Encontre seu filme!

domingo, 4 de setembro de 2011

Perfume - A História de um Assassino (2006)


Pensei muito antes de escrever um comentário a este filme. Isto porque este é um daqueles filmes em relação aos quais eu acho que não conseguiria escrever uma crítica de jeito, por não conseguir expressar-me como deve ser, ou por não ser exactamente o género de filme que eu goste de comentar.

Mesmo assim, não podia deixar passar este filme em branco, pois Perfume – A História de um Assassino teve um mérito inédito em mim. Conseguiu algo que nem Amadeus nem nenhum outro filme que me lembre conseguiu: mostrar uma ou mais cenas de nudez nas quais eu não desejei fugir, e até aceitei com poucas dificuldades. Achei-as até muito no contexto. E, sim, eu já fui (e meio que sou, ainda) um garoto reaccionário, por vezes com o ponto de vista de um velho insuportável. Assim sendo, darei destaque às cenas de nudez deste filme. Essa foi outra das razões pelas quais hesitei em escrever este comentário; suponho que pouca gente tem interesse em ver uma pessoa descobrir a pólvora quando já todos usam os canhões topo de gama...se o leitor é uma dessas pessoas, aconselho: não leia o resto do comentário. Digo isto não com o objectivo de ser rude, mas de poupar ao eventual leitor uma leitura desagradável. Fica o aviso.

Este filme mostra uma antiga sociedade com um ambiente obscuro, sujo e até de causar arrepios. Fez-me lembrar Oliver Twist, de Roman Polanski. Quando percebi que a história falava de um rapaz com uma capacidade extraordinária de cheirar, não percebi como poderia alguém conciliar a história desse homem com a de um assassino. Percebi, à medida que o tempo passava, que o rapaz parecia estar rodeado por uma aura de morte: quando se afastava da vida de alguém, essa pessoa morria, e ele próprio até matava sem querer. A ideia era emocionante.


E foi então que aconteceu: Jean-Baptiste “Sapo” (“Grenouille” é “sapo” em francês) matou uma senhora sem querer e para a cheirar, despiu-a. E vi os seios da mulher. Claro que doeu, mas fiquei surpreendido, porque não senti tanta repulsa como a que costumo ter. Porquê? Bem, talvez porque o filme não mostrava querer dar a ver descaradamente os seios. Ora filmava essa parte do corpo da mulher, ora filmava outra parte. Ou seja, o objectivo do filme, nessa parte, não era mostrar os seios, mas sim mostrar o Sapo (perdão, Grenouille) a cheirar a mulher. E conseguiu fazê-lo bem.

A partir do momento em que Grenouille mostrou o seu talento ao “mestre”, pensei que o filme se ia tornar em mais um daqueles filmes de batalha mestre-aluno. Enganei-me. Isso seria interessante, mas preferiram pôr o Grenouille a ir para Grasse. Tudo o que aconteceu lá foi interessante e ritmado, desde a ambientação de Grenouille lá, até aos seus assassínios em série (nos quais deixava depois as mulheres mortas nuas espalhadas por aí, mulheres nuas que, por incrível que pareça, não me causaram muito desconforto). Mas o clímax do filme foi, sem dúvida, a cena em que Grenouille usa o perfume que criou. A partir do momento que o carrasco disse: “Este homem é um anjo!” (ou algo do género), percebi logo do que aquele perfume era capaz. Não fiquei surpreendido com nada do que se seguiu, mas posso dizer que a ideia foi simplesmente genial. E quando Grenouille atirou o lenço para a multidão e começou a…vamos chamar orgia, quando começaram a haver relações entre pessoas do mesmo sexo, entre padres, freiras e o bispo, eu até achei lógico, pois era meio previsível. A parte em que todos se despem e fica um “tapete” de nus no chão foi forte, mas eu continuava a surpreender-me, porque não estava a sentir-me tão constrangido como costumo sentir. Achei a nudez muito no contexto do filme, e como o filme não se preocupou só em mostrar os nus, e também por não os mostrar perto demais, eu consegui evitar sentir uma grande repulsa.

Só por o filme ter conseguido provocar isto em mim, já merece um comentário. Não me esquecendo da cena de nudez da mulher que Grenouille contrata um mulher para ela se despir, nenhuma cena de nudez me incomodou muito, e soube apreciar o filme. Falaram-me muito sobre um final estranho. Bem, não achei assim tão estranho. Talvez um pouco fantasioso, mas ideal para um drama como este. E a cena final, em que a última gota do perfume cai ao chão acabou o filme de uma maneira soberba. Um final que, quem sabe, é um novo começo, como em Godzilla.

Perfume – A História de um Assassino foi, para mim, um filme revolucionário, para além de ser muito interessante em quase todas as partes. Vale a pena ver.

Nota: 7.5


2 comentários:

  1. há muitos filmes que usam a nudez sem ser como elemento de choque, relax :P mas realmente, é um filme muito bem feito e gosto bastante do final. kubrick chegou a dizer que esta história não podia ser filmada. afinal enganou-se...

    ResponderExcluir
  2. Um filme louco, e loucaço! Amo isto!

    Se fosse dirigido pelo Kubrick, meo Deos! Como seria?

    Abs

    Victor Ramos

    ResponderExcluir