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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Titanic (1997)


Tudo a respeito de Titanic pode ser considerado superlativo. Por mais que tentem descrever toda a magnitude e poder desse filme, nunca alguém conseguirá explicar a forma como ele mudou para sempre a história do cinema mundial. Apesar de já se terem passado anos desde sua realização, nenhum outro filme conseguiu atingir tamanha grandeza e frenesi. Recentemente tivemos "Avatar" (Avatar, 2009), do mesmo diretor, tentando desbancar Titanic como mais poderoso filme da indústria cinematográfica, mas nem chegou perto de conseguir. Apesar de Avatar ter conseguido uma bilheteria maior que Titanic, não conseguiu superar este em mais nenhum outro aspecto.

A época em que Titanic apareceu, em 1997, era bastante gasta em sentido de inovações. Parecia que o cinema americano tinha sucumbido aos lugares-comuns, deixando para trás todo o atrevimento e coragem. Mas então James Cameron, um diretor cheio de títulos revolucionários no currículo, surgiu disposto a alcançar o cobiçado posto de maior diretor de Hollywood, com um trabalho que mais parecia um grande elefante branco. Contar um romance vivido no famoso navio que afundou em 1912 não era exatamente o que mais chamava a atenção na época. Mas ignorando todos os maus agouros a respeito de seu projeto, Cameron foi em frente e deu o maior passo de sua carreira, que poderia tirá-lo para sempre de Hollywood ou torná-lo o mais respeitado diretor de lá. Nascia então o maior fenômeno de público e crítica já vivenciado na história dos filmes, uma explosão de romantismo e efeitos especiais grandiosos, o esplendoroso Titanic. Assim como o verdadeiro navio de 1912 chamou a atenção por sua inovação e magnitude, o filme a seu respeito conseguiu chamar toda a atenção para si.

A história do filme não é novidade para ninguém. Jack Dawson (Leonardo DiCaprio), um pobretão aventureiro, ganha num jogo de bar uma passagem para embarcar no poderoso e revolucionário navio Titanic, uma chance única na vida. Lá ele conhece a descendente de família nobre Rose DeWitt Bukater, noiva de um rico e inescrupuloso comerciante. Os dois passam então a viver um amor proibido, cheio de romantismo e encantamento. Mas todo esse amor pode levar um fim trágico quando o navio se choca contra um iceberg no meio do Atlântico, levando todos ao naufrágio.


Obviamente a história de amor entre Jack e Rose é totalmente fictícia, mas os detalhes mostrados do filme não se limitam a esse romance. Lotado de detalhes técnicos sobre a verdadeira magnitude do navio, o filme acaba surpreendendo na hora de expor um realismo que chega a ser tão comovente quanto o amor inabalável de Jack e Rose. Isso se dá porque o diretor é um profundo conhecedor da história real do Titanic, tanto que lançou alguns anos após esse filme um documentário sobre o navio. Toda essa riqueza de detalhes técnicos, inclusive na hora de mostrar o funcionamento das máquinas a vapor internas do navio, deu ao filme total credibilidade e realismo.

Os avanços tecnológicos não poderiam ser deixados de lado, considerando-se o diretor e o roteiro do filme. Por isso, Titanic também foi gigantescamente inovador em técnicas e montagens, além de incríveis efeitos computadorizados. Impossível não se arrepiar com a realidade da cena em que mostra o navio se aproximando do medonho e silencioso iceberg, tentando de todo modo impedir uma colisão. As cenas da metade final também são impecáveis, ao mostrar cada compartimento do navio sendo destruído pela terrível força da água.

A direção de arte também é de extremo bom gosto. Tanto o figurino quanto os cenários, a maquiagem e a qualidade dos adereços de cena são de grande beleza e exatidão. Uma recriação de época simplesmente perfeita, fazendo-nos sentir verdadeiros tripulantes do famoso navio. Todo o luxo e magnitude das cabines da primeira classe ganham muito mais glamour com a certeira iluminação. Simplesmente irrepreensível.


A história de romance vivida pelos protagonistas também foi uma verdadeira lição de como se fazer um bom cinema. Apesar de forçado, o romance é belo e tocante, mostrando um poder do amor tão forte quanto o poder do tempo e das águas daquele gélido oceano. A narração da querida veterana Gloria Stuart torna tudo muito mais familiar e emocionante, como se estivéssemos de frente para uma história verídica e arrebatadora. Há anos que não se via tamanho poder na hora de se criar uma profunda história de amor. Mais lindo de tudo é ver como Gloria conseguiu trazer a perfeita relação entre a profundidade do mar com o coração de uma mulher.

Mas para aqueles que não se identificam com romances muito açucarados, o filme não fica devendo na hora de mostrar incríveis e tensas cenas de ação, principalmente à medida que o navio vai afundando cada vez mais sem que os protagonistas o abandonem de uma vez. Os momentos finais do filme são de extrema força, mostrando sem pestanejar todo o desespero das pessoas diante de uma morte por afogamento ou congelamento. Essas seqüências são tão bem filmadas que podemos nos sentir assistindo um filme de terror, pois os sentimentos são bem parecidos, como se a água fosse um terrível vilão a perseguir os mocinhos.

Outro ponto forte que não pode ser esquecido quando Titanic é citado em qualquer conversa é a belíssima trilha sonora. Celine Dion, com sua potente e afinadíssima voz, simplesmente eternizou a música "My Heart Will Go On" no mundo do cinema. Até hoje é praticamente impossível falar em Titanic sem que essa música apareça sussurrando em nossa mente. Além de "My Heart Will Go On", obviamente, há ainda outras lindas composições que também marcaram a trajetória do filme.


Interessante atentar aos detalhes passados pela produção. Retratando com extrema clareza a fragilidade da nobreza daquela época, que vivia de aparências, mas estava à beira da ruptura, o filme mostra como poucos a tão famosa Belle Époque, era de beleza e glória sucedida pela terrível Primeira Guerra Mundial. A personagem de Kate Winslet, rica mas insatisfeita com toda aquela superficialidade, mostra bem todos os podres de uma sociedade egoísta que carregou o mundo num rumo trágico em direção à guerra. O naufrágio do Titanic, um navio-símbolo de força bélica e financeira européia, acabou se tornando um tipo de previsão nefasta a respeito do futuro "naufrágio" do mundo em uma guerra sem proporções.

Para o trio James Cameron/Kate Winslet/Leonardo DiCaprio, o filme foi uma verdadeira salvação e encaminhamento. DiCaprio, apesar de interpretar um mocinho bonitinho e carismático, conseguiu ganhar um reconhecimento astronômico, se tornando um dos rostos mais conhecidos do mundo, dando ao talentoso ator a oportunidade de trabalhar com outros poderosos diretores. Hoje ele é um dos poucos atores a terem trabalhado com a trinca de ases dos mais importantes diretores americanos atuais, Cameron/Spielberg/Scorsese. Já Kate Winslet, ganhou todo o reconhecimento necessário para entrar de vez numa bem sucedida carreira, inclusive sendo indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Esse reconhecimento levou a atriz a atuar em grandes produções, talvez não tão reconhecidas como Titanic, mas com certeza muito reconhecidas pela crítica. Se não fosse por esse filme, Kate talvez nunca tivesse a chance de mostrar ao mundo seu imenso talento. Hoje ela é reconhecida como uma das atrizes mais talentosas de sua geração, levando recentemente o Oscar em “O Leitor” (The Reader, 2008), depois de ter sido indicada por outras cinco vezes. Para Cameron o filme foi o suficiente para torná-lo imortal no mundo do cinema, tendo consigo o recorde de maior bilheteria até hoje. Esse recorde foi batido por outra produção se sua própria autoria, revelando sua grande capacidade com diretor lucrativo e inovador.

Todo o mega sucesso que Titanic fez, com direito a 14 indicações ao Oscar e vencedor de 11 estatuetas, levou o filme a se tornar uma espécie de ícone moderno. Hoje em dia pode até ser considerado brega gostar de Titanic, assim como ficou considerado brega aqueles que apreciam o melodrama de “... E o Vento Levou” (Gone With the Wind, 1939), mas isso não dissipa nem um pouco sua grandeza e esplendor. Mesmo depois de tantos anos ele continua a ser um dos filmes mais iluminados e bem quistos do cinema, que recentemente perdeu a coroa de maior bilheteria para Avatar, mas que continua sendo rei em todos os outros sentidos. Diferentemente do capitão de Titanic, que não conseguiu salvar o navio de um trágico naufrágio, James Cameron conseguiu salvar os filmes americanos da mesmice sem graça de sempre, dando uma reestruturada geral nas coisas por lá. Sendo assim, todas as grandes produções feitas depois de Titanic deveriam dividir seu sucesso com esse grande antecessor. Se hoje podemos desfrutar de um cinema de qualidade e cada vez mais inovador, é uma obrigação agradecermos sempre pela existência dessa lenda, que será eterna na memória do vibrante século XX.

Nota: 9.0


Um comentário:

  1. Até hj sinto náuseas qdo ouço a trilha sonora deste filme. Parecia que ás rádios só tinham aquela música. Mas é um filme pra ver e rever, sem dúvida. Está na minha lista para comentar.

    http://algunsfilmes.blogspot.com/

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