Encontre seu filme!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Capitão-América: O Primeiro Vingador (2011)

Vai por mim: esta máquina é melhor do que qualquer anabolizante!


Quando saiu a primeira edição de “Capitão América”, lá nos longínquos anos 40, era difícil que não se tornasse um sucesso: ver a imagem do protagonista dando um soco na cara de Hitler, então o homem mais odiado do planeta, era algo que tocava fundo no sentimento patriota dos americanos, um povo religiosamente apaixonado por si mesmo. Agora, quase três quartos de século após a chegada da primeira edição do herói às bancas estadunidenses, Hollywood finalmente dedica tempo e dinheiro em um filme bem acima da média: “Capitão América: O Primeiro Vingador”.

O pobre capitão, até agora, fazia parte do time de super-heróis invisíveis aos olhos dos produtores hollywoodianos, mais interessados em nomes como Super-Homem, Homem-Aranha, Batman e X-Men. Mas os últimos cinco anos podem ser considerados prolíficos quanto ao nascimento cinematográfico de super-heróis de segunda linha. “Homem-de-Ferro”, “O Incrível Hulk”, “Thor” e “Lanterna Verde” estão aí para provar. Como, então, se sai o Capitão América, um dos maiores super-heróis dos quadrinhos até a década de 60, nas telonas? Muito bem, até melhor do que muitos julgavam. Emparelha facilmente com “X-Men: Primeira Classe” como o melhor filme de super-heróis do ano até agora (embora devo confessar que os mutantes de Xavier ainda são minha preferência). Entretanto, para deixar bem claro, ele não chega nem perto da trilogia “Homem-Aranha”, de Sam Raimi, nem dos dois primeiros “X-Men”, de Bryan Singer.

Os vilões parecem durões (as armaduras são f%dásticas!), mas são mais frágeis que penas.

O primeiro terço de “Capitão-América”, porém, é tão bom quanto nestas duas coletâneas que acabei de citar. Segue exatamente a mesma fórmula que, apesar de manjada, todos nós adoramos rever: o início do herói é lento, bem trabalhado, toda a história é devidamente costurada, com toques de grandeza singular que estão presentes não em efeitos especiais ou seqüências de ação, mas em diálogos e construção de personagens. Esta parte do filme é simplesmente irretocável, e me deixou plenamente engrandecido. Chris Evans, o ator bombadão na pele do Capitão América, consegue impor um dos melhores personagens de filmes de super-heróis dos últimos anos; o público se identifica rapidamente com ele. Mesmo minha péssima impressão sobre o ator, graças ao seu personagem playboy e arrogante em “Quarteto Fantástico”, se desmoronou por completo e acabei a sessão gostando muito – muito mesmo – de sua atuação. Aproveitando a deixa: o elenco todo não poderia ter sido melhor! Os coadjuvantes Tommy Lee Jones e Hugo Weaving (que já pode ser condecorado como o “vilão oficial dos blockbusters”) estão simplesmente impecáveis! Hayley Atwell e Sebastian Stan têm seus problemas, mas se saem tão bem quanto os demais. Até mesmo os personagens “nanicos” brilham aqui!

Uma pena que o ritmo do filme fique estagnado em sua metade e comece a decair no ato final. Quando o Capitão destrói a primeira fábrica dos vilões, o filme perde seu ritmo de grandiosidade e, apesar de continuar bom, escorrega para o meio-termo. Os roteiristas poderiam ter tido um pouco mais de esmero ao tratar das situações, que são lidadas de forma bem absurda. Um primeiro ponto grave: como é que os vilões, que possuem uma tecnologia inimaginável para a época, são tão facilmente abatidos inúmeras e inúmeras vezes durante o filme? Eles, com todos os seus lasers e super-bombas, não são capazes de se defender de um musculoso fantasiado e de soldados carregando simples fuzis! E assim perdem não uma, não duas, mas todas as suas bases em questão de... sei lá, dias! Não há planejamento, não há estratégia, não há desequilíbrio de forças – embora a história insista que há: os mocinhos simplesmente decidem invadir uma base inimiga e o fazem. Simples assim. E o pior: eles sempre invadem pela porta da frente! Francamente, como é que os vilões planejavam dominar o mundo neste ritmo?

Hayley Atwell, como a durona (nem tanto) Peggy Carter.

Há um problema sério nos deslocamentos dos personagens, aliás, que parecem atravessar todos os cantos da Europa mais rápidos do que se fossem teletransportados! O esquema maligno do vilão também é uma grande furada, e até agora não entendi direito como ele pretendia dominar o mundo: invadir a América com apenas um avião! Isso mesmo, um avião, e mais algumas dúzias de soldados pilotando umas naves minúsculas, que mais pareciam aquelas cápsulas de fuga que dos filmes de ficção científica. “Capitão América: O Primeiro Vingador” comete o pior sacrilégio que um filme de super-heróis poderia cometer: não tornar o seu vilão ameaçador. Não que a atuação de Weaving seja o problema: ela é irrepreensível! A questão é que toda a construção externa do vilão é falha: seus planos não convencem e seus soldados são fracos (“fracos” é elogio, pensando melhor). A sensação que fica é que, mesmo sem o Capitão América, as coisas ficariam numa boa. Isso, em termos de vilania, é uma vergonha.

Mas todo o conjunto funciona com harmonia e a experiência final apresenta um saldo extremamente positivo. Deve-se destacar, aliás, os efeitos especiais. Não pelas pirotecnias megalomaníacas de praxe em um blockbuster deste gênero, mas pela simplicidade de inúmeros momentos, notadamente a “montagem” de Steve Rogers – o Capitão – quando ainda era magrelo. Ao contrário do que muitos podem pensar, se trata do próprio Evans, cujo rosto foi "copiado e colado" no de um franzino dublê de corpo. O resultado, principalmente considerando-se o tamanho cavalar do ator, flerta com a perfeição.

Eu já esperava muita coisa de “Capitão América: O Primeiro Vingador” depois que vi o seu excelente trailer, e o filme não decepciona. É claro, ele segue bem a fórmula dos filmes do gênero, sem muitos sinais de inovação, mas o faz de forma bem-feita e por isso agrada. Um ótimo “filme-pipoca”, enfim.

A transformação de Chris Evans. Dieta forçada? Cirurgia? Terapia de fome? Não: só efeitos especiais mesmo.

NOTA: 7,0



5 comentários:

  1. Deve ser bom esse filme mesmo, tinha certas dúvidas sobre isto logo que este foi anunciado, mas agora tenho certeza que vou vê-lo.

    ResponderExcluir
  2. Rafael, concordo com basicamente todo o seu texto. Só tenho uma ressalta. O físico inicial de Steve Rogers realmente pertence a outro ator. Não me consta quem, mas o sujeito copiou todos os manejos de Chris Evans (os dois rodaram as mesmas cenas um de cada vez), e depois os mestres do CGI deram um jeito de montar a cabeça de um no corpo de outro. E mesmo que esse segundo ator já fosse magro, o computador deu um jeito de emagrecê-lo ainda mais.

    ResponderExcluir
  3. Fui eu quem escreveu a crítica :P

    Eu fiquei confuso quanto à transformação de Evans. Até onde eu li, ele havia sido diminuído. Mas valeu pela correção! :)

    ResponderExcluir
  4. hehehehehe ''Rafael, concordo com basicamente todo o seu texto.''


    Muito bom, Diogo. Gostei do texto. Nem sei se vou assistir ao filme, até mesmo pq me parece algo bastante bobão... mas talvez um dia eu veja, e provavelmente vou. (:

    Abs!

    ResponderExcluir
  5. Opa! Erro meu, Diogo! Como foi o Rafael (Oliveira) que divulgou a crítica no Facebook, pensei que o texto fosse dele, rsrs.

    ResponderExcluir