Fim de ano,
finalmente! O momento em que renovamos nossas esperanças e olhamos para trás
para contabilizar tantas coisas boas - ok, algumas nem tanto - que aconteceram
conosco. Já eu, como cinéfilo inveterado, olho para trás e vejo quanta coisa
boa se passou pelas grandes telas da sala escura: de aventura até o mais
sublime drama, cada ano é uma safra farta de filmes, a “caixinha de chocolates”
de Forrest Gump. Devo admitir que 2011 não foi uma safra tão boa quanto a de
2010 (ano épico!), mas teve seu quinhão de grandes obras, e gostaria de
compartilhar aqui os meus dez melhores filmes até o momento.
Digo “até o
momento” pois muitos filmes produzidos este ano não chegaram ao Brasil; alguns
só chegarão em 2012 (“Os Homens que Não Amavam Mulheres”, “J. Edgar”, “Hugo”) e
outros talvez nem cheguem (“O Artista”). Ainda assim, como fica muito estranho
publicar uma lista dos “melhores de tal ano” no ano posterior, prefiro
adiantar-me e revelar os meus dez melhores até agora. Vamos a eles:
10. “X-Men: Primeira Classe”
de Matthew Vaughn
Finalmente o
diretor Vaughn (do ótimo “Kick-Ass -
Quebrando Tudo”) consegue um destaque proporcional ao seu talento! Este reboot das aventuras dos mutantes não
somente honra os filmes de Bryan Singer como - atrevo-me a dizer -
ultrapassa-os! Kevin Bacon vive um dos melhores vilões do ano e Michael
Fassbender - a nova grande estrela de Hollywood - incorpora um Magneto
inesquecível.
9. “Os Muppets”
de James Bobin
Toda a
inocência e graça dos fantoches mais famosos do mundo volta em grande estilo
com esta comédia musical absolutamente encantadora. Acompanhei o filme todo com
um sorriso de orelha a orelha: o humor é ingênuo, mas por vezes genial, e lança
mão de deliciosas metalinguagens e clichês propositais. Entretanto, a dublagem
brasileira (preguiçosa, apática e incompetente), quase arruinou a obra - as
músicas dubladas estão uma atrocidade. Um filme que eu recomendo ver apenas em
inglês.
8. “Contágio”
de Steven Soderbergh
Um atestado
da maestria de Soderbergh como diretor. A história não é muito original e o
roteiro, apesar de render momentos tensos, surpreendentes e asfixiantes, não é
brilhante, mas a mão de Soderbergh guiando a história eleva o filme a um novo
patamar. Esse é um daqueles poucos exemplares em que a mão artística do diretor
- e que diretor! - fizeram toda a diferença.
7. “Planeta dos Macacos: A Origem”
de Rupert Wyatt
Ora, quem
diria! Em uma Hollywood repleta de remakes
e seqüências inúteis, quando não estúpidas, este reboot da franquia de ficção científica mais heterodoxa do mundo se
revela um blockbuster excitante,
repleto de ação, mas capaz de momentos de profundo drama e de encantadora
beleza visual. Um destaque para Andy Serkis, na pele (literalmente) do macaco
César.
6. “Amor a Toda Prova”
de Glenn Ficarra e John Requa
Uma comédia romântica linda, emocionante e tremendamente cativante! O
que impressiona mais não é o seu humor diferenciado nem seu roteiro
inteligente, mas a honestidade singela de sua história, que retrata os
encontros e desencontros entre pessoas falíveis, imperfeitas, mas, no fundo,
bondosas e inocentes. Para mim, foi a maior surpresa do ano.
5. “Kung Fu Panda 2”
de Jennifer Yuh
Ok, ok, esse
eu posso considerar como um “guilty
pleasure”. Mas, apesar de eu ser um fã desta série, KFP2 possui virtudes
que não podem ser negadas: além do visual estarrecedor e das cenas de ação
irrepreensíveis, o filme aventura-se em jogadas artísticas incomuns para a DreamWorks e para seu próprio roteiro
sem maiores pretensões: os personagens são construídos com esmero
(principalmente Po e Tigresa), alguns momentos são muito dramáticos e o
desfecho, com o abraço entre Po e o seu pai, é de derreter o coração. Digam o
que quiserem, mas esta foi uma animação memorável.
4. “O Palhaço”
de Selton Mello
Simples, lindo, inocente, engraçado e profundo. Uma obra com ambição
americana, graça francesa e, claro, alma brasileira. Mello constrói uma das
poucas comédias - de fato, um dos poucos filmes brasileiros de valor artístico
universal, bebendo de influências que vão desde as situações-pastelão de
Fellini e Tornatore até os diálogos nonsense e inspiradíssimos de
Tarantino!
3. “Margin Call - O Dia
Antes do Fim”
de J. C. Chandor
O melhor filme sobre a
crise financeira de 2008, disparado! Um thriller profundo, dono dos
melhores diálogos do ano, que sabe criticar a irracionalidade do mercado
financeiro moderno com sagaz mordacidade, mas que também encontra espaço para
mergulhar nas mentes frágeis e dúbias de seus desgraçados personagens. Um
retrato do embrutecimento do homem perante o dinheiro.
2. “Meia-Noite em Paris”
de Woody Allen
Allen não apenas retornou a uma boa fase. Ele ultrapassou os próprios limites e
construiu uma das melhores obras de seu quilométrico currículo. “Meia-Noite em
Paris” é a melhor comédia do ano, com um roteiro de criatividade e inteligência
abismais e um espírito livre e inocente que celebra o bom lado do ser humano.
Este filme é místico, delicado, com um humor por vezes mordaz, mas delicioso!
Poucas vezes saí de uma sala de cinema tão engrandecido por causa de um filme!
1. “Melancolia”
de Lars von Trier
“A Terra é má, e sua destruição não fará nenhuma falta.” Esta é a frase-mote do meu melhor - e mais depressivo, impactante e arrasador - filme de 2011. Além de ter a abertura e o desfecho mais espetaculares que eu já vi em anos, este filme desnuda o ser humano e expõe todas as relações sociais - eu digo TODAS - como hipócritas, egoístas, mesquinhas, falsas e desprezíveis. A sociedade de “Melancolia” é uma sociedade tal onde a única pessoa sensata é uma depressiva crônica, e onde a vida é uma doença para a qual a única cura é a morte. Ele é tão envolvente e esmagador que, em seus últimos minutos, eu senti um pouco de como é - ou como deve ser - a sensação da morte. Eu e toda a platéia ficamos inertes nos assentos até mesmo quando os créditos finais já estavam rolando. “Melancolia” é uma criação perturbadora de um diretor não menos polêmico; uma viagem a um mundo de desespero, dor, desilusão e morte.
Não vi Melancolia, mas Meia-Noite em Paris foi sem dúvida meu favorito até agora. Adorei X-Men também e curti O palhaço também.
ResponderExcluirMuito bom o post.
@carissinha
Arte Around the world
Desses filmes só vi dois, mas agora que li o post, vou tratar de assistir os outros enquanto antes.
ResponderExcluirConcordo com tudo que você falou e boa parte da sua lista. Só não colocaria na minha Kung-Fu Panda 2 e Planeta dos Macacos, além de Margin Call e O Palhaço que eu ainda não vi. Mas deixo pra terminar minha lista só ano que vem, quando boa parte dos filmes de 2011 forem lançados devido à proximidade do Oscar.
ResponderExcluirAbração!
Só vi X-Men desses filmes... que vergonha!
ResponderExcluirTua lista traz dois filmes que me decepcionaram bastante: "X-Men: Primeira Classe" e "O Palhaço". De resto, gostei da inclusão de "Contágio", o melhor do Soderbergh em anos!
ResponderExcluir