Encontre seu filme!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Twin Peaks


Análise da série de TV "Twin Peaks", criada por Mark Frost e David Lynch, bem como o filme lançado um ano após seu término, que funciona como um prólogo sobre todos os eventos apresentados na obra original.


Twin Peaks: 1990 -1991 (Serie TV)

Quem diria que a pacífica cidade de Twin Peaks iria ser mergulhada em um horror inimaginável? Quem diria que a doce Laura Palmer iria ser brutalmente assassinada em circunstâncias misteriosas? Pois é, ao que parece os habitantes daquela inofensiva área urbana não são o que realmente aparentam ser. Esta é a série de TV criada por Mark Frost e David Lynch, que apresenta uma densa investigação criminal sobre os crimes que abalaram a população da cidade título. A tranquilidade daquele lugar foi destruída com o aparecimento de um corpo revestido em plástico. A jovem Laura Palmer.

A partir desse evento somos afundados num cenário de horror, de medo, de perigo sempre eminente. O homicídio despiu a cidade que vivia de aparências, cada qual dos seus membros passa a revelar segredos e reais personalidades com o desenrolar da trama. Desse modo, Twin Peaks passa a ser mais assustadora que qualquer lugar no mundo, uma vez que a medonha realidade começa a se unir com o pesadelo, e a distinção entre tais dimensões passa a ser cada vez mais impossível. Com as situações entrando cada vez mais no campo da demência, as máscaras que antes encobriam a hipocrisia daquela população são pouco a pouco estilhaçadas. É através desse ponto que descobriremos aos poucos que, seja de forma direta ou indireta, todos os personagens tiveram alguma relação com a moça assassinada.

O sucesso da série se deve ao modo como seus realizadores conseguiram enganchar, episódio por episódio, a curiosidade do público sobre quem e por que teria matado a jovem; Twin Peaks conseguiu segurar o mistério até a metade de sua segunda temporada, quando é revelado o(a) assassino(a) de Laura Palmer. Depois daí os episódios passam a se concentrar em outras tramas que habitam a cidade, afinal o motivo de a série ter ganhado esse nome se deve não somente aonde os eventos se concentram, mas também a um lugar que tem muito a revelar. Frost e Lynch propõem o medo, a angustia, o pânico, contando com as fórmulas mais primordiais para sustentar tais elementos, desde o completo domínio das imagens capturadas ao controle seguro sobre cada sensação de sua platéia.

Nota: 9.0



Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer [Twin Peaks: Fire Walk With Me, 1992]

Insatisfeito com o desfecho de sua série, David Lynch resolveu dar início a um filme que explicasse certas situações não exploradas pela obra original, criando um prólogo para esta que consiste em narrar a investigação criminal sobre a morte de Teresa Banks, e os últimos dias de vida da jovem Laura Palmer. Seus segredos desvendados, seu relacionamento com parentes e amigos, e o medo que pouco a pouco foi lhe destruindo. Esta obra é nada mais que uma representação do que seria Twin Peaks se seus criadores principais tivessem tomado todo o comando da obra, pois desde o principio, a série de TV não deveria seguir padrão algum, sendo então algo suspenso pela surrealidade e abstratismo das situações.

Alvo de inúmeras críticas negativas, este projeto foi, diferente do original, um imenso fracasso de público e crítica, que alegava que o filme não carregava a essência, a peculiaridade que tornava a realização para a TV tão atrativa e instigante. Mesmo os fãs se sentiram ultrajados por este trabalho, isso porque diziam apenas confundir e embaralhar o que já fora explicado anteriormente. Creio que tamanha repulsa para com os resultados deste seja, no mínimo, exagerada, uma vez que deve compreender que desde o princípio, a resposta jamais fez parte do vocabulário de Twin Peaks, evitá-la, portanto, é um modo para embarcar somente nas propostas dos realizadores, sem precisar apoiar-se na realidade a todo o instante.

Os Últimos Dias de Laura Palmer é um filme denso, mais até que a série original, não somente pela carga de ilogismo presente nas cenas, mas pela representação gráfica mais intensa, com a inclusão de cenas de maior violência e nudez. No entanto, falta neste trabalho um pouco do carisma que fizera com que o público apegasse-se aos personagens. Alguns se encontram mais apagados do que deveriam, algumas tramas relegadas ao escanteio, e, em análise geral, pouco adiciona aos conhecimentos que já temos sobre os fatos. Ainda sim, fica a atmosfera tenebrosa, os sobressaltos constantes, e o intenso pesadelo, daqueles que só um gênio como David Lynch pode oferecer.

Nota: 7.0

Nenhum comentário:

Postar um comentário