Em 1968, saía um dos filmes mais revolucionários não só do cinema como da ficção-científica, a obra de Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke abriu um novo parâmetro para o gênero na sétima arte, antes vistas como sinônimo de filmes B, muito efeitos-especiais e pouco conteúdo (tipo Transformers hoje em dia), e o tempo passou e ainda permanece na história como um filme ainda ousado até mesmo para os tempos atuais tanto quanto atemporal, já que depois de quarenta anos, ainda se discute o significado na obra acerca dos temas que aborda. Então o filme precisava de uma continuação? A resposta é não! 2001: Uma Odisséia No Espaço deixa perguntas sem respostas, mas essa era a proposta, deixar as pessoas se questionando o que seria o monólito, além da cena final, e ainda a complexidade a cerca do comportamento do computador da nave Discovery, HAL 9000; tecnicamente e visualmente incrível (mesmo com CG não se consegue criar tal estética igual a um filme de 1968), além de um estilo de direção típico de Kubrick em uma ficção-científica ousada e moderna. Então a pergunta que fiz anteriormente é novamente dita: 2001: Uma Odisséia No Espaço precisava de uma continuação? Não!
O diretor e roteirista Peter Hyams (Outland - Comando Titânio, Timecop - O Guardião do Tempo) assumiu este projeto em 1984, após Arthur C. Clarke escrever a continuação da obra, e o que saiu foi um filme inferior em todas as questões, alem do mais, é covardia comparar 2010 com 2001. O filme mostra Dr. Floyd, que mandara Bowman e o restante da tripulação na missão para Júpiter no primeiro filme, através de um acordo com cientistas soviéticos consegue embarcar em uma nave da URSS, Leonov, para descobrir o que houve na nave Discovery, com mais dois americanos para ajudar na missão, e obviamente, no começo, a relação de ambos os lados é tenso e pouco amistoso. O primeiro ponto diferente do antecessor é que ele já começa na Terra, nos "tempos atuais", e a Guerra Fria está a um passo de terminar em uma catastrófica guerra nuclear, e conhecemos a vida pessoal de Dr. Floyd, algo que nada acrescenta a obra. Segundo ponto, é que este filme conta com um elenco mais conhecido, como Roy Scheider (Tubarão), John Lithgow (o Trinity Killer da série Dexter) e Helen Mirren (A Rainha), além de Keir Dullea e Douglas Rain repetirem seus papéis como Dave Bowman e HAL 9000, respectivamente. Terceiro ponto, aqui ele ocupa mais seu tempo em desenvolver seus personagens e seus conflitos, seja eles a Guerra Fria ou a saudade da vida na Terra perante o possível risco de morrerem na missão, além de desvendar o complexo comportamento agressivo de HAL 9000, que tira muito a magia do primeiro filme.
Apesar de alguns contras, Peter Hyams ainda consegue fazer um bom trabalho, como nas cenas no espaço, mesmo que "imite" as cenas feitas por Kubrick, jamais perde a mão e temos cenas bem executadas como quando Dr. Walter Curnow e Victor Milson, americano e russo juntos, vão tentar reativar a nave Discovery, é uma das melhores, "inimigos" ajudando um ao outro quando seus países estão a uma gota de uma iminente guerra, além de ter mais uma carga dramática do que o filme anterior, que tinha uma abordagem mais fria (típico de Kubrick), como na cena em que as coisas ficam mais tensas na Terra e americanos e soviéticos precisam se separar, indo para seus respectivos "territórios", Discovery e Leonov. Dave Bowman reaparece como uma entidade intergaláctica, uma consciência não-material, que passa uma importante mensagem para Dr. Floyd e para HAL, que se por um lado perdeu uma complexidade envolta do personagem, pelo menos ganhou um nova dimensão envolta de sua "personalidade", sendo muito importante para o final do filme. A fotografia e os efeitos-especiais pelo menos continuam sendo de primeira linha, com uma leve inferioridade. O roteiro tem seus defeitos, mas ainda é competente em desvendar os mistérios sem subestimar a inteligência do espectador e muitos menos dos fãs da obra de Stanley Kubrick, e conta com um ótimo elenco sem muito destaque para algum ator específico.
2010 - O Ano Em Que Faremos Contato é uma boa experiência se vermos ele por si só, com alguns defeitos e muitas qualidades, mas é escurecido das sombras de um filme muito mais ousado em todos os quesitos, artisticamente e tecnicamente, mesmo assim, rende uma boa sessão de cinema em casa, para se mergulhar na magia de uma boa ficção-científica, com ainda um charme que o cinema de hoje não consegue mais atingir, e portanto, ainda é cinema de boa qualidade.
Nota: 7,0
Nunca me interessei por esse filme. Primeiro, porque é como você mesmo disse: 2001 é um filme único e uma continuação é desnecessário. Segundo, porque se houvesse uma continuação, o mais digno seria ela ser feita pelo próprio Kubrick. Fico longe de 2010, resistindo a tentação de ver Helen Mirren, o único nome que faz meus olhos brilharem no elenco.
ResponderExcluirAbraços!
a historia parece ser interessante! depois quero ver!
ResponderExcluiroi gostaria de fazer parceria com seu blog visite-me http://umcinefiloemjampa.blogspot.com o que me dizes???
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