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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Carros 2 (2011)

E lá vão Mate e McQueen, vivendo as aventuras mais doidas e sem sentido...
 
O fim do mundo deve estar chegando. Só não vê quem não quer: Faustão emagrecendo; Sílvio Santos falindo; transexual posando para a Playboy; Lázaro Ramos galã; Lula dando palestras a universitários por até dois milhões de dólares e - ó, céus! - mais essa agora: a Pixar fazendo filme ruim! No fundo, no fundo, eu sabia que este dia chegaria: ninguém permanece no topo para sempre. Nem mesmo aquela que considero a maior produtora de animações do Ocidente: depois de filmes impecáveis, um melhor do que o outro; depois de cativar crianças e adultos e juntar quatro Oscars de Melhor Animação seguidos... a Pixar nos apresenta este "Carros 2". Não é somente a animação mais fraca da Pixar; é uma animação que nem vale a pena ser vista.

Quem acessa o site Rotten Tomatoes, maior agregador de críticas cienmatográficas da internet, sem dúvida toma um susto ao conferir a aprovação de "Carros 2", uma seqüência que simplesmente não tinha motivos para existir: 34%! Somente um em cada três críticos aprova o filme (e eu não me encontro neste grupo). A um ano atrás, isso era impensável para uma empresa do porte da Pixar, que finalmente se rendeu ao cinema comercial e imbecil que j´dominava todas as outras empresas de animação em Hollywood (notadamente, a Dreamworks).

Parece que nunca viram prédios antes... tsc, tsc...

"Carros 2" nada mais é do que um filme bem medíocre. Todos os defeitos que antes víamos na maioria das animações em quaisquer outras empresas (e que julgávamos que jamais iriam afetar um filme "pixariano"), aqui estão abundantes e, pior, descarados: a história é uma bagunça; os diálogos são revoltantes; os personagens são insuportáveis; a ação é confusa; as lições de moral - sim, elas estão lá! - são de dar ânsias de vômito! Após a legalzinha cena de abertura, "Carros 2" roda na pista (desculpa o trocadilho, não resisti...) e colide mortalmente contra um muro de - pasme! - mesmice e mediocridade... ó, céus, eu nem acredito que estou dizendo isso sobre um filme da Pixar!

A história... quem se importa com esta história, afinal?! A decisão de transformar Mate, um irritante personagem secundário no filme original, em um espião internacional não passa de uma desculpa para dar início a uma franquia cujo único propósito - diferentemente de "Toy Story" - é lucrar. Esqueça a beleza e a profundidade das histórias de todos os filmes anteriores da Pixar - desde as reflexões sobre o tempo em "Up - Altas Aventuras" até o dilema do abandono e do crescimento em "Toy Story". Este "Carros 2" até tenta disfarçar e dar uma de "filme-cabeça" ao propor temas como "confiança em si mesmo", "o poder da amizade" e blá, blá, blá. A Pixar de outros tempos (ou seja, até há um ano atrás) conseguiria ter usado estes temas clichês e feito uma boa produção. Só que a Pixar que vemos hoje simplesmente joga estes assuntos numa bacia e mistura-os até fazer uma sala mais ou menos coesa de filosofias rasteiras. Quem a empresa achou que iria enganar? As reflexões aqui soam tão falsas que chega dóem os ouvidos: "Quem encontra um amigo, encontra um tesouro"!

A Pixar inventou de criar uma namorada pro Mate! Pois é, a que ponto chegamos...

O roteiro do filme é uma total bagunça. Longe dos planejamentos contínuos e das revisões exaustivas que a empresa costuma(va) executar, o desenvolvimento de "Carros 2" é uma bagunça. Perdão: para dizer que é uma bagunça, primeiro precisava EXISTIR desenvolvimento. Tudo que temos é uma corrida sem sentido por diversos países (desculpa esfarrapada para explorar o máximo de paisagens possíveis), com Mate fazendo suas palhaçadas e McQueen... bom, ninguém sabe o que McQueen faz neste filme. Na verdade, ninguém sabe o que o resto do elenco faz aqui! Os personagens do filme anterior foram simplesmente rasgados, amassados e arremessados em uma cesta de lixo: os produtores do filme dão-se apenas o trabalho de reutilizá-los em umas situações aqui e acolá mas, no geral, eles não existem. Os personagens novos - um monte de espiões internacionais - até que são carismáticos, mas não sobra espaço para eles com tanto destaque que a Pixar dá à sua suposta estrela: Mate, o caminhão-guincho.

Por que os produtores decidiram pegar o personagem mais irritante da história da empresa - e, pior, do seu filme menos aclamado - e fazer um filme só dele? Mate é absolutamente irritante - como o roteiro diz, "idiota", e ele é mesmo! - e sua única função neste filme é gerar um monte de gags forçadas, dispensáveis e sem-graças. Suas tiradas causam vergonha-alheia e as únicas pessoas que podem rir de suas trapalhadas são crianças de seis anos. Os diálogos do filme, aliás, são outra coisa que nos fazem querer desaparecer de tanta vergonha: os roteiristas se esbanjam em frases feitas e clichês ("Eu sei o que precisa ser feito!"), sem mencionar que o ritmo do filme é alucinante: as falas são tão rápidas, as informações são jogadas ao público com tanto descuido, que na metade do filme você se cansa de entender o que está acontecendo.

Os carros de corrida só não são mais rápidos que os diálogos incompreensíveis deste filme.

Pelo menos, tecnicamente falando, o filme está imune a qualquer crítica. Afinal, o que mais se esperava de uma animação de duzentos milhões de dólares? As paisagens são lindas, coisa e tal. A iluminação, a fotografia, tudo está impecável. A trilha sonora é muito boa, valendo-se de bons temas de ação e tendo a assinatura de Michael Giacchino, um dos melhores compositores de Hollywood hoje em dia (para quem duvida de seu talento, basta dar uma conferida na trilha sonora de "Up", pela qual ele ganhou um Oscar). Infelizmente, as músicas não chegam aos pés de suas melhores composições e, tirando a música-tema de Finn McMissile, não há nenhuma outra que valha a pena ser lembrada.

O porquê da Pixar ter se rendido à imbecilização do cinema comercial contemporâneo eu já discuti (ou, pelo menos, tentei compreender) neste artigo (clique aqui). Eu até tinha esperanças de encontrar um filme agradável, mas, infelizmente, meus temores se concretizaram: a Pixar produziu seu primeiro filme dispensável. "Carros 2" é uma sucessão desordenada de eventos e cenas de ação; uma obra tão repleta de clichês e bobagens sentimentalóides que tornam até mesmo a diversão casual impossível aqui. A Pixar pode até ter tentado repentir a linha de ação conseguida em "Os Incríveis", mas comete uma falha épica. "Carros 2" talvez seja até um filme "engolível", mas o fato de ter sido produzido por uma empresa como a Pixar torna a sua mediocridade imperdoável.

A reação do público depois que o filme termina.
NOTA: 5,5

2 comentários:

  1. Eu que já nem tinha gostado do primeiro "Carros", sabia que o segundo ia ser uma bosta também.

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  2. Muito pouco compreensível para as crianças!
    Que decepção!!!

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