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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Spirit: O Corcel Indomável (2002)




[Atenção: este texto revela detalhes da história do filme]


“Nunca julgue algo sem saber o que há dentro”


Este é o meu lema desde quando assisti o filme pela primeira vez, com apenas dez anos de idade. Foi o meu primeiro DVD, e até hoje eu não me canso de revê-lo. Pela capa, alguns têm a impressão de que é apenas mais uma daquelas animações ridículas, com animais falantes e liçõezinhas infantis. Aos que pensam que o filme será assim, acreditem: vocês vão se surpreender.

Com um orçamento de US$ 80 milhões, a jornada para dar vida ao Spirit começou em 1998, com a decisão de fazer um tipo diferente de filme animado: uma mistura de desenho tradicional com 3D, fazendo dessa uma das animações mais complexas já feitas na época. Reparem que o mundo e o ambiente estão tudo em 3D enquanto os personagens do desenho são desenhados na forma tradicional (apesar de que às vezes eles também são feitos em 3D, dependendo da distância da câmera).

Lembrando que no início havia sido muito difícil fazer a animação de um cavalo. Mesmo James Baxter, desenhista e animador de Spirit, que era um dos melhores animadores da época, tinha se desanimado no início, pois sabia muito pouco sobre cavalos. Foi por causa disso que os desenhistas do filme tiveram que procurar alguns especialistas em anatomia, para conseguirem desenhar corretamente o galope de um cavalo, o pescoço, a cabeça, a crina esvoaçante, etc. E, mesmo assim, os desenhistas ainda tiveram que criar alguns elementos nos cavalos, como por exemplo, as sobrancelhas. Para quem não sabe, os cavalos, na realidade, não tem sobrancelhas. Eles têm contornos nos olhos, mas não sobrancelhas grandes e escuras que vemos no Spirit e nos outros cavalos do filme. Essas sobrancelhas foram criadas pelos próprios desenhistas, pois são recursos úteis para transmitir emoção nas animações.

Mudando de assunto, vamos começar a falar da história do filme. Os roteiristas quiseram uma animação sobre cavalos, pelo fato de que isso nunca tinha sido feito antes. E, indiscutivelmente, a melhor época para contar uma história dessas é a do Velho Oeste. O Oeste é um lugar muito ambicioso para se retratar, não só para transmitir essas grandes vistas e esses campos deslumbrantes, mas também para retratar os cavalos, que, nessa época, eram selvagens e viviam em plena liberdade.

E um ponto interessante desse filme foi que, diferente das 99,9% das animações, aqui os animais selvagens não falam e nem conversam entre si. Eles fazem ruídos e a atuação deles é de pantomima, que foi muito bem executada pelos animadores. Sério, é incrível como a música, a narração e o desenho já demonstram tudo o que os personagens sentem, sem que eles precisem dizer uma só palavra. Aliás, além de fazerem a mínima narração possível no filme, ainda foi bom ver que conseguiram dar até um senso de humor a eles apenas com pantomima e alguns sons. Mas aposto que isso não foi nada fácil, e que tanto a equipe de desenhistas quanto a equipe de roteiristas tiveram que trabalhar dobrado para deixarem tudo isso bem claro nos esboços.

No filme conhecemos a história de Spirit, um corcel jovem e obstinado que vivia em liberdade durante a época do Velho Oeste. Certo dia, tentando proteger sua terra natal, ele foi capturado por alguns homens, que o levam para ser domado. E então, junto com um índio chamado Lakota, ele passa a acompanhar a conquista e transformação do Oeste norte-americano.

Pela sinopse (principalmente por esta minha aqui), pode parecer que não é grande coisa, mas sem dúvidas é um filme original e melhor do que muitas animações que vemos hoje em dia. É um filme que explora o valor da liberdade e da amizade, e apesar de possuir algumas cenas exageradas, nada atrapalha o filme em si, como um todo.

Uma coisa que eu discordo de muitos é quando dizem que a cena final, quando Spirit salta de uma montanha para outra, é não apenas exagerada como também absurda e impossível. Discordo porque, como diz aquela famosa frase, o impossível é apenas questão de opinião, meus caros. O Spirit queria ser livre, e no final ele mostrou que prefere pular a montanha e correr o risco de morrer do que ser capturado e viver o resto de sua vida domado e sem liberdade. Ele mostrou o que ele é capaz de fazer para ser livre. Repare que, depois do momento que ele pulou, o Coronel fez questão de não perseguir mais o Spirit e deixá-lo viver em paz. Afinal, Spirit fez algo que todos consideravam impossível para conseguir o que queria.

Sem dúvidas, o filme pode ser uma metáfora com nossas vidas, em muitos aspectos. Afinal, quantos de nós não fomos julgados por pessoas que nem nos conheciam? Quantos de nós já não erramos fazendo isso, também? E o melhor: quantos de nós já não sofremos as piores dores possíveis para conseguir aquilo que queríamos? Repare que, na cena em que Spirit chega ao trem, ele já estava praticamente derrotado, na maior decadência possível. Até que ele “vê” na neve a sua terra natal, sua família correndo em liberdade. E, logo depois disso, ele se sente motivado de novo. Achei legal essa cena. Lembra-nos de quando, muitas vezes, somos derrubados, pisoteados e fracassados, e por causa disso perdemos nossa fé e a nossa esperança. Mas, ao lembrarmo-nos do que queremos, a gente se lembra que vale a pena lutar por aquilo e nos reerguemos. É por isso que gosto tanto do Spirit. Durante o filme todo, ele se sobressaiu pela sua determinação e perseverança. É um soldado que foi ferido, mas guerreou até o final por aquilo que queria.

Falando agora da música do filme, ela é originalmente interpretada por Bryan Adams e composta por Hans Zimmer, compositor vencedor do Oscar. O filme, em sua maior parte, é narrado através da trilha sonora, e por isso todas as músicas tinham que representar a emoção e os pensamentos internos de Spirit, porque, afinal de contas, ele não fala. E isso com certeza foi um verdadeiro desafio para Hans Zimmer. Afinal, não é qualquer um que consegue narrar a história e os sentimentos da personagem através da música. Por isso que a escolha de Hans Zimmer para compositor foi mais do que acertada. Além de mestre, suas músicas transmitem emoções e atitudes como nenhuma outra.

E, enquanto o papel de Zimmer era transmitir a emoção do protagonista (através da música), o papel de Bryan Adams era “contar”, ou seja, descrever a sua emoção. Outra escolha acertada, por sinal, pois as canções Bryan mantêm o público envolvido onde o Spirit está em qualquer momento do filme.

E, com uma dupla dessas, as músicas ficaram simplesmente impecáveis no filme. Tem música de tudo quanto é tipo: violões, eletrônicas, orquestra, etc, e pelo menos para mim, nenhuma delas deixou a desejar. A maioria delas são músicas com narrativas, cheia de metáforas, que descreve a força interior do protagonista. Apesar de o filme possuir um narrador (que é o ator vencedor do Oscar, Matt Damon), as músicas acabam sendo a verdadeira “voz” de Spirit, e isso talvez seja o ponto mais forte do filme. Dentre elas, destaco a canção-tema,“I Will Always Return”, que é uma canção linda, e perde apenas para “You Can't Take Me”. E “Nothing I've ever known”, também composta por Hans Zimmer, é outra que merece destaque. Acreditem ou não, as músicas de Hans deixa o filme mais leve e divertido.

E, como a música é a verdadeira narração de Spirit, o filme, para o lançado mundialmente, teve que ser dublado em mais de 20 línguas, usando grandes talentos de voz do mundo todo. No Brasil, as músicas foram dubladas por Paulo Ricardo, que apesar de terem ficado boas, são inferiores às originais, de Bryan Adams.


Vou encerrar minha crítica, mas antes disso gostaria de comentar uma coisa sobre a égua Chuva. Muita gente se pergunta o porquê que a Chuva tem cabelos loiros e olhos azuis, sendo que nenhuma égua é assim. Bom, de acordo com os produtores, a Chuva é, na verdade, uma égua de pintura, e os cavalos de pintura são assim. Eles têm olhos azuis (não todos, mas alguns têm) e crinas loiras. Por isso, não pensem que a Chuva é uma “Barbie” dos cavalos ou algo parecido, porque isso não tem nada a ver.

Enfim, Spirit-O Corcel Indomável pode não ser a melhor animação de todos os tempos, mas é um filme original, uma história mítica com mensagens eternas e envolventes, excelentemente desenhada, com uma direção eficaz e uma trilha sonora maravilhosa e encantadora. Recomendo a todos.

Nota: 8.0



5 comentários:

  1. Até o Tigor por aqui? =D

    Já tinha me falado desse filme, mas ainda não vi. =/

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  2. amo este filme
    maravilhoso!!

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  3. Eu e minha filha julia amamos esse filme,julia passou a ter loucura por cavalos desde q viu spirit.Vale muito apenas ver.!

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  4. Cara- tu falou tudo- esse filme é demais!!!quero ver se consigo baixar a trilha original. Eu diria que é um claássico.

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  5. Pensa num desenho deslumbrante, faço um desafio: EU SEI TODAS AS FALAS DESSE DESENHO, alguém duvida? Tenho todas as musicas baixadas, desenho perfeito, emociona crianças e adultos mesmo, sem contar o quanto eu já chorei assistindo!!

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