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quinta-feira, 1 de março de 2012

Lua de Papel (1973)

Não é muito complicado falar de Lua de Papel (Paper Moon, 1973). Digo isso porque é um filme simplesinho que consegue conquistar quem lhe assiste logo nas primeiras cenas, principalmente por sua história e a atuação de Tatum O’Neal que no filme interpreta Addie Loggin, sendo esse o papel que lhe deu um Oscar e fez a atriz se tornar a mais nova a ganhar tal prêmio. Hoje em dia o filme é vendido como uma comédia de época, mas tem muitos elementos de um Road movie, que nos conta as aventuras da garotinha Addie e do vigarista Moses (Ryan O’Neal) que se disfarça como vendedor de Bíblias, utilizando como cenário diversas cidades e estradas americanas.
A história começa quando Addie está no enterro de sua mãe quando Moses chega – depois de roubar as flores de outra lápide – e diz conhecer a falecida. Sem eira nem beira, Addie precisa ir para o Missouri onde têm parentes, mas não tem como chegar lá sozinha, entretanto, todos no enterro parecem estar de acordo que Moses a leve para seu destino (devido ao queixo de ambos serem iguais, o que deixa a menina e as pessoas presentes em dúvida se este estranho seria o seu pai – curioso é que na vida real eles são pai e filha e, talvez seja por isso que estejam tão à vontade em cena).

No meio do caminho, Moses encontra o irmão do homem que atropelou e matou a mãe da menina e consegue extorquir dele 200 dólares dizendo ser pra Addie e, querendo se livrar logo dela, lhe compra uma passagem para o Missouri e a leva para comer, onde ela exige o dinheiro, numa cena com fotografia e atuações perfeitas. A partir daí, Moses leva Addie junto para realizar os seus golpes, e, em mais uma cena perfeitamente dirigida por Peter Bogdanovich, ele percebe que ter uma garotinha seria ótimo para seu negócio.

E o filme caminha assim, com a dupla realizando seus golpes. Para diversificar a trama (que é uma adaptação do livro “Addie Pray”, de Joe David Brown), há alguns outros elementos narrativos, como quando Moses se envolve com uma dançarina que também é, de certa forma, uma golpista que ganha dinheiro se “divertindo” com outros homens e que também tem uma menina que a ajuda, a jovem Imogene (P. J. Johnson). Ela se aproxima de Moses com o objetivo de tirar todo o seu dinheiro, o fazendo comprar vestidos caros, carros e se hospedando em pousadas requintadas. Outro elemento narrativo que é colocado na história é quando a dupla decide fazer seus golpes com um bando de contrabandistas.


Essas passagens diversificam a narrativa, entretanto, elas não são tão divertidas e interessantes quanto os momentos em que Addie e Moses estão sozinhos, mas não chegam a ser chatas ou aborrecidas, isto é, em nenhum momento o expectador perde a vontade de assistir ao filme. Há, ainda, outro pequeno deslize: a falta de uma trilha sonora mais marcante e presente em alguns momentos silenciosos que careciam de uma música ou um som.

Entretanto, deve-se ressaltar que o modo como a relação familiar entre Addie e Moses é construída de uma forma divertida, despojada e nos momentos certos, emocionante. Além disso, o nome do filme poderia ser o mesmo do livro, mas foi bem pensado o uso de uma passagem simbólica para os personagens – a lua de papel – como referencia. A fotografia em preto-e-branco também ajuda na produção, não desviando a atenção para algo que não a história, o enredo.


O filme não tem a intenção de reinventar o modo de contar histórias, nem possui aspectos técnicos notáveis, e tudo isso faz com que Lua de Papel seja um filme simples e despretensioso, mas nem por isso se torna menos brilhante ou menos interessante ou menos divertido do que é. Uma pequena joia, porém de valor inestimável. 

Nota: 9.0



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