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quinta-feira, 9 de junho de 2011

A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005)


Pode chamar essa refilmagem de A Fantástica Fábrica de Chocolate de tudo, menos de infantil. Isso se deve pelo fato de que, os elementos impressos neste projeto passam distante de uma temática direcionada a crianças, Burton utiliza como matéria-prima uma fábula que por si só já carrega uma aura sombria e destila nesta os padrões conhecidos em seu estilo próprio de se fazer cinema. Desde a própria atmosfera obscura ao humor negro, fazem com que o público que melhor assimilará o conteúdo da obra seja os mais maduros, capazes de entender as referências visuais e piadas subtendidas implantadas as tantas durante o desenvolvimento da trama.

Obviamente, a qualidade cinematográfica deste filme ainda encontra-se em controversa por entre os espectadores; uns afirmam ser este filmes uma decepção imensa, que conferia uma queda na carreira de Tim Burton, outros, porém, afirmavam ser este um filme divertido, criativo e visualmente mágico; o caso é que a maioria das divergências opinativas relacionadas a este trabalho são resultadas da comparação entre esta versão de 2005 e o estimado clássico de 1971, mas há de se advertir que este filme de Tim Burton pouco tem haver com seu antecessor, e mesmo que seja catalogado como um remake, esta visão nova pretende absorver ao máximo os eventos apresentados no livro (que não li) de Roald Dahl que inspirou ambas as versões, sendo a dos anos 70 menos fiel que esta.

Tim Burton quis dar a história da misteriosa fábrica de doces Wonka uma atmosfera mais gótica - característica essa muito presente em seus projetos - e obscura, de modo que, diferentemente de seu antecessor, esta adaptação de A Fantástica Fábrica de Chocolate recebia contornou mais tenebrosos, concluindo que este realmente não era um filme feito para pequenos. Entretanto, esse alerta quanto a seletividade do público que assiste só é válida se formos anotar as referências, o humor presentes na trama, pois, de resto, é o bom entretenimento que Hollywood promove as tantas, seja para qualquer público, mesmo que não sejam todos que entenderam as mensagens descarregadas.


A trama é basicamente a mesma narrada pelo clássico original, sendo assim, conta a história de Charlie Bucket, um menino pobre e sonhador, que imagina o dia em que possa conhecer e desvendar os segredos da sinuosa e misteriosa fábrica de chocolates de Willy Wonka. Eis que o dono da fábrica promove um concurso que consiste no achado de cinco bilhetes dourados escondidos nas barras de chocolate que exporta, então, as cinco pessoas que encontrarem tais preciosidades terão o direito de visitar a fábrica, há anos fechada, por um dia, acompanhados pelo próprio proprietário do local como guia.

Uma das maiores - senão a maior - das controversas relacionadas a esta adaptação de Burton, foi a escalada de Johnny Depp como o excêntrico doceiro e proprietário da fábrica de chocolates, Willy Wonka; até hoje, muito se discute sobre a performance e a construção de Depp para seu personagem, que o público insistia que o Wonka de Depp não emitia a empatia que Gene Wilder fizera em 1971. O casa é que, são personagens extremamente diferentes, de polaridades completamente opostas, uma vez que o Wonka de Wilder era um homem doce, misterioso porém amável, e simpático com as crianças - quase como um Papai Noel dos chocolates. Já o Wonka de Depp é um sujeito frio, calculista, de trejeitos efeminados e índole duvidosa (observe a reação dele na cena que determinado personagem se afoga na cachoeira de chocolate), que demonstra, através dos anos em que esteve recluso em sua fábrica e também pela criação severa que seu pai lhe impôs (aliás, este é o maior problema da narrativa deste projeto, onde há excesso de flashbacks chatos e até desnecessários, relacionado à infância e alguns outros períodos da vida do chocolateiro), que ele havia perdido a capacidade de se relacionar afetivamente seja com quem for, tornando-se dessa forma um personagem estranho, mas muito bem trabalhado.

Além de providenciar um entretenimento saboroso e instigante, A Fantástica Fábrica de Chocolate apresenta um lindíssimo cenário artístico, que consegue unir a diversão e o brilho num mesmo piso de qualidade, fazendo com que esta obra de Burton passe muito distante de ser um filme ruim. Dessa forma, o que temos aqui é um espetáculo frenético de vivas cores e narrativa bizarra, mas sempre divertida, dessa maneira, o filme se estabelece tanto como uma experiência visualmente deslumbrante, como também um entretenimento qualificado, e, cá para nós, essa união de virtudes é muito mais do que bem-vinda!

Nota: 8.0

Um comentário:

  1. Gostei dessa versão. Concordo que está longe de ser um conto infantil, achei até muito pesado em alguns momentos, o que não desmerece a qualidade do filme.

    Abs.

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