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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Filha do Mal (2012)


Lá se vão mais de 12 anos que A Bruxa de Blair (The Witch Blair Project) conquistou o mundo com uma nova forma de fazer terror: adotando uma câmera subjetiva - recurso há muito esquecido na indústrica cinematográfica -, os diretores Daniel Myrick e Eduardo Sánchez construíram uma narrativa com ar documental, o que logo provou-se um tremendo sucesso entre os fãs. Afinal, pensar que aquelas imagens cruas vistas em cena pudessem ser reais mexiam com o imaginário do espectador, o impressionavam, tornando-se um bom exemplar a ser copiado em todo o mundo na década seguinte. As produções que viriam a seguir, porém, teriam de enfrentar um problema que a produção de 1999 também apresenta: justificar a presença da câmera ligada em momentos pouco cabíveis.

Produzido em 2002, o pouco conhecido O Olho Que Tudo Vê (My Little Eye) foi um dos primeiros a seguir conceito parecido, filme em que os personagens eram participantes de um reality show. Entre os exemplares mais famosos, os ótimos Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2007) e o espanhol [REC] (Idem, 2007) não contornaram a dificuldade de A Bruxa de Blair por completo, enquanto a câmera em Cloverfield - Monstro(Cloverfield, 2008) permanece ligada em meio ao caos de uma cidade destruída, mesmo quando os personagens encontram-se em fuga. Neste aqui, o exagero da câmera subjetiva é trágico, o que faz o espectador pensar sempre no absurdo da filmagem; documentar todos os passos da criatura se mostra mais importante que a vida dos protagonistas. O recente Atividade Paranormal 3 (Paranormal Activity 3, 2011), então, encontrou uma desculpa bem razoável para o recurso, com um personagem que além de curioso é câmera profissional, hobby que se estende inclusive em situações íntimas. No topo dessa evolução, então, identifico o terror A Filha do Mal (The Devil Inside, 2011), mas antes apresento sua sinopse.




Em 1989, um exorcismo malsucedido provoca a morte de dois padres e uma freira, mas a assassina é absolvida por insanidade mental. Maria Rossi (Suzan Crowley, em atuação destacada) é transferida para um hospital psiquiátrico no Vaticano, e, 20 anos depois, sua filha Isabella (Fernanda Andrade, atriz brasileira muito parecida com Cléo Pires) tem o interesse de comprovar a verdade por trás do crime cometido pela mãe. Assim, seu amigo Michael (Ionut Grama) a acompanha em todo lugar com a sua câmera a tiracolo, já que o objetivo da protagonista é obter provas sobre sua tese - assim como é sugerido, em dado momento, que o companheiro de Isabella tem o interesse de produzir um documentário.

O roteiro de Matthew Peterman e do diretor William Brent Bell ainda proporciona o bom proveito das câmeras de segurança do sanatório e das filmadoras utilizadas pelos exorcistas Ben (Simon Quarterman) e David (Evan Helmuth), que têm nas imagens a esperança de convencer a Igreja da necessidade da prática para ajudar pessoas vitimadas pela possessão demoníaca. A única ressalva a se fazer a esse respeito seria a colocação de lentes estratégicas no carro de Isabella, de necessidade duvidosa e que só se justifica por uma cena importante e que será facilmente identificada ao assistir ao thriller. A partir daí, no entanto, a trama vai apresentando um monte de pequenas falhas que acabam interferindo na obra final.





Ávido por conferir realismo ao filme (as características de documentário não bastam), a câmera de Michael utiliza o zoom a todo momento e treme demais durante uma simples conversa de bar, e alguns diálogos desnecessários são inclusos na trama pra realçar o efeito de vídeo amador. Talvez esses recursos fossem utilizados mais economicamente se o roteirista Brent Bell acreditasse mais em si mesmo como diretor, já que nas principais cenas do longa, as de exorcismo, ele está impecável. Por esse mesmo motivo, o roteiro desliza ao provocar sustos rasteiros pela interrupção de um longo período de silêncio (a projeção não precisa de trilha sonora para gerar tensão) com uma revoada de aves ou o latido de um cachorro.

Finalizado de maneira um tanto abrupta demais e cometendo sempre deslizes evitáveis (por que um padre exorcista teria dificuldade em perceber que o próprio amigo está incorporado?), Filha do Mal é um longa eficiente em sua proposta principal, que é tornar-se mais assustador por seu realismo. De quebra, ainda apresenta motivos plausíveis para o exorcismo ser ignorado pelo Vaticano e choca o público com cenas de possessão que poderiam muito bem pertencer a verdadeiras imagens de arquivo. Enfim, um filme de terror razoável para os mais críticos, mas um prato cheio para quem gosta de tomar bons sustos.




NOTA: 6,0

Um comentário:

  1. Não gostei muito deste não.
    O Ritual, ainda foi melhor.
    Acho que se é pra fazer um pseudodocumentário entã que traga algo novo, o que eles não fizeram aqui, aliás trouxeram uma parafernalha eletrõnica para auxiliar no exorcismo, rsrsrs

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