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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Um Beijo Roubado (2007)


Um Beijo Roubado é um típico filme autoral de Wong Kar Wai. A primeira investida do diretor em solo americano carrega consigo todas as caracteristicas que tornaram o diretor chinês tão conhecido: um explosivo jogo de cores vibrantes e a extravagante utilização da câmera, e estas opções narrativas já se tornaram uma assinatura inconfudivel do diretor, e que também fizeram o sucesso de filmes como Amor à Flor da Pele e 2046 – Os Segredos do Amor.

Jeremy (Jude Law) administra um pequeno café e restaurante. Muito irritada, Elizabeth (Norah Jones) descobre que seu namorado comeu lá com outra mulher. Zangada com a traição dele, ela rompe o namoro e deixa suas chaves com Jeremy, caso seu ex-namorado as queira de volta. Elizabeth retorna ao café várias vezes e ela e Jeremy começam a se sentir bem atraídos um pelo outro. Mesmo assim ela sai da cidade e então viaja de ônibus para Memphis, Tennessee, onde tem dois empregos, pois quer economizar para comprar um carro. Sem revelar onde vive ou trabalha, ela manda um cartão-postal para Jeremy, que fracassa ao tentar localiza-la. Elizabeth conhece pessoas como o policial Arnie Copeland (David Strathairn), que se tornou alcoólatra pois não aceita o fato de Sue Lynne (Rachel Weisz), sua esposa, tê-lo deixado. Elizabeth testemunha o trágico desdobramento desta separação e, já em Nevada, conhece Leslie (Natalie Portman), que adora jogar pôquer por garantir que sabe "ler" o rosto das pessoas.

Mal recebido pelo mundo afora (foi exibido no Festival de Cannes, mas não abocanhou nenhum prêmio), este merece, apesar de tudo, ser reconhecido como um filme legitimo de Wong Kar Wai. O diretor sempre teve queda por histórias românticas e amores impossiveis, e aqui isso também se faz presente, com uma narrativa forte, determinada, e que por isso mesmo, acaba se desvencilhando um pouco da proposta principal. No meio de um tipico cenário norte-americano, o diretor se deixa levar pelo “american way” de fazer filmes, indo até o talo da cultura norte-americana, apaixonada por road movies que dizem que a estrada é o melhor caminho para curar as dores. É nessas viagens que a protagonista Elizabeth (a cantora Norah Jones, surpreendetemente bem) vai se deparando com figuras distintas, figuras estas que sofrem com as soluções encontradas pelo roteiro de resolver seus conflitos. Excluindo o personagem de Jude Law (o mais ativo dos coadjuvantes), os outros personagens possuem arcos dramáticos interessantes, mas resoluções por demais didáticas e fáceis, quase soando como uma lição de moral: “Nem tudo termina bem”.


Apesar disso, o filme carrega, como já mencionado, a marca de um filme de Wong Kar Wai. O visual natural dos cenários, em conjunto com a iluminação do diretor de fotografia Darius Khondji, se mostram certeiros ao conferir realidade a história, mostrando que não é apenas um mero recurso estilistico. E sabendo disso, Kar Wai invade os cenários com pequenos detalhes, como janelas, copos, garrafas, que permitem que Kar Wai trabalhe com seu jeito próprio de filmar, refletindo o gosto pelo vouyer do diretor, que insiste em colocar o espectador de uma forma que pareça que estamos à espreita, observando aquelas pessoas de longe, cautelosamente. Isso abre portas para que a história nos envolva ainda mais.

A trilha sonora intensifica a atmosfera romântica do longa – e as canções contam com nomes de Cat Power (que até faz uma ponta), Ry Cooder, Otis Redding, Cassandra Wilson, a própria Norah Jones e o maravilhoso Gustavo Santaolalla. As músicas trazem um grau de sensualidade que revela o gosto de Kar Wai pela paixão, pelo sentimento mais profundo que o ser humano pode ter. E se a narrativa um tanto didática atrapalha, Um Beijo Roubado continua como uma experiência bonita, agradável, e sem querer fazer trocadilhos, apaixonante.

Nota: 7.0

Um comentário:

  1. Simplesmente adoro "Um beijo roubado". Pode não ser grande coisa, mas sempre que posso assisto mais uma vez :D

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