O enredo de Burlesque (idem, 2011, Steve Antin) inicia com Alice pedindo demissão de seu emprego como garçonete em Iowa e seguindo para a Holywood, onde encontra um clube noturno, chamado Burlesque, em que vê as dançarinas comandadas pela poderosa Tess, vivida pela excêntrica Cher. Óbvio que a garota iria tentar um lugar no quadro de dançarinas e que a dona não iria, a princípio, permitir à ela integrar-se ao grupo, retratando-se depois de conferir o talento da menina. Mais do que óbvio que ela encontraria os aliados e inimigos típicos do gênero: um mentor e alívio cômico – ocasionalmente, gay –, uma veterana que se torna sua rival, um interesse romântico com quem se engalfinha durante metade da projeção, um grande empresário que finge interesse nela a fim de conseguir o que deseja, dentre outros.
Se o roteiro e a direção não apresentam novidades, os números musicais seguem a mesma tendência, ao funcionarem como simples veículo para a bela voz de Aguillera - algo a que já tínhamos acesso sempre precisar de ir ao cinema para tal. Apesar de serem bem coreografados e conduzidos pelas dançarinas, além de ter belos figurinos e cenografias, torna-se muito pouco para preencher as cansativas duas horas de projeção de uma narrativa extremamente redundante. O diretor tortura ao máximo o espectador ao não somente trazer as situações clichê para seu enredo, mas também opta por “traduzi-las” para os números musicais. Isso acontece no caso gritante do número feio especialmente para Cher não perder espaço no filme para Aguillera ("You Haven't Seen the Last of Me"), que, por mais que se trate de uma boa música, termina afirmando algo que a personagem passa boa parte do filme dizendo, estacionando ainda mais a história. Mas um raro momento bacana do longa reside no número “Show Me How You Burlesque”, que, embalada pelo jazz pop que marcou toda a trajetória da menina, nos diz que vemos, finalmente, o longa terminar... da mesma forma que havíamos imaginado desde o primeiro trailer.
Depois de sessões como esta, sempre me pergunto: por que sempre se opta por envernizar o velho? Por que repaginar doses de Cabaret, Chicago e Moulin Rouge para lançar um filme que funciona mais como uma propaganda de CD que, por acaso, tem uma história entre as faixas?
Nota: 2,0
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