de lado a sensibilidade feminina. Afinal de contas, todas são mulheres que merecem a felicidade, independente das escolhas.
Julia Roberts caiu como uma luva no papel, já que também é uma mulher que venceu num mundo masculino. Ela já havia ganhado o Oscar e recebia o maior salário de uma atriz em Hollywood na época, e isso era mais do que muitos atores famosos já haviam alcançado. Ela quebrou barreiras ao se igualar aos homens no mundo do cinema, sendo uma atriz tão importante quanto qualquer outro ator conceituado. Kirsten Dunst e Julia Stiles não tinham todo esse poder, assim como no filme não passavam de estudantes, mas tinham grande potencial de crescer em Hollywood. De modo que todas as atrizes desse filme escondem muito de si por trás de seus papéis.
Infelizmente o filme apresentou alguns defeitos sérios. O romance vivido pela protagonista é fraco e não agrada, assim como a comédia que a trama tenta apresentar é nula. Também faltou mais atenção em determinados temas que a história levanta. A atuação fraca de Dominic West também prejudicou o desenrolar de muitos conflitos da personagem principal.
O filme todo tem certo paralelismo com as obra de arte ensinadas com amor por Katharine. Mona Lisa, o retrato pintado por Leonardo da Vinci está em alta ao abordar a felicidade feminina. Seria o sorriso dela verdadeiro? Mona Lisa era feliz? Ou ela era apenas uma mulher fingindo para agradar os outros? A comparação das vidas das personagens com o enigmático sorriso de Mona Lisa é ponto alto do filme, num ápice de sensibilidade.
Aqueles que compararam ao clássico Sociedade dos Poetas Mortos, com certeza detestarão O Sorriso de Mona Lisa. Afinal, o filme é bom, mas não se iguala à obra de Peter Weir, até porque Mike Newell não é um diretor tão talentoso. Mas quando o filme é analisado pelo ponto de vista correto, pode se tornar agradável e até mesmo tocante. Não é um clássico inesquecível, mas vale a pena assistir.
Nota: 8.0
vo usar essempost pra fazer minha radaçoa de artes!!rsrsr
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