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sábado, 13 de agosto de 2011

OSCAR 2012 - A Árvore da Vida (2011)

O filme é que nem esta imagem: vazio.

Há cineastas que conseguem trapacear e manipular a platéia de tal forma que acabam sendo considerados "gênios". Para isso, basta construir um filme carregado de imagens transcendentais e de mensagens que nunca conseguiremos compreender muito bem para que todos os públicos - ou ao menos críticos - do mundo todo achem que estão lidando com alguma coisa "profunda" e "substancial". Não estão. Estão apenas com um filme vazio, simples e revoltantemente vazio, nas mãos. Mas acabam idolatrando seus criadores, por crerem firmemente que há algum sentido na obra insípida que acabaram de assistir.

"A Árvore da Vida" conseguiu ser o filme que mais me fez sofrer em uma sala de cinema em muitíssimos anos. E eu estou incluindo o penoso "Transformers: A Vingança dos Derrotados" nesta lista! Não somente a mim, mas a todos os pobres indivíduos que me acompanhavam nesta viagem pseudo-filosófica que muitos críticos se acostumaram a chamar de "obra-prima", desenhando comparações com - que os deuses os perdoem! - "2001: Uma Odisséia no Espaço"! Esta grandiosa atrocidade chamada "A Árvore da Vida" prova-se um grande teste de paciência: quantos conseguirão resistir até o final da sessão? E quantos conseguirão terminar a sessão e não lamentar as horas perdidas e o dinheiro gasto com esta abominação?

Na minha sessão, ninguém.

Brad Pitt vive um pai durão e músico fracasso que oprime e atormenta os filhos. Uma história que seria interessante. Seria...

Vencedor do Festival de Cannes deste ano (isso mesmo!), "A Árvore da Vida" é um projeto que, da concepção inicial até o fim de sua produção, varou por mais de duas décadas. Terrence Malick, o cientista louco por trás de tudo isso, é um dos nomes mais misteriosos de todo o cinema atual. Honestamente, não tenho o mínimo interesse neste artista, por mais estranho que ele possa parecer aos olhos da mídia,  e não tecerei nenhum comentário sobre ele, como sempre faço com outros artistas. "A Árvore da Vida" é um típico "filme-arte", no sentido mais raso da expressão: uma sucessão imbecil de imagens entrelaçadas a um roteiro pelo qual ninguém dá a mínima e cuja mensagem final ninguém é capaz de compreender. Até  mesmo porque ele não significa nada. No fim de tudo, você se percebe tapeado, "trollado", ludibriado da forma mais vil que um cineasta pode fazer.

O filme é simplesmente isso! Que poderia dizer eu sobre sua história, sobre suas ambições, sobre seus objetivos? Ele se vale dos recursos mais cafonas possíveis para refletir sobre "o sentido da vida": sussuros, imagens etéreas, cenas desconexas, um carnaval de pseudo-intelectualidade que testa a paciência do espectador. A filosofia presente neste exemplar é a mais barata, vulgar, nojenta, revoltante, imbecil e caótica possível. Todo o filme não passa de uma grande reflexão rasa sobre a origem do universo, a existência e os desígnios de Deus (ou deus, como você preferir), o destino dos seres e etc. Este filme é o pior exemplar possível de arte: é a filosofia dedicada a ela mesma, sem qualquer propósito ou vontade de se conectar ao público, produzindo nada além de um mar de confusão que só faz sentido na mente insana de seu criador.

Sean Penn: atuação? Que atuação?!

"A Árvore da Vida" desdenha de sua platéia, jamais se identificando com ela. Na verdade, nem tenta fazê-lo. No fim de todas as coisas, percebe-se que é um filme tão ensimesmado que não passou de uma experiência tão vazio quanto o vácuo espacial que ele retrata, vez por outra. Há muito mais filosofia na violência glamourosa de Quentin Tarantino e na frieza perfeccionista de Stanley Kubrick do que nesta digna aberração do cinema.

Vazio, vazio, vazio! "A Árvore da Vida" é grande espaço em branco capaz de fazer adormecer o mais paciente dos cinéfilos. Perdi a conta do número de vezes que quis abandonar a sala, ou de quantas pessoas menos tolerantes o fizeram. O filme não possui atuações, já que seus personagens ficam imersos nas viagens maconherísticas que seu diretor faz com a câmera, limitados a sussurros e expressões faciais fantasmagóricas. O roteiro, que seria interessante caso se concentrasse no conflito familiar, se perde em viagens espaciais que nada diferem dos programas mais elaborados que assistimos no Discovery Channel (tenho a impressão que Mallick pediu emprestados alguns episódios e lhes retirou a narração).

Para o infinito e lugar nenhum!

O filme testa o seu público até o limite da sanidade. É tão absolutamente sem-noção que nos recusamos a acreditar no vazio que estamos assistindo, sempre crentes de que o ritmo da obra vai tomar ares mais sensatos em poucos instantes. Alguns procuram sentido nesta obra parva, e outros a idolatram justamente por sua dita "complexidade". Não existe "complexidade". Existe apenas uma obra prepotente de um diretor metido a inteligente.

"A Árvore da Vida" é a prova de que o cinema pode ser desvirtuado e usado não para causar admiração, mas para torturar e zombar daqueles que o contemplam. É inútil prestar qualquer maior atenção a este anti-filme, mais indigno do que as maiores trapalhadas de Michael Bay ou Uwe Boll. Nada menos do que os 138 minutos mais inúteis de toda a minha vida.

Qualquer comparação com "2001: Uma Odisséia no Espaço" é um heresia. Pura e simples!

NOTA: 3,5

17 comentários:

  1. Ah, gostei do filme, tenho de admitir. Primeiramente pensei da mesma maneira, que era apenas mais algo supervalorizado e pseudointelectual, com destaque para a trilha sonora, fotografia e efeitos especiais. Mas aí me toquei que Malick conseguiu falar do decurso de uma vida inteira por meia de suas imagens desconexas, sobre evolução, fases, etapas e todo o resto. É uma pena que isso só me apareceu de maneira rasa, mas são tantos assuntos que ele não pode se dar o luxo de apenas focar em um assunto da vida vista da infância. No fim, só consigo culpar Árvore da Vida por sua narrativa cansativa e por sua religiosidade excessiva na forma de induzir a espiritualização. De resto, acho-o perfeito.
    Abração!

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  2. Tudo bem, Gabriel, mas eu não só fiquei entediado, eu fiquei profundamente revoltado. Nem mesmo quando em me acalmei consegui enxergar algo de bom na filosofia deste filme. Comigo não tem jeito: detestei.

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  3. Tô querendo muito ver o filme.

    Preciso ainda consultar os horários aqui em Porto Alegre, mas com certeza verei o mais breve possível.

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  4. As chances são grandes de eu achar a mesmíssima coisa. O outro filme de Malick, O Novo Mundo, é o filme mais torturante que já vi no cinema (empatado com o ganhado de Cannes no ano passado, aquele filme tailandês que tenho medo de me lembrar).

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  5. Putz! Comparar Terremce Malick com Michael Bay é que é mesmo algo temerário...

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  6. Fiz de propósito. E não me arrependo.

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  7. Não sei se foi você ou outro integrante do blog que comentou aqui no Cinebulição sobre querer ver... mas enfim, acabo de ler teu texto e fico feliz que tenha encontrado alguém que pensa esse filme mais ou menos como eu. Achei-o lindo, toda parte técnica impecável, mas o filme é um pecado só... Uma pena...

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  8. Todos esse comentários tão controversos só me deixam mais curioso para ver o filme. Já sei mais ou menos o que me aguarda..

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  9. Espero que você agüente mais de 30 minutos na sessão, João... :P

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  10. Concordo com td que vc disse... é um filme vazio, pseudo-filosofico que quer se pagar de complexo como pretexto para que consiga se safar da revolta do público ao se torturar na sala do cinema, mas a verdade é que é um monte de coisas absurdas que juntas só se tornaram mais absurdas ainda... realmente não tem oq falar das atuações, brad pitt? qlqr ator poderia fazer aquele personagem que ia dar no msm, não me venham falar que ele atuou maravilhosamente bem...
    nunca vi coisa tão ridicula, parto para ignorancia msm, pois é a unica coisa que esse filme merece, ser ignorado...
    me deu vontade de fazer como em Cannes e vaia-lo, não entendo como levou o palma de ouro...
    enfim... esse filme conseguiu me irritar mto e sua critica conseguiu expressar todos os meus sentimentos e reflexões sobre o filme, que não foram sobre origem da vida e o escambau, mas na cara de pau desse diretor tentando ser intelectual qnd na realidade é um idiota u.u

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  11. Eu não consegui assistir até o final, chato demais!

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  12. O que acontece é que hoje somos práticos, gostamos de assistir comédias românticas, não conseguimos interpretar nada. O filme é magnífico, a trama da família é o que acontece em TODAS sem exceção. A única coisa ao qual não vou ser hipócrita, detestei as cenas de origem da vida, não potrer aquelas cenas, mas por passar quase 20 minutos nela, é um absurdoo! Mas o resto do filme é espetacular!!

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  13. Mas esse é o problema do filme: não sabe o que quer contar. Ora fica divagando sobre a vida, o universo e tudo mais, ora volta para o conflito familiar. É um filme quebrado, cujas partes nunca formam um todo.

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  14. Pseudo isso, pseudo aquilo... se eu não consigo dar um sentido filosófico, é pseudo-filosófico, e assim vai pra todos os outros pseudos. Porra, não é nada difícil ligar os pontinhos nesse filme. A diferença é que nesse filme eles não vem numerados.

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  15. A sua miopia me faz ter preguiça de voltar a esse blog, que parece muito bem organizado e interessante. Porém, o seu texto me fez perder alguns minutos preciosos também, fico com medo de não gastar mais deles em vão.

    É um belo filme, assista uma segunda vez... =)
    Leia um pouco sobre o filme, quem sabe você compreenda a trama simples de que trata o filme.

    Desculpa, se sou apenas mais um pseudorevoltado com o legítimo gênio da crítica cinematográfica.

    Darei uma segunda chance, ao seu blog, mas por favor não desaponte... eu não quero ler algo que concordo, bastará encontrar um texto em que haja a menor coesão.

    Abraço

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  16. Difícil escrever qualquer coisa a mais sobre o filme, este sim um exemplo de falta de coesão.

    Eu tenho que deixar bem claro que a história desta coisa auto-intitulada "filme" está longe de ser complexa. Na verdade, é tão simplista que chega a ser infantilóide: uma família de classe média baixa cujos membros estão revoltadinhos com deus por várias coisas, sendo que alguns deles passam horas e horas divagando sobre o sentido da vida, do universo e tudo mais... 42!

    Desculpem-me, mas além de pretensioso até o osso, este filme é superficial e mal-executado. A "história central" é apenas pretexto para os exibicionismos filosóficos de Malick. Um filme, repito, simplesmente vazio.

    P.S.: aos mais irritadinhos e pseudorevoltadinhos de plantão, não custaria nada se identificar, não é mesmo? Afinal, a covardia ainda não é uma virtude...

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