O primeiro ato deste thriller é até interessante pelo dinamismo impresso nos primeiros minutos de projeção, quando vemos Nick Cassidy (Sam Worthington) limpar digitais, escrever uma carta de despedida e dirigir-se ao peitoril de um hotel. Logo em seguida, suas motivações são explicadas através de um flashback: liberado da cadeia para comparecer ao enterro de seu pai, Nick desarma sua escolta e foge, com o intuito de provar sua inocência e apontar os verdadeiros culpados por sua prisão.
Pode parecer estranho que um homem em busca de sua absolvição veja numa ameaça de suicídio a escolha correta para limpar seu nome. A trama, contudo, vai envolvendo o espectador e apresentando argumentos convincentes, muito por conta das minúcias que o plano de Nick vai demonstrando. Um exemplo é a negociadora que o homem solicita, Lydia Mercer (Elizabeth Banks), uma agente traumatizada por não ter evitado um suicídio num trabalho recente. Um personagem clichê, bem verdade, mas necessário e bem utilizado até que a agente começa a se mostrar muito facilmente manipulada pelo suposto suicida. No entanto, quando isso ocorre o fragilíssimo roteiro do inexperiente Pablo F. Fenjves já cometera uma série de equívocos na composição de personagens extremamente estereotipados.
O magnata David Englander é um dos personagens mais unidimensionais construídos por Ed Harris, proporcionando ao bom ator cenas constrangedoras como um vilão que chega a jogar beijos para seus inimigos. Igualmente simplória é a atuação de Kyra Sedgwick como a repórter sensacionalista Suzie Morales. Tão ruim quanto é a concepção do policial Dante Marcus, cujas más intenções já são evidentes pelas postura e expressão do ator Titus Welliver, o que dificulta muito causar surpresa no espectador no clímax do filme (quando o personagem, inclusive, revela ser cria do Bronx). Completando o time principal, temos o casal formado pelo bobo Joey Cassidy (Jamie Bell), irmão mais novo de Nick, e a sexy Angie (Genesis Rodrigues), sua namorada de traços latinos que assalta bancos com decote a la Megan Fox em Transformers (Idem, 2007), transformando (com o perdão da cacofonia) o alívio cômico da fita numa dupla de comediantes desastradamente forçada.
“À Beira do Abismo” ainda comete outros pequenos vacilos (ninguém em meio à multidão vê a explosão no prédio ao lado?) e apresenta algumas das cenas mais absurdas do gênero, mas encontra-se num nível de mediocridade digerível e que não deve desagradar seu público-alvo. Afinal, todas as reviravoltas e figuras típicas que um blockbuster costuma apresentar para entreter a todo custo estão ali pra mascarar situações implausíveis, e com que espectadores em geral, desatentos, pouco se preocupam. Uma escolha até aceitável, se considerarmos que, diante de um script ruim, um diretor com pouca experiência como Asger Leth teria de ater-se a algumas “receitas prontas” para justificar o investimento dos estúdios.
Trocando em miúdos… Com essa equipe de realizadores, o resultado poderia ter sido mais catastrófico.
NOTA: 5,0
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