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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A Corrente do Bem (2000)


"A Corrente do Bem" é daqueles filmes que perdem a chance de se tornarem grandes referências cinematográficas, por um simples capricho do diretor ou de seu roteiro, em querer desesperadamente tocar e emocionar o telespectador. Com a subida dos créditos finais, você percebe que todo um trabalho que outrora fora construído, bem como a intenção do roteiro, fora jogado fora de forma forçada. A bela mensagem que o personagem do sempre envolvente Haley Joel Osment, Trevor McKinney tentava passar ao público, foi completamente encoberta, ou até mesmo esquecida pelos 10 minutos finais do longa.

Sem dúvida alguma, a premissa do roteiro assinado por Leslie Dixon é ótima, com um professor, aqui interpretado por Kevin Spacey, estimulando seus alunos a criarem algo novo, que ajude a mudar o mundo e melhorar as relações entre as pessoas. O professor Eugene Simonet é um personagem inspirado criado por Spacey, que apesar de não ser forçado a grandes façanhas dentro da trama, ainda assim consegue se destacar por uma performance honesta.

A grande interpretação do longa, sem dúvida alguma, é da inspiradíssima Helen Hunt, interpretando Arlene, mãe de Trevor, que ao longo do filme se relaciona com o professor do filho, estimulada pela 'corrente'. Suas expressões estão fantásticas, criando uma personalidade complexa e de difícil compreensão à personagem, ponto para a equipe de maquiagem do longa. Helen entrega uma personagem muito bem construída, esta composta de várias faces, seja em seu papel de mulher, de esposa e de mãe, apesar de se sobressair apenas neste último elemento, onde sua relação com Trevor é melhor explorada e conduzida pelo roteiro.


Haley Joel Osment atua da mesma forma em todos os seus filmes, não que isto seja um defeito, muito pelo contrário, o garoto consegue manter um alto nível de atuação em seus trabalhos, sendo alvo de muitos elogios. Suas expressões faciais são cativantes e sempre carregadas de sentimentos complexos, onde busca utilizar-se das mesmas para compor um personagem o mais próximo da realidade.

Embora as atuações individuais estejam ótimas, graças ao grande elenco do filme, que ainda conta com James Caviezel (A paixão de Cristo) e Angie Dickinson (Vestida para Matar), a trama que interliga os personagens não é bem construída pelo diretor Mimi Leder, onde esbarra em inúmeros obstáculos que dificultam um maior aceitamento da obra e seus acontecimentos. Muitas relações dentro do filme são superficiais e até mesmo, em alguns casos, completamente inúteis. Exemplos disto estão sempre ligados ao personagem Chris, o repórter interpretado por Jay Mohr. As sub-tramas envolvendo seu personagem com demais são superficiais, não são bem trabalhadas, não conseguindo cumprir devidamente seu papel. A entrevista com o prisioneiro é um ponto fraco do filme.

Um dos grandes defeito do longa, é a relação que o personagem Ricky, interpretado pelo cantor/canastrão Jon Bon Jovi possui com sua família. Todo um clima denso foi construído pelo roteiro, em função de uma possível volta do personagem, violento com Arlene, podendo ser também com Trevor. Até mesmo uma cena, previsível por sinal, entre Arlene e Simonet, onde o professor explica um pouco de seu conturbado passado, referindo-se a Trevor, onde o mesmo poderia ter o mesmo destino, acaba por tornar-se totalmente dispensável na trama. A relação de Ricky e sua família é totalmente rasa e sem aprofundamento. O personagem entra e sai de cena de forma ridícula, sem ao menos o roteiro abrir algumas possibilidades interessantes envolvendo sua família e o professor Simonet, ou seja, foi simplesmente descartada um grande momento, que outrora a trama ao menos planejou.

Passados os pesares e baixas do roteiro, o filme aparentemente se encaminhava para um final razoável, mas novamente o mesmo esbarra em moralismos e apelações. Porquê o personagem de Trevor teve aquele destino? Não faz sentido algum. O público, que naquele ponto da trama, começava a assimilar a mensagem passada pelo roteiro, perde-se tudo o que tinha conseguido antes. Os seus 5 minutos finais, sem dúvida alguma, estragaram o que tinha sido colocado. O drama utilizado na cena, arrastada e aparentemente sem fim, sendo introduzida a canção 'Calling all Angels', consegue fazer o público esquecer da proposta inicial! Então, quer dizer que para fazer o Bem, você deve morrer, em um ato de heroísmo no final, para deixar tudo mais emocionante? Soou superficial...O personagem, assim como sua bela mensagem, deveriam ter encerrado o filme de forma alegre e construtiva, encorajando e motivando as pessoas, mas não foi o que aconteceu por aqui.

Nota: 4.5



3 comentários:

  1. Foi um filme produzido para emocionar, daqueles em que o diretor e o roteirista querem mexer com o público, mesmo que tenham de utilizar a inevitável tragédia, por um sinal um clichê neste tipo de filme.

    Abraço

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  2. Filme de escola, manipulador ao extremo, péssimo.

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  3. A corrente do bem é um dos vários filmes que fazem parte da teoria do caos e a ideia de complexidade. Eu gostei do filme embora realmente apele para a tragédia para causar um choque no público, sem necessidade, porém em um contexto geral achei bom!

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