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sábado, 24 de março de 2012

Viagem Maldita (2006)


Um remake do cult Quadrilha de Sádicos, um respeitado clássico trash dos tempos de ouro da carreira de Wes Craven, era, no mínimo, algo duvidoso. Afinal, se o próprio material original perdeu um pouco de sua força e impacto com o passar do tempo, o que dizer de uma nova versão que, basicamente, deveria seguir as mesmas regras? E mesmo a fórmula do original de anos atrás já não parece mais funcionar atualmente, já que sua narrativa transpira clichês por quase toda a projeção.

E por incrível que pareça, o diretor desta nova versão, Alexandre Aja (do recente e divertidíssimo Piranha 3D), consegue driblar muitos dos problemas prévios e entrega um produto com resultado surpreendente. Quando digo “driblar”, não significa que Aja tenha escapado de seus próprios problemas, porém o mesmo consegue trazer à tona muito do que deu certo no original de Wes Craven, criando uma ótima diversão explotation, carregada de muito sangue, adrenalina e alguma tensão.

Tecer ou apresentar comentários sobre a trama seria desrespeitar a inteligência e paciência do público, e o próprio Aja parece saber disso ao apresentar uma abertura violenta e pesada, deixando claro o tipo de experiência que o espectador irá enfrentar durante os minutos seguintes. Mas Aja não se deixa entregar pelo espetáculo sanguinolento logo de cara, e assim como Craven acertadamente fez no original, a primeira metade é dedicada a apresentação e desenvolvimento dos personagens, no objetivo de que criemos alguma empatia pelos mesmos. Talvez o roteiro não tenha tido muito sucesso neste sentido (alguns personagens, como o caçula Bob, são realmente chatos), porém é louvável que em tempos onde filmes de terror se resumem a banhos de sangue e corpos sendo decepados, este aqui encontre tempo e disposição para algum desenvolvimento adequado para as figuras na tela.

Após isso, o banho de sangue começa, e é ai que o filme começa a sabotar a si mesmo. Se a primeira versão em sua época fora considerada tão violenta a ponto de receber a classificação X (nível da censura americana para filmes pornôs), Aja também não poderia fazer feito neste sentido, e o resultado é uma experiência extremamente visceral, explicita e sem pudores no que se refere a exibir excessos de violência na tela. O que acaba por diminuir este perante o material original é quanto ao objetivo do uso da violência exacerbada. Quadrilha de Sádicos era, lá no fundo, uma análise sobre o pior lado do ser humano e o como o homem pode ser o pior dos monstros, já Viagem Maldita parece ter esquecido deste detalhe, se contentando em utilizar a violência com o único objetivo de revirar o estômago do público.

De fato, o filme funciona neste sentido. Semelhante ao nada sadio, porém sadicamente divertido O Albergue, a violência se torna o destaque do filme, com tripas de fora e cabeças decepadas sendo exibidas aos montes na tela (de fato, algumas cenas são tão fortes que é difícil encarar), isso sem mencionar a aparência dos vilões, bizarra e realista a ponto de causar repúdio no espectador. Aos que gostam de uma experiência desse porte, Viagem Maldita é um prato cheio.

Entretanto, isto também revela a falta de pretensão da produção, que lá no fundo, não passa de apenas mais uma dentro do gênero. O desenvolvimento dos personagens é interessante, e mesmo as atuações se mostram muito acima do exigido para algo do tipo, mas jamais conseguindo esconder os clichês e a futilidade da produção como um todo. Os fãs do gênero deverão gostar, porém os admiradores do original deverão considerá-lo sórdido e desnecessário. Mas em termos de entretenimento, não chega a ser um total desperdício de tempo.

Nota: 6.0



Um comentário:

  1. Não considero uma refilmagem ruim, inclusive tem algumas sequências a mais e um roteiro que explica melhor as deformações.

    No geral considero um empate, o filme de Craven é um clássico cult e a refilmagem um trabalho que diverte os fãs do gênero.

    Abraço

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