Olá, antes de tudo, quero dizer
que essa crítica era para ser postada ontem (assim ela teria mais valia),
depois de ter assistido o filme, mas, infelizmente, não pude, acabei
simplesmente apagando na cama após chegar da sessão. Não que o filme me tenha
cansado, longe, mas o trânsito de Salvador e uma semana cansativa me deixaram
cansado. E, para quem sentiu minha falta, ou melhor, se perguntaram o que eu
fui fazer, pois, após fazer uma crítica a Alien, simplesmente desapareci, é
que, entendam, eu não estava publicando nada porque não tinha nada no cinema
que tivesse me animado a sair de casa, não fico feliz em pagar oito reais para
ver um filme que tenta me empurrar goela abaixo que a Kristen Stewart é uma “princesa”,
quando, na verdade, ela está mais para “sapo” (não que ela seja feia, mas ela
não consegue passar de uma adolescente que tenta ver se os seios vão crescer. Se
algum dia ela for um símbolo feminino, não será dentro dos próximos cinco anos).
Não vi o filme “Branca de Neve e o
Caçador”, por isso não irei criticá-lo mais (e, admito mais uma vez, estou com
a mínima vontade de ir vê-lo. Não que e repudie um filme sem tê-lo visto, mas
são oito reais, eu posso fazer coisa melhor com ele). Talvez essa semana eu
veja o novo filme da franquia “Madagascar”, o próprio "Branca de Neve e o Caçador" ou “MIB³” (que, mesmo gostando do
primeiro, esse novo filme também não me anima e não sei se escreveria uma
crítica dele, o Diogo Cisne já fez um comentário ao filme num de seus vídeos),
mas, deixando de maior enrolação, vamos ao que interessa: “Deus da Carnificina”
é bom ou não? Sim, é, e muito bom, na verdade.
Eu não sou um dos maiores
admiradores de Roman Polanski. Foram poucos filmes que vi dele, conheço ele
mais pela sua fama fora dos sets (ele pode ser considero a Amy Winehouse ou o Keith
Richards dos cineastas) do que pelos seus filmes, logo não esperem que eu
compare esse filme aos filmes do início da carreira dele (e é algo que preciso
fazer- uma sessão com vários filmes do polonês).
O filme, adaptado de uma peça teatral
com o mesmo nome do título brasileiro (o original é apenas “Carnage”, sabe Deus
porque, ou opção do Polanski, mesmo, ou porque algum executivo metido a besta
achou “God Of Carnage” ofensivo). Ele, assim como os outros filmes adaptados de
peças teatrais, é curto (apenas 80 minutos), calcado em diálogos e se passa em
poucos cenários (esse apenas uma cena rápido num parque e dentro da casa do
casal Longstreet). Ele tem todos esses cacoetes de filmes adaptados de peças
teatrais (até o clímax que não parece um clímax cinematográfico), mas não é teatro
filmado, longe disso, Polanski usa uma composição de planos precisos, sempre
aproveitando o uso de espelhos (que não só ajudam esteticamente, como
contribuem para o ar de hipocrisia das situações) e usa uma montagem rápida que
sempre mantém a atenção do público (mesmo o filme todo se passando entre um
banheiro, uma sala e uma cozinha), tornando mais rico já o delicioso e hilário texto
adaptado pelo próprio Polanski e a Yasmina Reza (que escreveu a peça original).
Tudo começa com um incidente. O filho
do casal Cowan (Kate Winslet e Christopher Waltz) bate no filho do casal Longstreet
(Jodie Foster e Jonh C.Reily) com um pedaço de madeira. Para resolver o
problema causado pelos danos que o filho causou, os Cowan vão à casa dos
Longstreet tentar resolver o problema. A partir desse molde simples se inicia
um filme que vai destruindo pouco a pouco o falso moralismo de suas
personagens; os discursos polidos e politicamente corretos do início do filme
dão lugar a palavrões e conceitos sobre a própria vida, ainda que condenáveis
num ponto de vista moral, sinceros. Mas, não só isso, sempre engraçado e nunca
querendo ser grandioso, não é um texto que visa mudar vidas ou ser o mais
excelente drama dos últimos tempos (é uma comédia, na verdade), mas apenas
mostrar de maneira irônica e mordaz a hipocrisia de suas personagens, que são
apenas estereótipos de tipos urbanos (uma "perua", um homem de negócios, uma mulher engajada e um homem simples perto da classe proletária).
As atuações são a cereja do bolo.
Nunca teatrais (mais uma vez: é cinema, não teatro filmado), todos os atores
mostram que estão se divertindo, e, não só se divertem, nos divertem também. Nem piores, nem melhores, todas as atuações são ótimas, o elenco está em estado de graça.
Algumas cenas nasceram impagáveis (na verdade são pagáveis e até baratas pela
qualidade. Oito reais a meia-entrada aqui em Salvador durante a sexta não é um
preço ruim considerando a quantidade de risos que ouvi na sala), contando
diálogos afiados e timing perfeito, “Deus da Carnificina” é uma ótima opção numa
semana sem maiores obras no cinema.
Estou curioso com este novo trabalho de Polanski.
ResponderExcluirAlém do diretor, o tema também me agrada.
Abraço