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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Pele que Habito (2011)

 
A sexualidade fragmentada e inesperada em A Pele que Habito

Nos filmes dirigidos por Almodóvar, a sexualidade sempre se faz presente das maneiras mais tênues, esdrúxulas e apaixonadas, com filmes como Fale com Ela, Kika, Ata-me, A Má Educação e tantos outros que desvelam o lado mais mordaz e obscuro de nossos anseios sexuais, retratando-os a partir do que considera menos óbvia. Além disso, a natural sobreposição do feminino sobre o masculino, como o homem que se permite mergulha em uma vagina gigantesca ou a presença constante de travestis em sua filmografia.

Neste A Pele que Habito (La Piel Que Habito, 2011, Pedro Almodóvar), Antonio Banderas vive Robert, um cirurgião plástico que desenvolve experimentos em uma mulher misteriosa, Vera, a fim de criar uma espécie de pele sintética para proteger o corpo humano contra qualquer tipo de dano. Permeado por temas como estupro, vingança, morte e ética tratados de maneira passional e densa, o roteiro alcança, com a direção de Almodóvar, um equilíbrio entre suspense e bizarrice tratado com naturalidade que espanta aos desavisados. Com um Antonio Banderas e uma Elena Anaya que encarnam com destreza a complexidade de seus personagens, demonstrando olhares e gestos tão naturais e humanos que desnorteiam o espectador, o longa surpreende com o retrato que concebe de uma sexualidade cada vez mais complexa e particularizada.



Enquanto isso, a trilha sonora cortante e exuberante de Alberto Iglesias, uma fotografia menos colorida que o universo almodovariano nos acostumou a ver e uma montagem fluida – ainda que irregular em algumas passagens - que mescla passado e presente para exibir uma faceta mais sóbria do diretor, menos extravagante e mais preocupada com os detalhes da narrativa, travando cenas de imenso cuidado com as palavras e expressões dos atores. Neste longa, Almodóvar não realiza um filme genial, mas exibe seu talento em divertir e surpreender o público com uma trama repleta de reviravoltas e situações estranhas pelos signos e estados de espírito que seus personagens carregam.

Nota: 8,5

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