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sábado, 30 de abril de 2011

Cães Assassinos (2006)


Para quem está habituado a filmes de terror trash (como eu), Cães Assassinos é uma agradável surpresa.

Devo admitir que, quando comecei a ver este filme, não fazia a mínima ideia sobre aquilo que ele tratava. Só tinha visto a capa, e pensava que mexia com seres humanos mutantes, que agissem como lobisomens, confrontassem lobos e, quem sabe, comessem humanos. Estava muito enganado. Enfim, não sabia praticamente nada sobre o filme. Mas precisava? Na locadora, assim que passei perto dele…ding-ding-ding-ding-ding! Algo me chamou a atenção. Tinha visto bem? Michelle Rodriguez? A minha querida Ana Lucia?=O Não precisei de mais nada. Aluguei o filme e não tardei a vê-lo, mesmo estando completamente alheio à história. E, devo dizer, não me arrependi. O filme pode ter muitos defeitos, mas que tem grandes qualidades, tem.

Para começar, os cães não são nenhuma criação fajuta da realidade virtual. São cães a sério, com dentes verdadeiros e que podem magoar muito os actores se assim o desejarem. O uso de cães verdadeiros é uma grande mais-valia, pois transmite mais realismo ao filme. Depois, o filme consegue a proeza de ter bastantes cenas de nhac-nhac (ou seja, cenas em que os personagens são atacados pelos cães do filme) sem matar muita gente. O que, neste caso, é bom. Para além daquela questão dos laços que criamos com os personagens, temos de considerar que pouca gente morta permite mais cenas de nhac-nhac! Para além de que os personagens são só cinco. Se morresem muitos, acabavam-se logo as vítimas! E por falar nos personagens, outra vantagem é que estes, apesar de adolescentes, não são tão ordinários e desmiolados como os do geral dos filmes de terror. Estes são mais razoáveis, usam a cabeça, têm o seu quê de bacanas e têm piada. Por aqui se vê que é um terror que tem algumas coisas diferente dos demais.

O filme começa com uma demonstração do que os “monstros” do filme podem fazer, com aquele velho truque de não mostrar a ameaça em concreto. A verdade é que, batida ou não, essa cena cria tensão. Funciona bem e faz com que o filme comece com o pé direito. Para além de que o facto de as primeiras vítimas serem mais crescidinhas traz ainda mais tensão. Afinal, a maior parte dos adultos não se assusta com coisa pouca, devido ao seu, quiçá ingénuo, pensamento “Tem de haver uma explicação lógica para isto…”. Depois disto, surge então o quinteto principal do filme. Ai, é tão bom ver a minha Ana Lucia no meio deles! Cada palavra, cada coisa que ela faz…*.*. Com o passar do tempo, percebi que os amigos dela até eram bacanas. Gostaram da cabana onde o grupo ficou instalado, estão bem-dispostos e divertidos. Cada um se vai divertindo, até que…aparecem os cães no filme. Não vou dar aqui muitos pormenores do que acontece, mas a verdade é que se passam várias cenas de ataques de cães, com bastantes mordidas, até o grupo decidir fugir, seja para trás ou para a frente.


E, como de costume, os ataques vão-se tornando cada vez mais frequentes e cada vez mais cães aparecem. O esquema adoptado neste filme não é muito diferente de outros filmes do género. Mas, pelo menos eu achei, aqui ele é bem usado. Quase todas as cenas funcionam muito bem, e cria uma boa tensão. Portanto, o filme oferece praticamente tudo o que um filme de terror deve oferecer. É certo que, lá para o fim, os roteiristas parecem tem adormecido e usado um pouco de fantasia a mais, mas isso não estraga muito o filme, que muito fez até aí. A cena final é boa, um final por nós bem conhecido, mas sempre bacana.

Ah, queria ainda avisar uma coisa: como todos nós sabemos, os actores de filmes de terror não costumam ser grande coisa, mas olhem que o elenco deste filme não está assim tão mau! Michelle Rodriguez está sempre, no mínimo, razoável no seu papel de líder natural (quem disser que não leva um pontapé!). Taryn Manning, pelo menos depois de se tornar aquela espécie de zombie, tem uma performance muito interessante. Mas, pessoalmente, a actuação que eu mais gostei foi a de Oliver Hudson. Marcante! Chegou a lembrar-me o Boone de “Lost”. Coincidência? Não! Para quem não sabe, o actor Ian Somerhalder chegou a ser indicado para um papel neste filme! Mas foi-se embora antes de as filmagens começarem. Bem, nunca pensei dizer isto, mas não se dá pela falta dele! Nem sei se a personagem dele era John, mas Oliver Hudson ficou com a grande responsabilidade de ser o “Boone” do filme. E fê-lo na perfeição.

Como já dei a entender (espero…), Cães Assassinos é uma pérola do terror que mexe com “monstros”. Tem várias qualidades que muitos outros filmes de terror não têm, e só por isso merece ser visto. Um filme desconhecido surpreendentemente bom.

Nota 7.5

O Último Rei da Escócia (2006)


Bombardeado de elogios à Forest Whitaker, O Último Rei da Escócia vê mérito ir todo à interpretação do ator principal.

Na certa, o filme de Kevin Macdonald foi feito para causar polêmicas, e das grandes. O enredo do filme, escrito pelo mesmo roteirista de A Rainha, Peter Morgan, ressalta a vida de um médico escocês que logo após se formar em medicina, escolhe aleatoriamente um lugar do mundo para pôr suas habilidades médicas em prática. Hilariamente, o lugar escolhido é Uganda, um país palpérrimo da África, que acaba de sofrer uma terrível guerra civil, causada pelo imperialismo da Europa. James McAvoy interpreta o médico Nicholas Garrigan, que ao ingressar nos árduos trabalhos do país africano, é chamado para socorrer o então presidente da Uganda, Idi Amin Dada (Forest Whitaker). Amin se mostra desde o início um presidente do povo, respeitável e justo, disposto a fazer uma carreira política completamente oposta a de seu antecessor, que roubou dinheiro público e afundou o país em uma miséria ainda maior. Amin, ao ser observado mais em seu íntimo, se mostra um homem egoísta e autoriatário. Tais caracteríticas lhe são atribuídas após um acidente envolvendo o presidente e uma vaca, atropelada pelo carro do mesmo. A vaca estava quase morrendo, gritando, berrando de dor, ela estava em um estado crítico. Já Amin, fez seus seguranças percorrerem distâncias para achar um médico e cuidar de um pequeno machucado em sua mão. Desconcentrado pelos berros da vaca, Garrigan dá um tiro no animal, com a arma de Amin. Este, incomodado que o médico usou sua arma para matar um animal, logo ganha a simpatia do rapaz, ao descobrir que o mesmo é escocês. Amin tem um grande respeito pelos escoceses. Aos poucos, o presidente começa a mudar seus hábitos de comandar o governo de Uganda, transformando-se em um ditador. Garrigan logo vai adquirindo a confiança de Amin, tornando mais tarde, o médico particular do presidente. É o início de uma série de problemas que envolvem os dois, desde traição e desconfiança até a perda de um grande respeito.

Se falar mais um pouco, o filme não precisará mais ser visto. Que tal gastar um parágrafo para falar do grande destaque de O Último Rei da Escócia? Forest Whitaker comanda a melhor atuação de sua carreira no papel do ditador ugandense. Em uma incrível caracterização, Whitaker muda seu tom de voz para ficar mais próximo ao sotaque que Amin possuia. Sua interpreação é ótima e merecidamente, ganhou o Oscar, prêmio muito adiado a um dos atores mais promissores dos EUA.


Além dele, James McAvoy também está muito bem, mas sua atuação chega a ser entediante em alguns momentos. Está bem para o começo da carreira do ator, mas poderia ter sido melhor.

Em geral, não há reclamações plausíveis para o roteiro de Morgan, muito competente e alerta a cada detalhe deste roteiro baseado em uma história real. O diretor, apesar de ser seu primeiro trabalho no cinema, acaba sendo bastante influente e foi o principal responsável pelas interpretações do filme. O Último Rei da Escócia, assim como A Rainha, é um filme de ator e atriz, respectivamente. Pode ser devido ao modo como Peter Morgan escreve seu roteiro, levando destaque especial aos intérpretes principais, ou um simples confronto de idéias entre o diretor deste e de Stephen Frears do filme de Helen Mirren. Mas o fato é que funciona, e muito.

Nota: 7.5



sexta-feira, 29 de abril de 2011

Sexta-Feira 13 (1980)


A história de Sexta Feira 13 conquistou milhares de fãs ao redor do mundo, trazendo novos elementos que ao longo dos anos contribuiria para modelar o terror moderno nos cinemas, embora modelos como o Massacre da Serra Elétrica e Halloween, ambos da década de 70, já tinham inserido tais características dentro do gênero, e com muito sucesso, diga-se de passagem. Com um pequeno orçamento de pouco mais de R$ 500 mil dólares, uma equipe apaixonada por filmes de terror B se uniu para, além de tentar pegar carona nos sucessos já referidos aqui, realizar um filme que ao menos se pagasse, e com muita ajuda divina, se tornasse um pequeno sucesso. Nem o diretor Sean S. Cunningham imaginaria o quão seu filme se tornaria um mito.

Com uma trama centrada em adolescentes que só pensam em se divertir, tudo regado a bastante cerveja, sexo e drogas, todo o cenário é propício para o aparecimento de um vilão, mas nada de sobrenatural, alguém muito vivo, que arma planos perfeitos para acabar, um a um, com todos os jovens que ali estão arruaçando. O clima do filme se mostra o grande diferencial, onde paira no ambiente um mistério arrepiante, construído de forma eficaz por um a trilha sonora inspiradíssima, além de uma edição bem desenvolvida, revelando um caráter sombrio de primeira. A fotografia, mesmo que seja escura em sua maioria, provoca arrepios, principalmente quando os jovens estão em meio à floresta.

Os adolescentes vão morrendo um a um, de forma surpreendente, e acima de tudo, incrivelmente assustador, já que o diretor abusa de passagens lentas, antes do ataque misterioso do vilão. A ordem pré-estabelecida por estes filmes seriam seguidas rigorosamente por outros modelos mais a frente. O filme fez tanto sucesso que jovens da época pensavam três vezes antes de acamparem, levando ainda em consideração que tal geração possuía uma mentalidade totalmente diferente da atual, sendo marcada profundamente por estes tipos de filmes, que com a chegada de Freddy aos cinemas, o medo passaria a se transformar em admiração e estes monstros sagrados do terror acabariam tornando-se heróis da juventude dos anos 80.


O mistério criado até o final do filme é digno de parabéns, pois o público se pega tão apreensivo e assustado com tudo que acontece na projeção, que se torna uma tarefa quase impossível descobrir quem está realizando os assassinatos. Quando todo o mistério é solucionado, os detalhes começam a fazer sentido, e a trama assume características de perseguição, caindo as cenas lentas de mistério na mata, para dar lugar a uma verdadeira luta corporal entre mocinha e vilão do filme. Impossível não se impressionar com a belíssima atuação da hoje senhora Palmer, que vestiu a camisa com bastante determinação e entregou ao público e futuros fãs da série um trabalho maravilhoso e marcante.

Sexta Feira 13 também possui defeitos, e um destes é a perseguição final, que contraria praticamente tudo que fora realizado anteriormente. O responsável pela matança no acampamento parecia ser alguém perfeito, sem deixar rastros, armando planos e situações perfeitas para agarrar suas vítimas, para ao final, com o cair das máscaras, passar a ser alguém tão frágil quanto a mocinha. Claro que o diretor teria que construir um clima de correria, onde não faria sentido a mocinha chegar e matar o assassino com apenas uma machadada. O problema é que a embolação que se cria no desfecho, embora traga emoção de sobra ao telespectador, vai contra ao que fora apresentado antes. Essas características seriam copiadas nos capítulos seguintes, principalmente na Parte II.

Enfim, o primeiro capítulo de uma extensa saga, que ao longo dos anos e de seus capítulos perderia sua essência, e acabaria se tornando filmes caça níqueis, sem propósito algum de existir, além ainda, de estragar toda a mitologia que fora criado pelos primeiros capítulos. Adrienne King entrou para a história dos filmes de terror como uma das melhores mocinhas até então, o que lhe rendeu muito sucesso em feiras e eventos de filmes de terror, além de um psicopata real que lhe atormentava após o sucesso do filme. Porém a surpresa maior estaria guardada para o final do filme, uma idéia de última hora do diretor, que faria a platéia gritar em um último e digno susto. Jason viria para ficar na historia dos filmes de terror e do cinema.

Nota: 8.5

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Veludo Azul (1986)


David Lynch é um dos cineastas de maior personalidade no atualmente. Seu crédito quanto a isso se deve principalmente por ele não ter medo de arriscar nos trabalhos que faz, conseqüentemente proporcionando um cinema ainda mais autoral e inovador. A cada filme que realiza vemos uma extração precisa de seus devaneios, e das quão criativa e genial é sua mente, esta servindo como base principal a qualidade e peculiaridade de cada filme que constrói. Veludo Azul é o cinema de Lynch flertando mais com a exatidão que em obras posteriores, este além ser uma amostra para o espectador, demonstrando a qualificação do cinema do cineasta, é também uma analise social consistente, dotada de metáforas e reflexões relevantes.

Seria adequado ressaltar primeiramente que Veludo Azul mesmo flertando mais com a realidade propriamente dita, ainda consiste em um alto nível de complexidade, típico do trabalho do diretor, e por isso não será bem aceito aos que aterem-se a uma trama corriqueira de personagens e situações fáceis e rapidamente digeríveis. Não. O cinema de Lynch desde ontem, hoje e de sempre se ateve apenas a agradar um público, os que embarcarem em sua mente e navegarem em seus profundos devaneios. Aos que mantiverem ativos a uma viagem que desafia os sentidos e mexe com o psicológico. Veludo Azul traça uma linha concorrente entre a realidade e o imaginário, onde através de uma orelha temos o portal para um mundo mais obscuro, psicodélico, subliminar e por que não dizer, real.

A medida que somos apresentados a um tecido azul ondulante nos créditos iniciais do filme não sabemos qual o espetáculo que nos aguarda atrás daquele veludo, eis que somos apresentados a paisagens belas e aparentemente felizes. Cães correndo, crianças brincando, pessoas sorrindo, o sol brilhando intensamente. Uma fachada perfeita. Pouco a pouco Lynch vai descascando as camadas e nos mostrando a verdadeira realidade (aquela embaixo da grama verde), situada em lugares noturnos e vivida por pessoas sinistras. Veludo Azul é toda uma sociedade artificial sendo apagada pelo verdadeiro e complexo submundo, onde imperam o horror e o caos. Um mundo escondido que a sociedade “perfeita” pretende apagar de sua visão.


Veludo Azul além de toda sua montagem subjetiva carrega consigo um ar crítico, direcionado a sociedade perfeita e os podres que ele tenta esconder embaixo do tapete, o estilo de vida norte americano aqui relatado foge do apresentado em Beleza Americana (American Beauty, 1999), não só por abrangerem temas opostos, mas por Lynch constituir em sua análise um prisma que flerta com o lado mais obscuro e complexo desta, não para ampliar na vida de cada um que a compõe, mas por tratá-la como uma maquiagem para a verdadeira realidade que esta procura esconder. Obviamente, como se trata de David Lynch, essas discussões sociais viram sempre em metáforas durante o percurso de sua narrativa.

Além de compor uma atmosfera densa e angustiante, Veludo Azul trabalha também nas pessoas que habitam sua trama, seus personagens complexos e confusos, onde a moral destes não é o foco da produção, e sim suas atitudes e ações sobre circunstâncias extremas. Lynch modela seus personagens de acordo com a linha que a estória percorre. Cada personagem monta um contraste em relação ao outro, onde de início somos apresentados ao simpático Jeffrey, protagonista da trama, e quando a trama inclina-se para seu verdadeiro objetivo, surge o doentio Frank (Dennis Hooper), que assim como os dois mundos mostrados aqui, respectivamente a sociedade “perfeita” e a sociedade obscura, é um contraponto do que o protagonista representa. Veludo Azul brinca com os dois universos, desde o affaire do protagonista com a ingênua Sandy, até sua relação intensa com a sedutora cantora Dorothy, marcando um paralelo entre o mundo perfeito e o mundo perverso, deixando a cargo do espectador a decisão de qual desses é o mais divertido e instigante.

Lynch fez de Veludo Azul um delirante jogo psicológico, dotado de fórmulas não convencionais que reforçam ainda mais a particularidade do cinema do diretor. Lírico, psicodélico e extra-sensorial. Essas e outras características assumem este glorioso trabalho de David Lynch, e preenchem-no como um verdadeiro e inestimável clássico do cinema. Veludo Azul pode não ser a obra prima de seu diretor, mas definitivamente é um filme ímpar, original, e que irá marcar a todos que se deixarem levar por ele, da forma mais positiva possível.

♪ "Pena que todas essas coisas,
Só acontecem nos meus sonhos
Só nos sonhos
Em belos sonhos."

Nota: 8.0

Curtindo a Vida Adoidado (1986)


Ultimamente os filmes adolescentes estão se tornando cada vez mais patéticos. Temos como exemplo os filmes idiotas e sexualmente apelativos da série American Pie, assim como temos os estúpidos presos nas amarras do politicamente correto, como "Camp Rock" (Camp Rock, 2008). Isso só pode significar uma coisa: as novas gerações de pré-adolescentes estão cada vez mais perdidas. Isso porque eles não tiveram a oportunidade de curtir filmes inesquecíveis, como é o caso de Curtindo a Vida Adoidado. Filmes dessa época, como os inesquecíveis "Gatinhas e Gatões" (Sixteen Candles, 1984) e "A Garota de Rosa-Shocking" (Pretty in Pink, 1986) sabiam exatamente como ser divertidos, mostrando com verdade todas as neuras que os adolescentes passam.

Em Curtindo a Vida Adoidado nos deparamos com um dos personagens mais famosos do cinema da década de 1980, Ferris Bueller (Matthew Broderick). Ferris é um cara legal, popular e muito inteligente, mas que como todo o adolescente, detesta estudar. Ele também é apaixonado por sua namorada Sloane (Mia Sara) e preza muito sua amizade com Cameron (Alan Ruck). No entanto, as pressões a respeito de seu futuro o levam a querer aproveitar ao máximo seu último ano de colégio. E a melhor forma de se livrar de todas as cobranças da escola e de seus pais é tirar um dia de folga, cabulando aula. Assim, Ferris convence sua namorada e seu melhor amigo a cabularem aula com ele, tendo que passar para trás o rígido diretor da escola Ed Rooney (Jeffrey Jones) e sua insuportável irmã mais velha Jeanie ( a ótima Jennifer Grey).

As proezas que Ferris realiza neste dia de folga são de extrema diversão, retratando bem todas as vontades de extravasar de um adolescente de classe média. Desde dirigir uma Ferrari até cantar num carro alegórico, Ferris aproveita ao máximo seu grande dia de folga, tendo ao mesmo tempo de driblar sua irmã desconfiada e o incansável diretor.

As situações mostradas nesse filme são hilárias, principalmente na parte em que Ferris canta a música "Twist And Shout" no desfile da cidade. Outras cenas divertidas ficam por parte da personagem Jeanie, a típica irmã mais velha que só sabe atormentar a vida do irmão, já que no fundo sente um louco ciúme de sua popularidade.


O que torna esse filme tão divertido é como ele se aproxima da realidade da maioria dos jovens. Ferris é o cara que todo mundo quer ser, assim como seus dilemas são iguais aos de todos nessa faixa de idade. Através desse personagem podemos ver o tão comum medo do futuro, assim como a insegurança de perder contato com os amigos de escola. O filme também passa uma mensagem sobre saber aproveitar cada minuto da vida, já que a juventude passa num instante.

Apenas o mestre John Hughes poderia ser o diretor e roteirista desse grande filme. John entendia mais do que ninguém todas as vontades, dilemas e inseguranças dos jovens, e retratava isso de maneira sublime em seus filmes. E foram esses filmes que guiaram as mentes de toda uma geração. É uma pena que ele tenha morrido, deixando um buraco em Hollywood. Podemos ver agora como são pobres e superficiais os atuais filmes desse gênero.

Há outros inúmeros motivos para se assistir Curtindo a Vida Adoidado, mas eles não caberiam nesse comentário. Apenas quem assistiu entende como esse filme é estimado. Mesmo já tendo se passado mais de duas décadas desde sua estréia, Curtindo a Vida Adoidado ainda consegue ser um filme atual, entendendo como ninguém o divertido e complicado universo adolescente.

Nota: 9.0

Cantando na Chuva (1952)



Desde muito, um dos gêneros mais emergentes no meio cinematográfico são os musicais; hoje, porém eles andam um tanto quanto eclipsados por obras mais modernas que fisgam seu público mais pelo material externo, que simplesmente por seu conteúdo e pura magia. Desde muito, os musicais foram um aspecto fílmico que ao mesmo tempo em que atraia muitos fãs, afastava também outros públicos, pois não são todos que gostam de ver músicas e coreografias constantes mescladas em um roteiro cinematográfico. Gostando ou não, esse gênero detém uma importância irreprochável perante a sétima arte e toda a história do cinema em si. Se os musicais concretizaram seu status ao decorrer dos tempos, muito disso se deve a um em particular, lançado em 1952, contendo uma estória aparentemente ingênua, Cantando na Chuva tornou-se um marco definitivo diante esta arte, presenteando-nos com umas das cenas mais famosas entre todos os filmes, e consagrando-se como um clássico indispensável a qualquer um que ame verdadeiramente o cinema.

Além de possuir elementos particulares que garantem entretenimento a todos os públicos até hoje, Cantando na Chuva é mais que um musical, é uma deliciosa sátira percorrendo os bastidores de Hollywood, mostrando o quão difícil para o cinema foi à passagem da filmagem muda para a falada. Gene Kelly protagoniza uma comédia musical leve, didática, que em quesitos de diversão, em nada deve a comédias atuais. Pode-se afirmar que Cantando na Chuva deu um novo gás aos musicais, desencapando o lado apenas romântico (muito presente na Era de Ouro do cinema), e mostrando um ângulo mais cômico e satírico, neste caso com sua própria área de transmissão. O humor aqui é elegante, não se entregando ao ridículo, nem (mesmo 59 anos após sua realização) soando datado para os tempos modernos.

A estória de Cantando na Chuva, narra a vida de duas consagradas estrelas - Don e Lina - do cinema mudo que agora têm que se desdobrar para manter suas famas intactas, mesmo com a chegada dos filmes falados. Don, por sua vez, sai-se bem nesta transição, já Lina encontra dificuldades por possuir uma voz extremamente fina e incomoda aos ouvidos, então para escondê-la do público, ela usa a sonhadora Kathy para dublar sua voz em filmes e apresentações. Entretanto, por ironia do destino, Don que sempre era par romântico de Lina em seus filmes, acaba por se apaixonar por sua dubladora, e fará de tudo para que sua amada tenha o reconhecimento que tanto merece.


Temos aqui uma história de amor plantada em meio de um palco de coreografias fascinantes e números musicais exuberantes, ele serve para açucarar a trama em si, deixando-a como um aspecto mais sentimental e mais palpável para o grande público (sempre adepto a um bom romance). Cantando na Chuva possui cenas memoráveis, bem como uma estrutura narrativa leve e suave, sendo um qualificado entretenimento (para todas as idades) até os hoje. É nítido que Cantando na Chuva manteve-se preservado como a passagem das décadas, fazendo valer sua denominação de clássico, e mostrando até os dias atuais, diferente de muitos outros filmes que recebem esta classificação, seus atributos e qualificações que o consagrarão.

Cantando na Chuva é exemplar de entretenimento delicioso, que representa com maestria os musicais, confirmando o status que imprimiu a seu próprio gênero. Ágil, divertido, dançante e vibrante. Qualidades que fazem frente em um dos títulos mais queridos da história. Hoje, alguns musicais o superaram a nível de qualidade, porém, o filme de Gene Kelly venceu as barreiras do tempo impostas a ele, e prova que, mesmo com mais de meio século desde sua realização, nunca deixará que o tempo apague sua estrela.

Nota: 8.0



quarta-feira, 27 de abril de 2011

Inverno da Alma (2010)


A ousadia e a identidade própria sempre foram algo extremamente representativo para toda a arte; não apenas no meio cinematográfico, em sua representação de imagens e sons, mas também, na literatura, nas artes plásticas e em todo o círculo de expansão expressiva. Artistas em todo o mundo, e de todas as épocas destacaram-se por destilarem a suas obras características próprias que tornam-no independente. Este mesmo princípio é usado para classificar películas cinematográficas que se se apresentam a uma margem significativa do cinema comercial, sendo assim, trata-se de produções de custo menor, filmadas de maneira mais crua e contendo uma trama não convencional.

Inverno da Alma encaixa-se a essa categoria, sendo este um filme que escapa dos padrões comerciais, que apresentam estórias mais acessíveis e maleáveis para o grande público (há exceções, claro). Por fugir dos maiores holofotes, a produção destacou-se mais em festivais, fisgando mais a atenção da crítica especializada, e é claro, dos mais ávidos a este tipo de cinema. Inverno da Alma é um filme forte, não que contenha cenas com maior teor de violência explícita, mas pela experiência psicológica que ele submete seu espectador, passando por uma espiral de agonia e pressão durante toda sua projeção.

Na trama, Ree é uma jovem de 17 anos que, diferente da maioria de sua idade, não vai a festas, não se diverte e não namora, ela passa todo o tempo cuidando de sua família – irmãos e mãe. Por decorrência de certos problemas tem com a justiça, seu pai usa a casa como garantia, Ree é então avisada de que, sua residência será tomada caso seu pai não retorne para prestar contas com a lei. As únicas alternativas que a moça possui para salvar sua casa é apresentar seu pai as autoridades, ou provar a elas que ele está morto. Então, dar-se início a uma perigosa jornada, em que Ree investigará o que realmente aconteceu com seu pai.


Embora pareça se seguir como um suspense investigativo corriqueiro, a narrativa de Inverno da Alma trilha um caminho mais imprevisível do que o suposto. A investigação guiada pela jovem, acontece muito a frente do que a linha de tempo permite-nos acompanhar, isso porque, até a protagonista sabe mais sobre toda a trama do que nós espectadores, não há - como na maior parte dos filmes investigativos - uma troca mútua de perguntas e respostas, na qual o protagonista vai descobrindo os eventos do caso ao mesmo vamos investigando junto com ele, e sobre a trama que esta sendo repassada, sabemos o equivalente ao que ele sabe – ou tenha descoberto. Mas aqui a intenção não centralizar-se apenas no cenário do desaparecimento e da investigação, e sim mostrar a determinação de uma única garota em prol do bem de sua família.

O cenário no qual a estória se ambienta é totalmente introspectivo e hostil. A frieza que os fatos e eventos vão se desencadeando conferem ao filme uma dinâmica nula com seu espectador, tanto sobre o que ele está observando, quanto pelo que ele está sentindo. Este é o maior problema de Inverno da Alma, ao apresentar-se por sua maneira gélida e realista de demonstrar todos os fatos de sua narrativa, ele acaba firmando-se - a todo o momento - numa posição defensiva, contra qualquer aproximação que o espectador possa vir a fazer durante a projeção.

Mesmo que possua uma história densa, cruel, e seja pontuado com uma atuação grandiosa da novata e talentosa Jennifer Lawrence, o que faltou realmente em Inverno da Alma foi uma conexão - sentimental e interativa - mais precisa que ele poderia fazer com seu público. Infelizmente, por isso não ocorrer, e ele acabar promovendo uma frieza e distância quilométrica com quem o assiste, o filme ficou aquém do que sua capacidade poderia o alçar, ficando dessa forma, disperso na gelidez de sua própria trama e na sensação de vácuo que provoca no espectador ao fim de sua sessão.

Nota: 6.0



Assassinato em Gosford Park (2001)


Último grande filme do genial Robert Altman com um elenco talentoso e uma história intrigante.

À morte do diretor Robert Altman (M.A.S.H., Short Cuts), é incalculável o quanto o cinema internacional perdeu. Altman sempre foi um gênio na direção, elaborava excelentes roteiros e era capaz de surpreender com suas histórias envolventes e formidáveis. Com sua última grande produção, Altman foi além do que estava acostumado a fazer, e antes de partir, levou o tão merecido Oscar.

Assassinato em Gosford Park, além de uma intrigante história, conta com um elenco afiadíssimo. Entre veteranos e principiantes, destacam-se as damas Helen Mirren, Maggie Smith, Kristin Scott Thomas, o "senhor" Michael Gambom, e os ingressantes, Kelly MacDonald, Clive Owen e Ryan Phillippe. Todos estão muito competentes em seus respectivos papéis, com ares às vezes, submissos e outras vezes, superiores. Isso se deve ao fato do filme se sustentar em cima do dilema que as classes sociais eram nos anos 30.

Sir William McCordle (Gambom) e Lady Sylvia (Scott Thomas) convidam vários amigos para passarem um final de semana em sua belíssima mansão de campo. Durante a estadia, os convidados apreciarão uma caçada, jantares festivos e chás da tarde. Cada um desses esnobes convidados levarão consigo seus respectivos empregados. Estes, se amoltoam nos andares de baixo da mansão, juntos com os criados dos anfitriões, enquanto os seus patrões desfrutem dos luxuosos e espaçosos aposentos dos andares de cima. De uma maneira incrível, o roteiro de Altman nos mostra a vida de riqueza das condessas, produtores de filmes, heróis de guerra simultaneamente com a vida simples e humilde dos cozinheiros, copeiros e faxineiros. Servindo de comparação e para causar um impacto ainda maior, o roteiro sugere as diferenças entre as duas camadas sociais de uma forma mais ampla. Não de propósito, essas vidas acontecem muito pertas umas das outras, todas no mesmo lugar, na mesma mansão. As características que nos são apresentadas junto com a aparição de seus personagens parecem mudar ao longo que a história vai tomando seu rumo. "Nada é o que parece". Essa parece ser a frase mais útil para explicar tal momento do filme, já que tudo que pensávamos ser, não é mais.


Misteriosamente, o anfitrião McCordle é encontrado morto em seu escritório. Daí em diante, todos são suspeitos. Como de prache, a culpa cai por cima dos empregados, mas nem mesmo os próprios convidados seriam liberados pela polícia. Esse mistério se estende até o final quando é revelado o verdadeiro assassino. Até lá, personagens vazios vão ganhando importância e suas histórias são conectadas a de outros personagens, explicando assim, a existência dos mesmos.

Os belos cenários de Stephen Altman e Sarah Hauldren são grande destaque do longa e marcam o luxo dos aposentos dos convidados e a precariedade dos aposentods dos criados. Com os figurinos acontece o mesmo, desde vestidos lindos e caros até qualquer trapo, tudo vira uma obra de arte nas mãos da competente Jenny Beavan.

Entre as interpretações, vamos destacar as indicadas ao Oscar de Coadjuvantes, as duas veteranas inglesas Maggie Smith e Helen Mirren, onde a primeira é responsável pela parte humorística do filme e a segunda pela parte misteriosa. As duas dão shows de interpretação e mostram à que vieram.

Robert Altman se foi, mas vai fazer muita falta. Sua genialidade, criatividade, tudo ficará na memória de todos para sempre, e Assassinato em Gosford Park, nada mais é do que uma bela herança de um dos melhores diretores de todos os tempos.

Nota: 8.0


terça-feira, 26 de abril de 2011

Pânico 4 (2011)


Há mais de dez anos atrás, mas precisamente no ano de 2000 quando foi lançado o terceiro filme da série Pânico, tudo parecia ter acabado para aquela conceituada saga. Aos olhares do público, e inclusive dos próprios fãs da cine-série, Wes Craven havia fechado as cortinas para uma das franquias de horror mais famosas do cinema moderno. Pânico 3 foi um filme que, mesmo que encerrasse tudo aquilo como a última parte de uma trilogia deve ser, deixou em seu público um inevitável dissabor para com a conclusão de tudo aquilo. Como se algo tivesse faltando, como se uma porta não houvesse sido realmente trancada. Porém, o anúncio de que um quarto filme seria lançado animou a todos os apreciadores da saga, e Pânico 4 nasceu com uma função determinada em suas costas, isso porque, de duas uma: ou ele elevava o status da franquia e concluía aquele ciclo de uma maneira mais satisfatória, ou ele simplesmente jogava a série no fundo poço.

Felizmente (ou infelizmente para os detratores da saga), Pânico 4 contornou todos os equívocos providenciados pelo capítulo anterior, e mais que isso, ele chegou as telas proporcionando diversão e nostalgia a toda a geração que admirava as investidas do assassino “Ghostface”. O maior benefício de Pânico 4 foi ter nascido através da parceria que deu vida a toda a saga em si, pois aqui nos podemos contar com o roteiro de Kevin Williamson apoiado a direção de Wes Craven, o que, além de trazer uma segurança e fidelidade maior a obra original, remete o público a uma saborosa nostalgia fruto do longínquo ano de 1996. Pânico 4 se alimenta de tudo aquilo que funcionou no primeiro filme, de uma forma benéfica, na qual as antigas regras implantadas outrora, agora já não são de qualquer valia, e salvam mais a pele de ninguém.

A trama inicia-se no aniversário de dez anos do massacre de Woodsbooro, e durante essa data, Sidney Prescott (Neve Campbell) retorna a cidade com o objetivo de divulgar uma obra de sua autoria, um livro de auto-ajuda. Ela então retoma contato com seus amigos, Dewey (David Arquette), agora Xerife do local, e Gale (Courteney Cox), que vive frustrada pelo bloqueio mental que está passando, não conseguindo escrever mais nada. Porém, durante esta vinda ao local, o velho fantasma de seu passado volta para atormentá-la, pois o assassino “Ghostface” começa a providenciar uma matança inspirada nos eventos do primeiro filme, criando uma espécie de remake dentro de todo aquele novo massacre.

Kevin Williamson e Wes Craven ataram todas as pontas para conectar as fórmulas que funcionaram perfeitamente durante o sucesso da franquia no fim dos anos 1990 para modelá-las de uma maneira que Pânico pudesse se adaptar as vontades e modas presentes nessa nova geração adolescente. E, toda a franquia foi direcionada sempre para eles, os jovens, apresentando sua maneira de viver e de se implantar em seu próprio círculo etário; dessa maneira, Pânico promoveu um novo gênero que explodiu perante o gênero horror, o “terror adolescente”. Dessa forma, Pânico 4 nutre as fórmulas do primeiro capítulo para estabelecer algo nostálgico ao público mais calejado na franquia, e da mesma maneira, servir como atrativo a esta geração mais moderna.


Outro ponto que merece saliência em Pânico 4, é o resgate dos antigos atores da série, pois chegar a ser prazeroso acompanhar mais uma trajetória do trio sobrevivente dos massacres, mais do que isso, este quarto episódio fornece o texto de Kevin Williamson, que por ser o criador da série possui um vínculo mais profundo com esta, e nenhum nome seria mais adequado para assinar este roteiro senão o dele próprio. Da mesma forma que construiu êxitos com as artimanhas criadas em Pânico, Williamson sabe como agradar os apreciadores da série, portanto todas as fichas de Pânico 4 se sair bem deviam-se totalmente a ele. E, mais uma vez, o roteirista não decepcionou.

Porém, Pânico 4 não destaca-se apenas pelo horror, e sim pela comédia. Isso mesmo. Não que seja propriamente uma comédia, mas o foco dessa produção é satirizar os insistentes padrões que tanto se propagam por entre o gênero terror. Dessa maneira, Pânico 4 arranca risadas por converter o corriqueiro presente em títulos atuais do gênero, em algo benéfico ao próprio filme, pois, mesmo que o primeiro filme da franquia já tenha feito isso de maneira mais correta e original, este quarto capítulo consegue divertir e ironizar dinamicamente a própria categoria a qual pertence, e permanecer seguro e interessante durante toda a sua projeção.

Pânico 4 foi a luz no fim do túnel para a própria saga e para quem a aprecia, pois o que temos aqui é um exemplar de filme divertido, que além de conseguir estabelecer como um entretenimento de real qualidade, cumpre a tarefa de contornar todos os equívocos deixados pelo capítulo anterior. Este capítulo não tem a pretensão de ser original ou reinventar algo como fez o primeiro filme. Absolutamente. Este filme foi criado como um presente muito bem vindo para os fãs e para uma nova geração de possíveis admiradores. Entre seus erros e virtudes, Pânico 4 cumpre o que propõe, trazendo de volta não somente os clichês e as antigas fórmulas, mas principalmente os atrativos que tornaram esta série tão irresistível.

Nota: 7.5


Pânico 3 (2000)


Pânico é um tipo raro de filme que conseguiu aplicar as regras presentes no filme na própria vida real dos envolvidos no projeto, isso porque, da mesma forma em que cada assassino de cada filme aproveita o legado deixado pelo anterior para cumprir um novo massacre, Wes Craven se pendura nos feitos de uma obra anterior para realizar a seguinte. Digo isso por Pânico 3 ter nascido de uma investida lucrativa, algo que certamente renderia bons números em sua bilheteria, este é um dos tradicionais capítulos que não precisavam ter sido produzidos, ou pelo menos, não com tanta antecedência.

É certo que o intervalo entre o primeiro e o segundo filme da saga foi de apenas um ano (!), e mesmo que Pânico 2 tenha sido uma seqüência digna de seu antecessor, é nítido que esse curto período de tempo afetou nas projeções que o filme poderia alcançar. O terceiro capítulo teve mais oportunidades que o segundo para ser bem sucedido, uma vez que o tempo entre esses dois foi de três anos contra apenas um ano entre os dois primeiros filmes. Porém, um fator determinante impediu que Pânico 3 fosse superior aos dois anteriores: Kevin Williamson. Afinal, como poderiam querer adquirir a qualidade dos primeiros títulos da franquia, se não contassem com um roteiro escrito por aquele que a fundou? Este foi o ponto que tornou o terceiro filme obscurecido por sua inferioridade ao primeiro e segundo filme da série.

Mesmo que o desfecho da trilogia seja dotado de imprevisibilidades, assim como as próprias regras e o trailer do filme sugerem, o filme utiliza fórmulas realmente não condizentes com os elementos que tanto agradavam em Pânico. Neste aqui, as tentativas de fabricar a tensão no público são desfocadas por estórias que simplesmente não convencem em seu desenvolvimento, em especial, a trama reveladora sobre a mãe de Sidney, que, mesmo que seja um importante personagem para a saga, certas revelações de seu passado soam forçadas e são apenas táticas utilizadas para esquematizar as surpresas e reviravoltas da estória.


Pânico 3 ata laços com os anteriores por conduzir a mesma trajetória dos três sobreviventes do massacre a mais um novo sangrento capítulo em suas vidas. Aqui, Sidney, após os eventos do segundo filme, refugia-se em uma casa isolada temendo possíveis ataques e pressões da mídia, todo o lugar que vive é cercado com todas as medidas de precaução, em decorrência da paranóia da jovem. Após um dos atores do filme “Stab 3” ser assassinado, a velha lembrança do mascarado retorna aos sobreviventes dos massacres anteriores, e diferente do que acontecera antes, este assassino não segue apenas a linha dos filmes de terror, ele “cria” sua próprio filme de terror.

O exercício de metalinguagem permanece ainda vitalício, mostrando que o terceiro filme ainda preserva algumas raízes que deixaram a franquia tão famosa. Entretanto, o maior equívoco em Pânico 3 encontra-se inevitavelmente em seu roteiro, que emprega artifícios que não atam as pontas como os outros faziam com brilhantismo. A começar por suas artimanhas de provocar o medo e a tensão no público, o roteirista falha ao incluir tipos de elementos que simplesmente não funcionam com o que Pânico já propôs, como exemplo a cena do pesadelo de Sidney com sua mãe (em uma nítida referência ao clássico A Hora do Pesadelo [1984], também de Wes Craven), e entre outras tantas cenas que definitivamente não colam com a atmosfera que Pânico ostentou durante seus primeiros dois episódios.

No fim da projeção, a sensação de desgosto é inegável, não apenas por ter ficado muito aquém de seus antecessores, mas também por ter rompido algumas fórmulas que antes, se sucediam tão bem na saga. Pânico 3 possui ótimos momentos de tensão, além é claro, da habilidade de Craven em fornecer os momentos de tensão sempre instigantes que movem o público a ativa investigativa, e esses fatores reduzem um pouco os equívocos providenciados por este exemplar aqui.

No fim, toda a experiência que Pânico 3 proporciona a seu público pode ser resumida em uma palavra: Decepcionante.

Nota: 5.0


Pânico 2 (1997)


No cinema, quando um filme torna-se um sucesso em seus números de bilheteria e, além disso, arrecada para si inúmeros elogios do público e da crítica, é certeza que desse exemplar sairá uma seqüência. E como todo caso é um caso, Pânico não fugiu dessa regra. Em 1996, o slasher criado por Kevin Williamson e comandado por Wes Craven explodiu em um sucesso imediato, devendo esse fator a sua originalidade e inteligência ao lidar com os clichês e regras habituais de seu próprio gênero. Até hoje, são poucas as pessoas que se pode dizer nunca ouviram falar desse filme, a prova disso é que se mostrarmos a famosa máscara do “Ghostface” certamente qualquer um que a veja irá associá-la a um dos maiores êxitos da década de 1990.

Pânico 2 chegou as pressas no cinema, ele precisava saciar seu público com mais uma frenética estória de assassinatos e mistérios, o tempo de intervalo entre o primeiro longa e sua seqüência foi de apenas um ano, e mesmo que divertisse e aterrorizasse seu público, esse segundo capítulo dificilmente proporcionaria a qualidade que o original providenciou. Estávamos certos. Pânico 2 não superou seu antecessor, mas isso não o fez ser um filme ruim, pelo contrário, essa é sim uma seqüência que podemos chamar de digna. Kevin Williamson merece os méritos por isso, pois ele conseguiu atar de forma brilhante os acontecimentos do primeiro as tramas e subtramas do segundo filme. Um trabalho que, convenhamos, já é digno de merecimentos.

Pânico 2 se sustenta nos ganchos deixados pelo primeiro filme para elaborar sua trama. O exercício de metalinguagem continua intacto, uma vez que esta seqüência utiliza das regras impostas pelo seu gênero, para dessa maneira criar algo novo, em outras palavras, original. Enquanto no primeiro filme, o assassino trazia seu fascínio por filmes de horror ao elaborar os assassinatos, em Pânico 2, o “Ghostface” ataca novamente, só que aqui ele pretende dar continuidade ao que foi deixado pelo(s) assassino(s) do filme anterior, sendo assim, as mortes aqui são premeditadas de acordo com as frestas que foram deixadas pelos acontecimentos do primeiro longa.


Pânico 2 narra seus eventos seguindo a risca os elementos primários presentes em uma continuação, como as regras citam: 1) No segundo filme, o número de mortes é sempre maior; 2) As cenas de assassinato são melhor arquitetadas; Williamson acerta nestes detalhes para criar um segundo capítulo consistente, ainda dotado com inteligência e bom humor costumeiros. A trama se passa um ano após o massacre em Woodsbooro, a repórter Gale Weathers escreveu um livro sobre os acontecimentos e este foi adaptado as telas; então na pré-estréia do longa, dois jovens são assassinados, “revivendo” o antigo horror, e acabando com a paz de Sidney, que havia se mudado para esquecer dos fantasmas passados.

A maior falha do segundo filme encontra-se no fato de ter sido arquitetado em um ano, e com isso, inevitavelmente, algumas pontas continuaram sem muito sentido, limitando as capacidades que essa continuação poderia chegar. Certos personagens são pouco explorados pelo filme, e, diferente do primeiro, aqui eles parecem deslocados quanto a sua posição nos eventos. Para citar, a identidade de determinado personagem como o “Ghostface” pareceu completamente desfocada, servindo mais como um esquema programado pelo roteiro para aderir alguma função ao sujeito.

Por decorrência a essa falha, e outros equívocos em seu ritmo narrativo (que por vezes torna-se monótono, coisa que não ocorria no primeiro), Pânico 2 torna-se uma sombra menor de seu antecessor. Mas, embora isso ocorra, o que temos aqui ainda é uma obra deliciosa de ser acompanhada, que ganha pontos também por conseguir não estragar os méritos conquistados por seu antecessor (algo muito habitual em continuações). Seja como for, este é um acerto da bela parceria entre Williamson e Craven, algo que resultou em uma franquia que, mesmo que hoje não seja tão apreciada por seus atributos cinematográficos, é certamente querida pela marca que cravou em toda uma geração.

Nota: 7.0


Poesia (2011)



Quem é a figura do artista? Ele é aquele que cria a beleza? Ou aquele que se permite enxergar a beleza nas coisas que o cotidiano torna prosaico? Talvez seja uma redescoberta de si mesmo e a expressão dessas novas perspectivas para o outro. Contudo, por vezes, o artista precisa aprender a lidar com a realidade e todos os infortúnios que emergem da convivência em sociedade.

Em Poesia (Shi, 2011, Chang-dong Lee), conta-se a história de Mija, uma senhora que ganha a vida como cuidadora de um idoso e que passa os dias cuidando do seu neto e que descobre na poesia uma forma de (re)conhecer o mundo que lhe passava despercebido de uma nova forma. Em um curso, ela recebe a incumbência de escrever, em um mês, um poema sobre algum tema que, de alguma forma, lhe toque profundamente. Em paralelo, um corpo de uma garota de um colégio local é descoberto em um lago e o grupo de seis amigos do qual seu neto faz parte torna-se o principal suspeito de terem estuprado a garota por meses, até ela ter se suicidado.

A fim de conquistar seu espectador para aquele universo extremamente humano, em que as ações se alternam em uma afirmação e uma negação de sua humanidade, Lee orquestra com destreza todos os elementos que tem a seu dispor. Com um roteiro que investe na investigação das nuances de suas personagens, o diretor conduz seu espectador como se segurasse sua mão e lhe convidasse para ver os recônditos mais íntimos dos seres humanos, por mais tristes e decepcionantes que pudessem ser os atos que eles estivessem cometendo. Da mesma forma, a trilha sonora surge de forma singela e pontua esse caminho, assim como a fotografia enfatiza o colorido e a beleza do mundo e as texturas de seres humanos que precisam extenuar suas forças para encontrar novamente essa beleza. Mesmo com essa carga de elementos à seu favor, Lee não enfatiza excessivamente nenhum deles, mas os dispõe a serviço da história que está contando, deixando o espaço livre para que Jeong-hee Yoon cativar seu espectador com sua imensa sensibilidade e humanidade. A talentosa atriz consegue demonstrar a simplicidade daquela senhora e sua preocupação em abrir seus olhos e se permitir a construção de um poema, por mais simples que ele possa ser.

A beleza das vidas e mortes - reais ou simbólicas - de Mija e de Agnes, a menina suicida, reside no potencial de tudo o que poderiam ser e que, pelo sufocar da vida, terminou não se cumprindo. Por mais que Mija concluísse seu poema, será que ela poderia encontrar novamente a beleza, dentro de si ou no mundo? Onde começa e pode terminar a nossa sensibilidade diante daqueles ou daquilo que acreditamos amar? O que nos torna inocentes ou culpados diante de um universo que parece, por vezes, ter nos criado para estar à deriva dos nossos sentimentos e atitudes, sem uma possibilidade de redenção?

Nota: 10.0


Rocky, Um Lutador (1976)


Rocky Um Lutador é daqueles raros momentos cinematográficos em que você se pega extasiado e totalmente mergulhado em um contexto social tão bem construído e conduzido por um diretor. Sua história é uma das mais tocantes e sinceras que tive o prazer de acompanhar, conseguindo com maestria e perfeição, tudo o que propunha desde o inicio, sensibilizar e passar uma bela mensagem através de seu célebre protagonista.

Rocky Balboa é o nome de um dos maiores personagens já criados no cinema, que carrega consigo um apelo emocional muito forte e capaz de atingir a todos, com seu coração gentil encoberto por músculos, suor e cara feira. Definitivamente, Rocky Um Lutador não é apenas um filme de boxe, mas sim um grande drama, que ainda tem como características principais, uma trama repleta de energia e emoção, misturando ação e romance de uma forma maravilhosa.

Em 1976, Sylvester Stallone estava relegado a papéis medíocres em Hollywood, onde se encontrava no fundo do poço, literalmente. O ator até então com 30 anos tinha um enorme dom, que era personificado através da escrita. Após assistir a uma luta de boxe, envolvendo talvez o maior lutador de todos os tempos, Muhammad Ali contra Chuck Wepner, conhecido no mundo do boxe como Bayonne Bleeder, Stallone teve a maior idéia de sua vida.

Poucos tinham chances contra Ali, e por um breve momento Bleeder acertou uma direita nas costelas de Ali, derrubando-o, fazendo que todos ficassem surpresos com tal fato. Stallone só precisou disto para pensar em uma história referente a tal fato, e escrever o roteiro de Rocky Um Lutador.

Em apenas 3 dias, Stallone escreveu o roteiro do filme e criou todo o universo de Rocky. Aquele breve momento de glória do lutador inferior, serviu como um catalisador para as idéias de Stallone. O roteiro que o ator escreveu tinha cerca de 90 páginas, e se encontrava bastante cru ainda. Cerca de 15% deste original foi para o filme, com muitas mudanças sendo feitas ao longo das filmagens.

Após escrever o roteiro, Stallone tinha que vendê-lo, e não foi uma tarefa fácil. Todos os produtores que chegaram a se interessar queriam somente o roteiro e não utilizar Stallone, porém o ator exigia que ele mesmo interpretasse seu protagonista. Muitas propostas foram feitas ao ator, onde chegou a recusar cerca de R$ 200 mil dólares para não atuar como Rocky.

O ator estava obstinado a viver o personagem que criou se baseando em sua própria vida, repleta de dificuldades e barreiras que deve superar a cada dia. Os produtores Robert Chartoff e Irwin Winkler resolveram dar uma chance ao ator e além de comprarem o script, escalariam o ator como estrela máxima do filme.

O diretor Jhon G. Avildsen, velho amigo dos produtores, foi escalado para dirigir. Avildsen utilizou-se de toda sua experiência para criar um mundo bastante eficiente, que serviria de pano de fundo para o desenvolvimento de suas personagens. O diretor e Stallone eram inseparáveis nas filmagens, onde mudavam constantemente o roteiro e decidiam o que iriam fazer em cima da hora.

As filmagens foram bastante rápidas, cerca de 28 dias todo o filme tinha sido rodado, com a maioria de suas locações sendo realizadas na Filadélfia. O orçamento do filme era muito baixo, o que trouxe vários empecilhos à equipe e aos atores. Estima-se que o orçamento do filme ficou na casa de R$ 500 mil dólares, um valor irrisório perto do que se tornaria famoso o filme e seus personagens. Os atores não possuíam camarins, e tinham que se trocar em vans, além ainda da maioria dos figurinos dos personagens, serem roupas pessoais, dos próprios atores.

As dificuldades financeiras também abalaram o roteiro e seu andamento, com várias cenas tendo que ser modificadas. Um exemplo é a cena do rinque de patinação, onde no roteiro era previsto que o mesmo estivesse lotado, mas por causa da falta de verbas, apenas Rocky e Adrian patinam. Outro fato bastante inusitado fora um pôster enorme, que seria pintado e colocado no alto do ginásio, mostrando Apollo e Rocky. Porém quem o pintou, trocou as cores do calção de Rocky, e este fato acabou tornando-se uma piada dentro do filme.

Na luta entre Rocky e Apollo, os ‘figurantes’ que acompanham o embate são na verdade cidadãos comuns, que aceitaram participar das filmagens em troca de um almoço, que iria ser servido após o término das filmagens. Muitas tomadas de Avildsen da grande luta, possuem a impressão de serem escuras de mais, mas isto foi feito de caso pensado. As luzes das arquibancadas foram apagadas para não revelar a falta de público, que somente ficava rodeando o rinque, gritando e gesticulando.

Stallone trouxe seu cachorro para as filmagens, e o mesmo aparece nos dois primeiros filmes da saga. Muitas curiosidades cercam a relação de Stallone com seu cachorro, tendo em vista que moravam juntos, e devido a seu tamanho, situações delicadas e constrangedoras acompanhavam a dupla. Seu irmão, Frank Stallone, compositor e cantor também aparece na maioria de seus filmes, bem como seu pai, em uma ponta no final do filme, tocando o sino da luta.


Os personagens secundários são de extrema importância para o desenvolvimento do protagonista, onde todos possuem um peso balanceado dentro da trama, influenciando diretamente a vida de Rocky. Burt Young como Paulie, irmão de Adrian, é fenomenal e eficiente em cena, conferindo ao seu personagem uma das mais complexas e interessantes personalidades, características que lhe garantiu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.

Pena que estes elementos interessantes tenham se perdido ao longo dos filmes, tornando o personagem um simples alívio cômico. O personagem de Young volta a se destacar no sexto filme da saga, em 2006. O veterano Burgess Meredith interpreta o treinador de Rocky, Mickey, sendo uma figura quase paterna do protagonista, e de grande importância em sua trajetória e desenvolvimento.

São atores como este que transformam uma cena qualquer em um grande momento, transmitindo emoções e as mais diversas sensações ao público. O que dizer da discussão de Mickey e Rocky, na casa do lutador? E da briga de Paulie e sua irmã Adrian? Momentos assim, tão sinceros estão presentes em peso nesta fantástica obra cinematográfica. Reflexões, momentos solitários do protagonista, conversando com suas tartarugas e se olhando ao espelho, cenas assim dispensam comentários.

Talia Shire, irmã do grande cineasta Francis Coppola, vive com maestria e simpatia Adrian, uma tímida garota do bairro, que aos poucos vai mostrando pelo que veio, tornando-se uma das principais personagens da obra. Seu desenvolvimento é feito aos poucos, com Rocky retirando toda sua timidez através de diálogos estranhos, sem sentido e muito das vezes, ridículo. Mas é neste clima romântico, que o casal se une, de forma bela.

Rocky Um Lutador é um filme romântico, que por trás de seu clima pesado, escuro e sujo, existe amor, carinho e emoção. Os personagens Rocky e Adrian desempenham muito bem estes sentimentos. A cena que se passa na casa do lutador, após saírem do rinque de patinação é inesquecível. Os diálogos, quase monólogos são perfeitos e sinceros. A impressão de realidade é muito forte, e isto contribui para deixar o filme mais forte ainda.

Carl Weathers foi escolhido para viver o campeão mundial Apollo, o rival de Rocky. O ator entrega um personagem magnífico, que mesmo com o pouco espaço para seu completo desenvolvimento, transmite uma forte sensação de poder e status de maioridade. Seu personagem é aprofundado mais pra frente, onde ganha destaque e maior espaço no terceiro filme.

Mesmo sendo teoricamente o vilão do filme, o rival do herói, seu personagem transmite carisma, e isto se dá graças à ótima interpretação de Weathers. Não sentimos raiva de seu personagem, torcemos para que Rocky o vença por todas as dificuldades que o mesmo enfrentou, e não por falta de escrúpulos e personalidade do rival, como aconteceria mais tarde com outros oponentes de Rocky.

A trilha sonora de Bill Conti seria imortalizada, com a canção Gonna Fly Now sendo executada milhares de vezes em 77. Ver Rocky em seu treinamento, com a canção ao fundo é garantia de emoção. A adrenalina sobe e recarrega as energias não apenas do protagonista, mas também do telespectador. A canção ainda apareceria em mais 4 filmes do lutador.

Vencedor do Oscar na categoria Melhor Edição, Rocky Um Lutador se mostra uma produção extremamente precária, sendo facilmente percebido estes elementos, porém de emoção garantida na dose certa. A edição é eficaz, conferindo o tom certo as cenas, seja de ação, romance ou drama. Tudo está em seu devido lugar.

Vencedor do Oscar de Melhor Filme de 76, como também entregando a estatueta de melhor Diretor à Avildsen, Rocky Um Lutador é um filme que marcou toda uma geração, com sua lições de superação, transmitida por um personagem qualquer, que poderia muito bem se assemelhar com qualquer pessoa. Um personagem que venceu todos os obstáculos com garra, persistência , força de vontade e superação. Rocky é tudo isto e mais um pouco.

Sylvester Stallone merecia receber o Oscar de Melhor Ator, categoria que foi indicado mas injustamente não conquistou. É a melhor atuação de sua carreira. Rocky é ele mesmo, a vida do lutador é um reflexo de sua própria vida, e todas as dificuldades enfrentadas pelo lutador, também fora enfrentada pelo ator. Pelo roteiro original e sua atuação magnífica, a academia errou feio em não conceder a honraria.

Rocky Um Lutador é um filme vitorioso. Como seu protagonista e o próprio Stallone, teve que lutar contra os mais terríveis obstáculos para ser rodado e lançado, pela falta de dinheiro e estrutura. Mas conseguiu se sagrar e conquistou seu espaço na história cinematográfica de Hollywood. Conquistou o prêmio máximo, e isto ninguém pode lhe tirar. Suas atuações acima da média, o clima magnífico, as canções belíssimas, o fantástico roteiro original, todos estes elementos permitiram que este filme chegasse aonde chegou.

Nota: 10.0