Até o momento, o ano de 2011 foi palco
de duas combinações bizarras no cinema, que atestam o desespero criativo dos
altos executivos de Hollywood. A primeira foi a combinação de ficção científica
com westerns, resultando em “Cowboys & Aliens”; a segunda, mais
recente, foi a mistura de ficção científica com os esportes à la anos 80: nasceu, assim, “Gigantes de Aço”. A primeira foi uma
obra certamente original, enquanto a segunda é uma imitação quase descarada de
filmes que moldaram o linguajar esportivo.
Ironicamente, a imitação superou a originalidade neste round: enquanto “Cowboys & Aliens”
era uma boa idéia executada de forma tremendamente displicente, “Gigantes de
Aço” é uma cópia desavergonhada que fez a lição de casa. O filme usa todos os
clichês imagináveis, copia cenas inteiras de gigantes do cinema, abusa de uma
trilha sonora apelativa, mas - que diabos! - é um filme bom demais! Prova que
uma boa obra depende mais de sua execução do que de sua idéia.
Esse Frankenstein esportivo é uma obra tão cafajeste quanto os trejeitos
de seu ator principal, Hugh “Wolverine” Jackman. Eu não brinco quando digo que
todas as baboseiras sentimentalóides que podemos imaginar estão aqui: você terá
todo tipo de cena para fazer rir ou chorar, mas eu garanto que você sentirá,
por mais clichês que sejam as ocasiões, vontade de rir e chorar. A “culpa” é
toda da direção nada menos que magistral de Shawn Levy, que conseguiu transformar
um balde de chavões e cópias em um filme leve, agradável, divertido e emotivo.
E, é claro, com muita adrenalina e
pancadaria.
“Gigantes de Aço” é um filme sem
pudores e arrisca-se em “homenagens” que fariam Quentin Tarantino parecer um
roteirista sutil. O filme todo copia a premissa do clássico “O Campeão”, além de se aproveitar de
sua famosa cena final (considerada, devo mencionar, uma das mais tristes de
todos os tempos) e recriá-la com Hugh Jackman sendo consolado pelo filho, após
levar uma surra de certos desafetos (santo deus, até mesmo uma das falas do
guri é idêntica à do filme original!). O filme continua roubando... perdão, “homenageando”
cenas famosas de filme como “Touro Indomável” e, notadamente, “Rocky”. Quanto a este último, o filme
perde qualquer intento de criar algo novo e reproduz exatamente a fórmula do filme,
com o mesmo desfecho, os mesmos maneirismos e o mesmo apelo ao público.
Se os grandes artistas copiam e os
gênios roubam, “Gigantes de Aço” certamente se tornou grande. Qualquer um pode
copiar, mas uma cópia malfeita expõe o copiador ao ridículo. Um copiador bem
sucedido, entretanto, fica com a fama e a fortuna (e alguns milhares de dólares
em processos por propriedade intelectual, às vezes). Shawn Levy e os roteiristas
John Gatins, Dan Gilroy e Jeremy Leven provaram que são copiadores experientes:
eles sorveram, com espantosa competência, todo o espírito grandiloqüente dos
filmes originais e o reaproveitaram, usando-o para tocar o lado vulnerável dos
corações da platéia que, liberal ou cética, é nocauteada (esse trocadilho é
obrigatório) pela surpresa de ver fórmulas tão antigas serem usadas de maneira
tão sublime.
O filme, portanto, é uma batalha
constante entre a competência e o clichê descarado; ambos passam quase toda a
projeção em perfeita harmonia, sendo que a única função do primeiro é não
deixar o segundo se tornar perceptível. Mas nem sempre ela consegue resistir às
forças do “lado negro” da cópia: o filme perde seu tom de vez em quando, mas
quase se desequilibra e morre quando o personagem de Jackman, logo no início do
terceiro ato, sem nenhum motivo concreto, resolve “desistir” de seu filho. Esse
conflito é nonsense, inútil e uma
perda de tempo que poderia ter sido usado de maneira muito melhor. É aquele
tipo de momento obrigatório em qualquer filme-chavão quando o personagem
principal é redimido e descobre seu verdadeiro valor e blá, blá, blá, blá. A
quebra de ritmo é monumental, o propósito é pífio e o resultado é broxante. O
filme quase desandou. Quase.
Morreria ali, sem dúvida, se não
tivesse decidido imitar, quase que frame
by frame, o filme “Rocky”. O mote é o mesmo, os personagens são os mesmos
(só que robôs) e o desfecho é absolutamente idêntico! Literalmente: diálogos
inteiros de “Rocky” foram copiados! Mas, novamente, entra em cena a competência
da direção e a universalidade da fórmula copiada: o terceiro ato é
dolorosamente clichê, mas imensamente bem-feito e dono de um apelo
irresistível. A velha fórmula de um “zero à esquerda” que, do dia para noite,
alcança o topo do mundo é forte demais para ser derrubada. E, convenhamos, até
que o filme a executou de forma melhor que “Rocky”: no original, Rocky disputa
apenas uma luta, conseguida através da pura sorte - pelo menos aqui o
robô-protagonista consegue ascender ao topo por meio de lutas intermitentes, e
não apenas por um golpe do destino.
Ainda assim, sobra a impressão de
que os personagens avançaram no tempo: uma hora o robô está disputando lutas de
fundo de quintal e, na outra, vai parar na liga mundial! Mas, dada a altura do
campeonato, essas falhas de roteiro são o que menos importam. A fotografia e
todo o aparato técnico estão divinos; o filme possui imagens singelas e efeitos
dignos de nota. Um ponto baixo fica com a trilha sonora original: excessivamente
apelativa e melosa, ela funciona como a “força negra” da cópia descarada
tentando derrubar a competência do filme. Já as músicas de terceiros, como
Eminem e 50 Cent, são a jóia da trilha, ajudadas por uma montagem de tirar o
fôlego.
“Gigantes de Aço” é uma dicotomia interessante:
uma cópia insultante e uma diversão maravilhosa! Fazendo alguma reflexão,
pode-se enxergar nele o caráter da Nova Hollywood: uma indústria que deixou de
ser criadora, mas que ainda continua sendo uma ótima produtora.
NOTA: 7,0
Bom filme. Repleto de clichês, mas é divertido.
ResponderExcluirNâo meu se contro cara o filme e muito bom se não gosto o problema e seu mais falo por muitas pessoas no mundo que foi um dos melhores que ja assisti.. o filme começo e termino muito bem e raro ver um filme que tenha uma intensidade com o publico e que deixa um gostinho de quero mais esse filme com certeza foi e sera um grade sucesso com a sua 2 faze ai não fale pelos outro ok so fale por você porque nem todo mundo penca assim ok ...outra ates de criticar tenta fazer melhor...
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