Tratando de um assunto que tinha tudo para resultar num filme pesado, o filme vai na contramão e é cínico o suficiente para não se levar a sério. Numa análise mais profunda, percebemos que, na verdade, mais do que falar com humor e sarcasmo na dose certa sobre a indústria do cigarro, trata-se da liberdade de escolha de cada um.
O filme aborda, principalmente, a manipulação das informações da indústria tabagista, mas o roteiro aproveita para disparar contra a indústria das armas e das bebidas alcoólicas, contra os interioranos reacionários, os adversários e defensores do fumo e os políticos que defendem apenas seus próprios interesses; tudo de forma inteligente e leve.
Na trama, Aaron Eckhart interpreta Nick Naylor, o principal porta-voz das grandes empresas de cigarros, que ganha a vida defendendo os direitos dos fumantes nos Estados Unidos. Desafiado pelos vigilantes da saúde e também por um senador oportunista, Ortolan K. Finistirre (William H. Macy), que deseja colocar rótulos de veneno nos maços de cigarros, Nick passa a manipular informações de forma a diminuir os riscos do cigarro em programas de TV. Além disto Nick conta com a ajuda de Jeff Megall (Rob Lowe), um poderoso agente de Hollywood, para fazer com que o cigarro seja promovido nos filmes. Sua fama faz com que Nick atraia a atenção dos principais chefes da indústria do tabaco e também de Heather Holloway (Katie Holmes), a repórter de um jornal de Washington que deseja investigá-lo.
Já em sua estréia em longas, Jason Reitman prova seu grande talento mostrando uma direção afiada apoiada pela montagem ágil de Dana E. Glauberman que deixa os 92 minutos do filme fáceis de acompanhar. Na adaptação do livro homônimo de Christopher Buckley, Reitman não decepciona elaborando, de forma bem humorada, um roteiro contestador. O que temos aqui não é apenas uma história engraçada sem maiores conseqüências, ao contrário, o filme é inovador e criativo, levando à reflexão. Em clima de documentário e comédia, consegue passar muito bem a mensagem sem pressionar ou constranger. Repare que, apesar de falar sobre o fumo, ninguém é visto fumando durante todo o filme.
No roteiro e na direção Jason Reitman mostra ser exemplar e ainda conta com um elenco à altura com personagens brilhantes. Aaron Eckhart e Cameron Bright se mostram convincentes nos papéis de pai e filho. Rob Lowe gravou suas cenas em apenas um dia e tem um papel curto como o agente de estrelas em Hollywood que pede milhões de dólares para que Brad Pitt e Catherine Zeta-Jones fumem no espaço sideral, em uma ficção científica futurista. Robert Duvall faz o chefão das fábricas de cigarro. Até Katie Holmes prova que não foi má escolha para o papel de Heather Holloway. E William H. Macy gravou em apenas uma hora sua participação como o senador ardoroso combatente do cigarro e defensor de queijo cheddar.
Repleto de cenas sarcásticas, "Thank You For Smoking" consegue fazer rir de situações que poderiam render algo até algo dramático. Repare na cena em que Nick tem a tarefa de subornar Sam Elliott, numa ponta sólida no papel de um "Marlboro Man" que está morrendo de câncer. É uma das cenas mais engraçadas do filme.
"Obrigado por Fumar" foi indicado aos Globo de Ouro de Melhor Filme de Comédia e Melhor Ator de Comédia (Aaron Eckhart); tendo sido indicado também ao Sindicato dos Roteiristas na categoria Roteiro Adaptado (Jason Reitman) e ao Sindicado dos Montadores. Com orçamento de apenas US$ 6,5 milhões o filme arrecadou nos EUA US$ 24,793,509 e US$ 14,438,702 no estrangeiro chegando ao total de US$ 39,232,211.
Nota: 8.0
Nota: 8.0
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