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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas (2011)

Johnny Depp e Penélope Cruz: uma química improvável, mas convincente.


Não sei o que se passa às vezes na cabeça dos críticos norte-americanos. Quando estreou em terras ianques, esta novíssima seqüência da mundialmente conhecida série “Piratas do Caribe” recebeu a pior recepção possível. Tudo era criticado: os efeitos eram pobres, a trilha sonora era ruim, o roteiro era horrível, o humor era inexistente... enfim, nada escapou da sanha negativista dos profissionais de cinema no país. Muito barulho por nada: este quarto “Piratas do Caribe”, apesar da ausência de seu consagrado diretor Gore Verbinski, é tudo aquilo que os fãs esperavam e muito mais. Divertido, empolgante e engraçado, “Navegando em Águas Misteriosas” é um filme de ação acima da média e talvez o melhor filme da série até agora.

Navegando em Águas Misteriosas” nunca foi uma continuação necessária. Aproveitando-se do pequeno gancho deixado em “No Fim do Mundo”, os espertos produtores de Hollywood usam a lenda da Fonte da Juventude para prolongar a vida da série (que ironia) e, conseqüentemente, os seus generosos lucros. Mas este filme está longe de ser uma continuação dispensável: a presença sempre cativante de Johnny Depp, aliada à introdução de novos e interessantes personagens, já contam como um bom ponto. O roteiro mantém a irreverência, marca registrada da série, e as cenas de ação empolgam. Enfim, é uma seqüência bem-vinda. A história é bem simples: o louco capitão Jack Sparrow está agora em busca da Fonte da Juventude, mas tem de enfrentar uma verdadeira corrida já que muitos outros também estão á caça da Fonte: as coroas inglesa e espanhola, seu velho amigo-rival Barbossa e o mais novo vilão da série, o temido Barba Negra.

A cena de fuga do palácio do rei George é memorável!

Esse é basicamente o filme: uma corrida insana onde a Fonte é o prêmio máximo. Mas quem conhece “Piratas do Caribe” sabe que o pretexto simples é só um pano de fundo para muitas reviravoltas amalucadas, perseguições épicas e tiroteios intensos. Nada muda aqui: as maluquices da série seguem firmes e hilárias. Embora as cenas de ação não sejam tão intensas (nem tão doidas) quanto as de “O Baú da Morte”, elas ainda são convincentes a ponto de prender a respiração. As peripécias de Sparrow continuam em alta: suas fugas impossíveis são, como sempre, o ponto alto do filme, e uma delas (envolvendo uma corda e coqueiros) chegou a arrancar aplausos do público.

Muitos acreditavam que a série perderia o rumo com a saída de Gore Verbinski, seu diretor original. Verbinski, que preferiu se dedicar ao filme “Rango” (cuja análise se encontra aqui), era o motor das maiores loucuras já feitas na série, desde a idealização dos trejeitos de Jack Sparrow até as reviravoltas incompreensíveis do roteiro. Era um diretor excêntrico, mas de uma excentricidade que todos gostávamos. Verbinski não está mais na franquia, mas seu sucessor, o relativamente novato Rob Marshall, parece ter dado conta do recado. Aliado a um roteiro, escrito por Ted Elliott e Terry Rossio, que mantém fielmente o estilo da saga, Marshall parece apenas uma cópia mais comedida de Verbinski. As doideiras da série continuam, só que bem menos intensas do que em “O Baú da Morte” e muito mais coerentes do que em “No Fim do Mundo”, o que é um alívio para espectadores mais tradicionais.

Depp e Rush: dois atores e um páreo duro para saber quem é o melhor.

O humor continua impagável: Jack Sparrow e companhia arrancam risos constantes da platéia. Isso graças às atuações, que estão todas em altíssimo nível: Johnny Depp, como sempre, dispensa comentários. Fiel ao seu estilo meio sexy / meio amalucado, ele incorpora o capitão Sparrow sem nenhuma mudança (como se fosse necessária) ou novidade: afinal, em time que está ganhando não se mexe. Orlando Bloom e Keira Knightley estão fora da série, o que é mais uma qualidade do que defeito. Em seus lugares, entram o veterano Ian McShane, como Barba Negra, e a latina de sangue caliente Penélope Cruz, como sua filha Angélica. Barbossa, grandiosamente encenado por Geoffrey Rush (que há pouco tempo se consagrava como o fonoaudiólogo Lionel Logue, de “O Discurso do Rei”), é tão carismático que rivaliza com Sparrow pelo título de personagem principal da série. E ainda há uma agradável adição dos atores novatos Àstrid Bergés-Frisbey e Sam Claflin, que formam um inesperado par romântico para a série. A presença destes dois, apesar de totalmente dispensável para a história, é simpática e seu romance é convincente. Claflin, ao interpretar um missionário cristão, funciona também de suporte para uma série de brincadeiras sobre religião, o que pode desagradar a algumas pessoas.

A parte técnica do filme continua esplêndida, mas eu não esperaria menos de uma produção com um orçamento de cento e cinqüenta milhões de dólares. O uso de efeitos especiais é tão competente que tudo parece natural; a iluminação segue o estilo do primeiro “Piratas do Caribe”, valorizando a luz natural e pores-do-sol belíssimos, e a fotografia é magnífica: as cenas aéreas envolvendo as ilhas e o oceano são espetaculares. O ponto negativo fica, infelizmente, com Hans Zimmer, um dos compositores mais respeitados atualmente: Zimmer pouco criou para este filme, que reutiliza extensivamente a trilha sonora dos filmes anteriores. A única parte notável de Zimmer é a música-tema de Barba Negra, e só. A originalidade realmente ficou de fora.

Por fim, o que “Navegando em Águas Misteriosas” tem a acrescentar à série? Na verdade, pouca coisa. Tirando as bem-vindas introduções de novos personagens (e a exclusão de Orlando Bloom e Keira Knightley), este novo “Piratas do Caribe” mantém fielmente o estilo da série e evita maiores modificações. Mas não se deixe iludir pela péssima recepção que o filme teve nos EUA: os críticos de lá devem ter acordado de mal-humor para reprovar uma obra tão divertida. Esta seqüência se mostra um dos melhores filmes da série. Recomendadíssimo para quem deseja uma ação empolgante misturada com o carisma e a comédia de Johnny Depp e sua trupe.

A adição de Penélope Cruz e Ian McShane no elenco da série é mais do que bem-vinda!

NOTA: 7,0

5 comentários:

  1. Eu discordo ligeiramente da tua análise, pois não considero o melhor da série. É sem dúvida melhor que o terceiro, mas o primeiro filme é o meu favorito. Sinceramente achei um quarto capítulo desnecessário, e acho que a série perdeu um bocado o rumo, não obstante este filme proporcionar alguns momentos de entretenimento. Fiz a crítica no meu blogue também.

    Sarah
    http://depoisdocinema.blogspot.com

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  2. É desnecessário sim, mas me surpreendi. Fica maçante às vezes, mas eu consegui simpatizar com a história, gostei dos efeitos e da trilha, e a atuação de Depp continua excelente na pele de Jack Sparrow.
    Abraços.

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  3. É a critica que mais mostrou simpatia pelo filme, até agora. E não me refiro somente a critica dos EUA, como você citou, até mesmo pelas redondezas o longa não vem sendo muito bem recepcionado. Eu não acompanho a franquia. O primeiro não me despertou interesse após assisti-lo e por isso não tomei a diante.

    Abraços!

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  4. Uma das poucas críticas que falam bem desse filme. Pra falar a verdade, não tenho muita afeição pela franquia, mas verei esse quarto talvez breve.

    Flw!

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  5. Achei o filme mais engraçado dos quatro!!!
    Concordo que seja desnecessário, e fica maçante em alguns momentos, mas achei um bom entretenimento!!!

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