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segunda-feira, 5 de março de 2012

Batman Begins (2005)


O personagem criado por Bob Kane é um dos maiores personagens de quadrinhos concebidos até hoje, bem como um dos mais lucrativos da história. Porém o sucesso de Batman só lhe permitiu um longa-metragem no final da década de 80, ressurgindo novamente com os bockbusters. Não poderia ter sido melhor, tendo em vista que o diretor responsável pela adaptação para as telonas é o igualmente sombrio Tim Burton, que também filmou uma continuação, dois anos após. Com o clima pesado demais, até mesmo para o universo do personagem, Joel Schumacher entrou no lugar de Burton e filmou mais duas continuações, infinitamente inferiores aos primeiros, tendo em vista os exageros coloridos. Após "Batman e Robin" (1997) a franquia foi enterrada de vez e cancelada, sem previsão de retorno. Foi então que Christopher Nolan, em 2005 deu nova vida ao herói noturno, com "Batman Begins", que ficaria responsável em dar um novo início e rumo a tão desgastada série.

Quando seu longa foi lançado nos cinemas, causou um impacto quase que imediato, tendo em vista a mudança drástica no quesito 'universo' do herói. Desta vez, nada de uma história fantasiosa, muito menos vilões quase que sobrenaturais. Desta vez a palavra que reina nesta nova série do Batman é verosimilhança! Nolan nos oferece uma perspectiva real do universo de Batman, e constrói isto com maestria, aos poucos, onde o roteiro é seu ponto forte. Se no primeiro filme, de 1989, Burton optou em em mostrar um Batman já pronto, estruturado, contando com a popularidade do herói, não se preocupando em contar as origens do personagem, aqui Nolan inicia seu longa das raízes profundas e complexas da mente de Bruce Wayne, antes mesmo do mesmo tornar-se Batman.

Christian Bale encarna o herói, e finalmente os fãs ganham a personificação definitiva do herói nos cinemas. O ator é o melhor a vestir o uniforme, até então, e prova que não apenas interpreta um Batman acima da média, mas vive um Bruce como nunca tinha sido anteriormente, dando profundidade em sua personalidade excêntrica, explorando a fundo seu personagem. A narrativa se constrói aos poucos no longa, mostrando o desenvolvimento físico e psicológico de Bruce, em um treinamento rigoroso nas montanhas, realizado por Ducard (Liam Neeson).


Bruce Wayne é um individuo solitário, amargurado e podre de rico, que cansado de ver a cidade que seu pai ajudou a estruturar, busca alcançar meios de vencer a corrupção na metrópole. Para isto parte em busca de conhecimento e treinamento. O mesmo se infiltra em penitenciarias e afins, fica cara a cara com bandido, tudo isto para aprimorar suas noções de combate, bem como interagir mais de perto com o sujo mundo do crime, para assim, tentar pegar uma fraqueza do mesmo. A realidade nas cenas é incrível, mostrando todo o desenvolvimento do protagonista de forma cruel e nada fácil.

A primeira hora do longa é reservada exclusivamente para o desenvolvimento de Bruce e sua mentalidade, em como agir frente aos bandidos, e de que forma o mesmo deve usar seus próprios medos para causar medo. Não espere ver o herói em ação na primeira metade do filme. Todo este aprofundamento é essencial para o sucesso do restante do filme, tendo em vista uma empatia para com o protagonista, onde o público passa a acompanhar de perto a trajetória de Bruce, com seus medos, suas fraquezas, seus poderes, sua personalidade, enfim, o personagem é estruturado de forma correta, aos poucos, nos mínimos detalhes, para então, detonar e entrar em ação contra os bandidos em Gothan City.

Com uma atmosfera realista, nada melhor então que explicar absolutamente tudo que envolve o herói, desde seu uniforme, suas utilidades, e até mesmo seu batmóvel. Nolan praticamente desconstrói seus mitos. Para isto, o personagem de Morgan Freeman, Lucius Fox, é essencial à trama. É seu personagem que lhe garante todo o suporte tecnológico, diretamente do centro de pesquisas das empresas Wayne. Como fora mostrado nos longas anteriores, Batman possui um acervo tecnológico maravilhoso, mas que nunca fora explicado. Desta vez, tudo possui uma fonte, e esta fonte desta vez está ligada a Lucius, que em nome das empresas Wayne, financia todo o equipamento, onde o mesmo utiliza as mais mais variadas desculpas para isto. Suas atitudes suspeitas chamariam a atenção de alguém na continuação, porém isto é outra história.


Um dos inúmeros pontos positivos da trama são, além da complexidade da trama, de um roteiro elaborado e estruturado, quase sem falhas, são seus personagens. Michael Caine, como o mordomo Alfred é incrivelmente carismático e interessante para a trama. Seu envolvimento de quase um pai para Bruce é explorado aqui de forma criativa e expressiva. Suas passagens são todas carregadas de ironia, conselhos, situações engraçadas e algumas de reflexão, deixando o personagem totalmente delicioso de se acompanhar. Katie Holmes interpreta a mocinha do longa, Rachel Dawes, sendo um destaque positivo á trama. Finalmente uma personagem forte, que não se limita a apenas gritar socorro pelo herói, como Mary Jane, por exemplo. Dona de uma personalidade interessante, Rachel é amiga de infância de Bruce, e ao longo da projeção, bem como com a inserção de flash-backs, podemos notar o forte vínculo que ambos construiram.

Após Bruce vestir seu uniforme e sair as ruas para combater o crime, o longa alcança um alto patamar de ação, com cenas de adrenalina desenfreada e tensão constante. Nolan explora uma Gothan City aparentemente menos gótica do que nos filmes anteriores, mostrando em sua primeira hora, uma cidade bonita e com uma infra-estrutura moderna, mas após Bruce vestir seu uniforme e encarar os bandidos, o que se vê são ruas infestadas pelo caos, loucura, bandidos soltos, elementos bem parecidos mostrados por Burton, só que em menor escala dramática e visual. O ambiente geral do longa em sua hora final muda completamente. Outrora, ambientes claros, ensolarados e leves eram mostrados, mesmo que em poucos momentos, mas em seu final, o que se vê são ambientes de pouquíssima luminosidade e uma sensação de desconforto, que na continuação, ganharia contornos maiores ainda.

Os vilões do longa estão longe de serem fantasiosos ou detentores de poderes sobrenaturais. São homens comuns, embora tenham uma mente melhor trabalhada do que os simples bandidos que infestam as ruas de Gothan. Ra's Al Ghul e Ducard são os que mais oferecem trabalho ao herói, quase levando Gothan a destruição. Outro vilão que dá as caras, é o Espantalho, vivido por Cillian Murphy. Não poderia ter sido escolha melhor, tendo em vista que o sentimento que impera durante todo o longa é o medo e suas consequências. Com sua máscara e seu veneno, que deixa as pessoas em estado de paranóia total, é um personagem bastante interessante, bem como quando está em sua 'personalidade normal', como o Dr. Jhonatan Crane, igualmente criativo, insano e expressivo.

Enfim, "Batman Begins" é um exemplar formidável, que trouxe novamente a dignidade ao personagem, bem como iniciou uma nova era com o pé direito. Christopher Nolan é o responsável direto por este sucesso e aceitação. Sua iniciativa em construir calmamente os personagens, as relações entre ambos, o roteiro e suas explicações, tudo funcionou perfeitamente, tornando este longa uma das melhores adaptações de um personagem dos quadrinhos. O homem morcego nunca recebeu um tratamento tão digno, tamanha sua importância e influência.

Nota: 9.0




2 comentários:

  1. Sou fã do Batman. Excelente escolha. Irei volta, aqui, e reler os anteriores. Para poder comentar com mais propriedade. Um abraço...

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  2. Valeu pela visita, Maxwell. Esperamos pelo seu retorno aos coments.

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