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domingo, 12 de fevereiro de 2012

O Homem Que Mudou o Jogo (2011)

Em 2010, Aaron Sorkin escreveu um dos roteiros mais elogiados do ano: o de A Rede Social (The Social Network, 2010). Baseado em fatos reais e no livro “Milionários por Acaso”, de Ben Mezrich, o roteirista deu à história da criação do Facebook uma agilidade frenética e personagens pluridimensionais que, junto com a direção limpa de David Fincher – sem contar a edição, a trilha sonora e as atuações – tornou a produção uma das melhores desse início de década, sendo considerada por muitos um “clássico moderno”.
No ano seguinte, o mesmo Sorkin, em conjunto com outros roteiristas – entre eles, Steven Zaillian, responsável pela adaptação da história de A Lista de Schindler (The Schindler’s List, 1993) – foi o responsável por adaptar a história real contada no livro “Moneyball: The Art of Winning an Unfair Game”, de Michael Lewis para as telas do cinema. O Homem Que Mudou o Jogo (Moneyball, 2011) tem como diretor Bennett Miller e, curiosamente, o mesmo produtor do filme citado no primeiro parágrafo. Todas essas semelhanças têm feito com que ambas as produções sejam comparadas em nível de igualdade, sendo o exemplar mais recente chamado de “A Rede Social do Baseball”.


Tal comparação pode parecer absurda. Pareceu absurda para mim, mas se prestarmos atenção, A Rede Social e O Homem Que Mudou o Jogo não estão tão longe assim um do outro. Ambos tratam de assuntos específicos, mas abrangentes: a relação de um homem com o meio que está sendo revolucionado por cada um, as redes sociais e o baseball, respectivamente, e como essa revolução afeta um grande número de pessoas e, também, a eles mesmos. E essas semelhanças não param por aí.

Em vários momentos, tanto em um quanto no outro filme, termos técnicos das áreas que abrangem nos são apresentados e quem não entende de programação de computador e não curte baseball pode não entender. Até mesmo a trilha sonora. Em A Rede Social a escolha e realização dos aspectos sonoros é por demais marcante, onde em momentos chave é quase um personagem. E em momentos chave de O Homem Que Mudou o Jogo – momentos em que os personagens estão na frente de um computador (!), analisando estatísticas sobre baseball – a trilha se torna um personagem e muito parecida com a do “filme do Facebook”, porém perde em força e qualidade.


Há, também, aspectos que diferem estes dois filmes. Um que vale a pena ressaltar é sobre os seus diretores. Fincher confere uma direção mais limpa, fria, distanciada do emocional do seu Zuckerberg cujo lado racional é o mais abordado, o que nos abre brechas para interpretação e questionamentos das próprias emoções do personagem, enquanto Miller tenta abraçar o mundo, e foca tanto no emocional como no racional de seu personagem principal, tirando toda e qualquer brecha interpretativa e parecendo, inclusive, artificial em várias cenas.

Comparações à parte, analisemos o filme por si só. O Homem Que Mudou o Jogo conta a história de Billy Beane (Brad Pitt), o técnico do time de baseball de Oakland que, com problemas de perdas de jogadores importantes, derrotas em muitos jogos e falta de dinheiro, investe em um sistema matemático, apresentado por Peter Brand (Jonah Hill), que analisa e escolhe os melhores jogadores e as suas respectivas posições no time. Por “sistematizar matematicamente algo que só uma pessoa poderia fazer”, Beane e sua nova maneira de gestão são duramente criticados, mas vai com este plano até o fim.


Este exemplar de drama esportivo, felizmente e surpreendentemente, não cai em muitos clichês do gênero, talvez por ter acontecido na vida real e, também, por ser mais um estudo de personagem de Billy Beane, pois durante a produção somos apresentados à sua trajetória: de jogador de baseball que “não deu certo” a olheiro e, por fim, técnico. Nesses insights e flashbacks entendemos sua relação mal resolvida com a derrota assim como os motivos de suas escolhas, além de haver uma crítica aos olheiros e à indústria do esporte na forma como pressiona jovens jogadores.

São boas questões como essa que o filme aborda, mas a forma como o faz, muitas vezes é conservadora demais, superficial demais, com cara de ter sido feito para ganhar premiações (ou, ao menos, indicações). Um filme correto, que não se arrisca, onde as atuações como um todo se sobressaem. Brad Pitt nos entrega uma boa interpretação, com alguns exageros num personagem que não é o melhor de sua carreira, mas destacável; entretanto, Jonah Hill, conhecido por fazer comédias, surpreende no papel do jovem e sério Peter Brand. Por fim, O Homem Que Mudou o Jogo é mais do que um “enlatado americano” como tem sido pintado, mas fica a impressão de que foi pouco; nada mais do que entretenimento simples e passageiro, diferentemente de A Rede Social. E é por isso que apesar de não estarem longe, há um vale muito, muito fundo entre essa distância que os separa.

7/10




2 comentários:

  1. Ainda não vi. Espero vê-lo em breve. Parabéns pela resenha. Excelente dica.

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  2. "O Homem Que Mudou o Jogo" é um bom filme, mas, infelizmente, é estadounidense demais. Pelo menos para mim, o beisebol continua um mistério, algo desinteressante. O filme não conseguiu superar essa barreira.

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